7 de jul. de 2014

Duas grandes notícias para o 'nosso' mundo!

BRICS chegam a um consenso sobre a criação do banco conjunto de desenvolvimento– diplomata da China

VoR, 7 de julho de 2014

BRICS states reach consensus on creating joint development bank - China's diplomat
© Colagem: Voz da Rússia

Os cinco países dos BRICS chegaram um amplo consenso sobre seu banco de desenvolvimento de US $ 100 bilhões, apesar de algumas diferenças permanecerem, disse na segunda-feira o Vice Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Li Baodong antes de um encontro no Brasil na próxima semana a ser atendido pelo Presidente Xi Jinping.

O novo banco simbolizará a influência crescente das economias emergentes na arquitetura financeira global há tempos dominada pelos Estados Unidos e Europa, através do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

Os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul esperam assinar um tratado para lançar oficialmente o banco, quando se encontrarem em uma reunião de cúpula dos BRICS na cidade de Fortaleza, no nordeste brasileiro, em 15 de julho.

Um funcionário sênior do governo brasileiro disse em maio que as cinco nações BRICS iriam provavelmente concordar em financiar o banco igualmente, dando-lhes os mesmos direitos, relatou a agência de notícias Reuters.

O novo banco de desenvolvimento ajudaria a cobrir a crescente demanda para projetos de financiamento que não sejam inteiramente cobertos por multilaterais globais, que, durante anos, foram fortemente criticados por se intrometer nas políticas nacionais de clientes soberanos.

Os BRICS também precisam decidir se o banco irá basear-se em Nova Deli, Xangai, Joanesburgo ou Moscou. O Brasil não oferecerá sede por causa das eleições presidenciais, o que poderiam atrasar as negociações, disse o oficial brasileiro.

A Argentina foi convidada a participar da sexta cúpula dos BRICS, que terá lugar em julho, na cidade brasileira de Fortaleza. O país irá juntar-se ao bloco das grandes economias emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em conjunto representam quase tanto quanto um quarto da economia do mundo.

A Rússia divulgou a notícia após a recente reunião realizada entre o Ministro do Exterior desse país Sergei Lavrov e seu homólogo argentino Héctor Timerman, que resultou na assinatura de uma declaração conjunta sobre a não-proliferação de armas no espaço sideral.

Timerman, da Argentina, salientou que a "associação estratégica" entre os dois países "é baseada em uma visão comum sobre a essência das relações internacionais, valores e objetivos comuns de bem-estar que ambas as nações estão construindo."

Os funcionários têm discutido as políticas globais e regionais, "assumindo que os conflitos internacionais teriam uma solução sustentável" se os líderes políticos trabalhassem em direção "ao reforço de um sólido sistema multilateral baseado na cooperação e mútua colaboração e na não-intervenção nos assuntos internos dos Estados-Membros através de meios econômicos, políticos ou militares."

Particularmente, Timerman "salientou a posição da Argentina contra o duplo padrão", referindo-se ao fato de que as potências ocidentais denunciaram o referendo recentemente realizado na Crimeia enquanto as mesmas partes apoiaram o voto em 2012 nas Ilhas Malvinas quando seus habitantes reafirmaram sua decisão de permanecer britânicos.

Sergei Lavrov disse que o líder russo Vladimir Putin provavelmente encontrar-se-á com a Presidente Cristina Fernández de Kirchner e outros chefes de Estado latino-americanos durante a próxima visita de Putin à região.
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BRICS se transformam em aliança anti-dólar

Valentin Mândrăşescu, VoR, 3 de julho00:30

BRICS morphing into anti-dollar alliance
ФОТО: РИА НОВОСТИ
Antes da crucial visita a Pequim na próxima semana, a diretora geral do Banco Central russo Elvira Nabiullina encontrou-se com Vladimir Putin para apresentar relatórios sobre o andamento do acordo de troca usando as moedas rublo e yuan programado com o Banco Popular da China. O Kremlin usou a reunião para comunicar ao mundo os detalhes técnicos de sua aliança internacional anti-dólar.

