30 de abr. de 2014

É preciso pôr fim ao capitalismo

Xavier Caño Tamayo, VOLTAIRE NETWORK, SOCIOS, 28 de abril de 2014

Alguns dias atrás, Jim Yong Kim, Presidente do Banco Mundial, disse que 1 bilhão de pessoas vive hoje em extrema pobreza. Isso representa um sétimo da população, ou quase 15 por cento dos habitantes da terra. Para ressaltar a gravidade da situação, Kim indicou que "colocar um fim à pobreza extrema exigiria que 1 milhão de pessoas deixasse de ser pobre a cada semana, durante 16 anos".

Há cêrca de 5 anos, José Vidal Beneyto escreveu que "a cada 3 segundos, morre uma criança por sofrer de pobreza, e, em resposta, todos os dias a fortuna dos mais ricos se multiplica rapidamente". Ele havia se aprofundado em um relatório da Organização das Nações Unidas sobre desenvolvimento de recursos humanos, o qual desmontava a falácia da pobreza devido a circunstâncias inevitáveis. Desnutrição, fome, doença, exploração, analfabetismo, mortalidade infantil... poderiam ser eliminados se acabássemos com uma ordem social cujo principal objetivo é aumentar a riqueza dos ricos.

Vidal Beneyto citou um relatório por Emanuel Saez e Thomas Piketty que mostrava que 1 por cento das pessoas mais ricas dos Estados Unidos possuíam uma fortuna maior do que a que tinham, na época, 170 milhões de americanos com menos recursos. Mas isso foi há quase 5 anos. Um estudo na Universidade da Califórnia em Berkeley (Striking it richer: the evolution of top incomes in the United States – Ficando mais rico: a evolução dos rendimentos superiores nos Estados Unidos) mostra que, de 2009 a 2012, nos Unidos Estados, os 1 por cento mais ricos da população se apropriaram de 95 por cento do aumento da receita no país. O benefício desses 1 por cento mais ricos cresceu mais de 30% nesse período; mas, o benefício do resto foi só um pequeno 0.4 por cento.

Conforme mostrado pelos dados do Credit Suisse, em um mundo de 7,3 bilhões de habitantes, quase metade da riqueza está nas mãos de 1% da população, enquanto a outra metade é distribuída entre os 99 por cento restantes, sendo maior o número daqueles que têm menos. A desigualdade cresce sem cessar, pois a riqueza cada vez se redistribui menos e se concentra mais em muito poucas mãos.

No Reino da Espanha, se medirmos os rendimentos dos 20 por cento mais ricos da população e dos 20 por cento mais pobres, lembra-nos Juan Torres, veremos que a desigualdade aumentou dramaticamente desde 2007. A Espanha é o país europeu com mais desigualdade. Em 2011, apenas a Bulgária e a Romênia tinham maiores taxas de pobreza.

Mas isso não acontece apenas na Espanha. Na Alemanha, já existem 8 milhões de trabalhadores que ganham menos de 450 euros por mês; e na França o nível de pobreza é o maior desde 1997: 2 milhões de trabalhadores ganham menos de 645 euros por mês e 3,5 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar para sobreviver. Mesmo em países com reputação de mais igualitários (Suécia e Noruega, por exemplo), a renda dos 1% mais ricos aumentou mais de 50 por cento, mas não a do resto da população.

O caso espanhol é o mais grave. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, só a Lituânia o supera em aumento da desigualdade; o que significa que desigualdade e pobreza associadas atingiram níveis insustentáveis. Porque falar em desigualdade é, necessariamente, falar de pobreza. E a pobreza que acompanha a desigualdade tem consequências terríveis. Por exemplo, Joanna Kerr, diretora geral da ActionAid International, anunciou recentemente que, se não se agir imediatamente, mais de 1 milhão de crianças poderão morrer até 2015.

Mas, não se luta contra a pobreza sem fazê-lo contra a desigualdade também. Uma desigualdade que persiste e cujas causas estruturais são a imposição de uma liberdade total para a compra e venda de bens, capitais e serviços; a completa desregulamentação da atividade econômica (principalmente financeira); a redução drástica das despesas públicas; mais a exigência de um rígido controle orçamental, especialmente em serviços e atendimento dos direitos sociais. Para não mencionar a indecente redução sistemática dos impostos para os mais ricos, que começou em 1980 e não cessou.

É evidente que para combater a pobreza extrema é essencial pôr fim à extrema riqueza. Como Eduardo Galeano disse: "este capitalismo assassino mata os famintos ao invés de matar a fome e está em guerra contra os pobres, mas não contra a pobreza". Então, é óbvio que devemos liquidar o capitalismo.

* Jornalista e escritor

Fonte:
Contralínea 383/abril 27 a 03 de maio

26 de abr. de 2014

O sistema capitalista está condenado

Veja abaixo outro ótimo artigo de Finni Cunningham.  Tenho lido os artigos deste jornalista há alguns anos, em vários sites, e eles parecem refletir meus próprios pensamentos.  Eu acredito que muitas pessoas pensam como nós, mas não têm a habilidade de escrever ou expressar suas idéias ou a oportunidade de divulgá-las.

Concordo com o autor que está na hora de começarmos a falar abertamente sobre o sistema econômico opressor em que vivemos.  De certa forma, este blog tem tentado mostrar exemplos dessa oprressão, e pretende continuar a fazê-lo.
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Pobreza e guerra condenam o capitalismo
Pobreza e guerras são indicadores do capitalismo como um sistema econômico falido, escreve Cunningham Fini.


Por Fini Cunningham, PressTV, sábado, 26 de abril de 2014 11:15 AM GMT

Os trabalhadores em países ocidentais agora são pagos tão mal que as empresas estão declaradamente achando lucrativo retornar da China – tendo mudado para a Ásia, em primeiro lugar, para explorar a mão de obra barata lá.

Esse é um indicador surpreendente de como o capitalismo criou uma corrida global ao poço da miséria para os trabalhadores – no entanto, a mídia corporativa ocidental ativamente oculta essa abominação.

Esta semana, um noticiário de negócios da BBC soou quase comemorativo sobre o fato de que a Grã-Bretanha, os EUA e outros países ocidentais têm agora "custo competitivo" com relação à China e ao Brasil. O resultado é que muitas firmas e empresas estão agora a se re-estabelecer em países ocidentais por causa dos salários "competitivos" dos trabalhadores, de acordo com a distorção da BBC.

A competitividade, disse a BBC, provinha do salários dos trabalhadores no oeste sendo "mantidos constantes" e porque eles "se tornaram mais produtivos".

Essa é uma linguagem orwelliana [referente às distorções da realidade pelo Estado totalitário na novela 1984, de George Orwell – nt], usada para obscurecer as condições de pobreza sistemática e exploração em que vivem muitos trabalhadores em países ocidentais – cuja escala é tão terrível que as empresas estão achando esses países mais lucrativos do que outros destinos que foram anteriormente pensados como fornecedores de mão de obra barata.

Tais empresas tinham anteriormente fechado, ou, como a linguagem orwelliana denomina, "reduzido" suas operações nos EUA, na Grã-Bretanha e em outros países ocidentais para aumentar seus lucros, aproveitando os baixos salários na China.

Mas, após vários anos com desemprego crônico pressionando os salários para baixo e política de governo facilitando cortes de salários, os trabalhadores no Ocidente agora foram transformados em um exército de mão de obra barata. Governos ocidentais estão também usando dinheiro do contribuinte para oferecer incentivos fiscais [como redução dos impostos corporativos – nt] às firmas atraindo-as a retornar – a fim de explorar o trabalhador comum cada vez mais intensamente.

Estima-se que o valor em termos de salário médio nos Estados Unidos é menor do que o que era na década de 1960 – meio século atrás. Isto tem levado a um enorme aumento da pobreza e à polarização da riqueza em mãos da pequena elite social. Os 400 indivíduos mais ricos dos Estados Unidos da América possuem mais riqueza do que metade da população, que consiste de cerca de 155 milhões pessoas. Um quarto de todos os trabalhadores americanos está oficialmente classificado como subsistindo abaixo da linha da pobreza. A figura real pode ser tão alta quanto 50 por cento.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, o salário médio para um executivo de empresa é agora 120 vezes a de um trabalhador médio, de acordo com o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. Vinte e cinco anos atrás, a diferença era de 49 vezes.

Deveria ser óbvio que pobreza, decadência social e vasta desigualdade não estão apenas sistematicamente associadas; mas, que essa situação abominável é uma indicação de que o capitalismo é um sistema econômico falho.

O surpreendente é que a mídia e os políticos ocidentais vivem negando completamente essa realidade evidente. É óbvio que o sistema capitalista de lucro privado para uma pequena minoria social deve ser condenado abertamente e que é impraticável como um sistema de organização social, baseado como é na exploração maciça de seres humanos. Mas, quando você ouve esse assunto a ser discutido por figuras públicas no Ocidente? É como o proverbial elefante, ou talvez devêssemos dizer dinossauro, na sala a ser ignorado.

O que o público ocidental precisa fazer é forçar esse tópico em conversa aberta. Os políticos e a mídia corporativa precisam ser tratados com desprezo por sua negação e desinformação sobre a mais premente realidade do nosso tempo – a destruição das sociedades sob o capitalismo.