Em 10 de junho, Sergey Glaziev, conselheiro de economia de Putin, publicou um artigo descrevendo a necessidade de estabelecer-se uma aliança internacional dos países dispostos a livrar-se do dólar no comércio internacional e a abster-se de usar dólares como sua moeda de reserva. O objetivo final seria quebrar a máquina de impressão de dinheiro de Washington que está alimentando o seu complexo industrial-militar e dando os EUA amplas possibilidades para espalhar o caos em todo o mundo, alimentando as guerras civis na Líbia, Iraque, Síria e Ucrânia. Os críticos do Glaziev acreditam que tal aliança seria difícil de se estabelecer e que a criação de um sistema financeiro global não baseado no dólar seria extremamente desafiador do ponto de vista técnico. No entanto, em sua conversa com Vladimir Putin, o Chefe do Banco Central russo revelou uma elegante solução técnica para esse problema e deu uma dica clara com relação aos membros da aliança anti-dólar que está sendo criada com os esforços de Moscou e de Pequim:

"Pusemos bastante trabalho no acordo de troca usando rublo e yuan a fim de facilitar o financiamento do comércio. Eu tenho uma reunião na próxima semana em Pequim", ela disse casualmente, e em seguida largou a bomba: "Estamos discutindo com a China e nossos parceiros dos BRICS o estabelecimento de um sistema de trocas multilaterais que permitirá a transferência de recursos para um ou outro país, se necessário. Uma parte das moedas de reserva pode ser dirigida para [o novo sistema]". (fonte da citação: agência de notícias de Prime)

Parece que o Kremlin escolheu a abordagem compreensiva para estabelecer sua aliança anti-dólar. As trocas de moeda (‘currency swaps’) entre os bancos centrais dos BRICS facilitarão o financiamento do comércio enquanto ignorando completamente o dólar. Ao mesmo tempo, o novo sistema também irá funcionar como um substituto de fato do FMI, porque permitirá que os membros da Aliança direcionem recursos para financiar os países mais fracos. Como um bônus importante, derivado deste sistema "quasi-FMI", os BRICS usarão uma parte (provavelmente a "parte em dólar") das suas moedas de reserva para apoiá-lo, reduzindo, assim, drasticamente, a quantidade de instrumentos baseados em dólar comprados por alguns dos maiores credores estrangeiros dos Estados Unidos.

Os céticos certamente vão alegar que uma aliança anti-dólar baseada nos BRICS não conseguirá privar o dólar de seu status de moeda de reserva mundial. Em vez de argumentar contra esta linha de pensamento, é mais fácil apontar que Washington está fazendo tudo que pode para ampliar as fileiras dos inimigos do dólar. Convidado pelo Canal Rússia 24 a comentar as declarações de Nabiullina, Andrei Kostin, Presidente do banco estatal VTB e um dos maiores defensores de políticas anti-dólar, ofereceu uma perspectiva interessante sobre a situação na Europa:

"Acho que o trabalho na linha de troca rublo-yuan será finalizado no futuro próximo e a forma de liquidação do rublo-yuan será aberta. Além disso, nós não somos os únicos com tais iniciativas. Nós sabemos sobre as declarações feitas pelo Sr. Noyer, Presidente do Banco da França. Como uma retaliação do que os americanos fizeram ao BNP Paribas, ele opinou que o comércio com a China deve ser feito em yuan ou euro."

Se a atual tendência continuar, em breve o dólar será abandonado pela maioria das economias globais significativas e vai ser chutado para fora do financiamento do comércio global. A pol
ítica de intimidação de Washington fará mesmo os mais antigos aliados americanos escolherem a aliança anti-dólar em vez do sistema monetário existente baseado em dólar. O ponto de não retorno para o dólar pode estar bem mais perto do que se imagina. Na verdade, o dólar já pode ter passado do ponto sem retorno em seu caminho à irrelevância.


Tradução:
Marisa Choguill

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