Só porque as elites políticas e os meios de comunicação não falam sobre o capitalismo não significa que nós devemos suprimir esse assunto também. Se o fizermos estaremos nos conformando a esse "grupo pensante".

As pessoas deveriam entender que todos os partidos políticos existentes nos países ocidentais – sejam eles chamados Republicano ou Democrata, Conservador ou Trabalhista– são todos, como a grande mídia, defensores do capitalismo. Eles se beneficiam do sistema e nunca reconhecerão suas limitações; muito menos o contestarão. A mesma crítica se aplica à maioria dos sindicatos, cuja liderança também é beneficiária do sistema.

Chegou a hora de um genuíno socialismo em que a economia é organizada e planejada através da participação pública e onde a produção é orientada por necessidades humanas, e não pelo lucro privado. Historicamente, o capitalismo tornou-se redundante como um sistema de organização social. Não apenas redundante; o capitalismo degenerou-se em inimigo do mundo, ameaçando nossa sobrevivência. Está a destruir a vida humana através de uma exploração implacável. O sistema é insustentável, perverso e irracional.

Além disso, o desejo insaciável de lucro privado também está orientando a rivalidade geopolítica que inevitavelmente se manifesta na guerra. A guerra não é só boa para os investidores capitalistas; ela também distrai a atenção do público para além do dinossauro na sala.

Parece haver pouca dúvida de que Washington e seus aliados ocidentais estão tentando provocar uma guerra com a Rússia não fora de qualquer princípio jurídico, mas simplesmente para desviar a atenção da guerra de classe que está sendo travada contra os trabalhadores e a maioria das pessoas em suas próprias sociedades.

Apesar da censura oficial eficaz sobre o assunto, o público occidental precisa começar a falar insistentemente sobre o capitalismo e sua destruição das sociedades, do ambiente natural e das relações internacionais a tal ponto que uma guerra nuclear está sendo irresponsavelmente arriscada.

A mídia alternativa, como a PressTV, merece grande crédito por sua liberdade de pensamento, levantando este urgentemente necessário debate público sobre o capitalismo e a necessidade premente de sua abolição. É também em parte por isso que o público ocidental está abandonando sua mídia em massa e olhando para alternativas como PressTV.

É um absurdo, mas profundamente revelador, como a mídia corporativa ocidental recusa quaisquer vistas ou discussões sobre o capitalismo e o seu impacto abominável de pobreza e belicismo.

Como a revolucionária alemã Rosa Luxemburg disse uma vez, estamos diante de uma escolha entre a presente barbárie sob o capitalismo, ou a criação de um novo mundo democrático, viável, sob o socialismo.

Um primeiro passo seria o público ocidental começar a falar e a pensar abertamente sobre a irracionalidade destrutiva do capitalismo. É disto que os políticos ocidentais e a elite rica, incluindo a mídia, têm mais medo. Eles temem o momento em que a maioria das pessoas vai começar a gritar "o rei está nu!"

FC/HMV


* Fini Cunningham (nascido em 1963) tem escrito extensivamente sobre assuntos internacionais, com artigos publicados em várias línguas. Ele é formado em mestrado em química agrícola e trabalhou como um editor científico para o Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir uma carreira no jornalismo. Ele também é músico e compositor. Por quase 20 anos, ele trabalhou como editor e escritor em grandes organizações, incluindo The Mirror, Irish Times e Independent . Originalmente de Belfast, na Irlanda, ele agora está morando no leste da África com jornalista freelance, onde está escrevendo um livro sobre Bahrein e a Primavera Árabe, com base na experiência de testemunhas oculares; trabalhando no Golfo Pérsico como editor de uma revista de negócios e, também, como correspondente de notícias freelance. O autor foi deportado de Bahrein, em junho de 2011, por causa de seu jornalismo crítico, em que ele destacou as violações sistemáticas dos direitos humanos pelas forças do regime. Ele é também colunista de política internacional para a PressTV e para a Strategic Culture Foundation.

17 de abr. de 2014

O que está acontecendo no Oriente Médio?

Para muitas pessoas, o que está acontecendo no Oriente Médio é ‘muito complicado’...

Sem dúvida, a realidade nessa região é muito diferente da do Brasil e, por isso, difícil de se compreender... Para facilitar a compreensão sobre o que ocorre nessa região – com implicações sobre os acontecimentos recentes na Ucrânia, na Venezuela, na China e em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil –, vou anexar nas próximas postagens alguns artigos esclarecedores.

Nesta postagem, estou anexando um artigo acêrca de um dos candidatos à Presidência do Líbano nas próximas eleições, Samir Geagea. Como o autor informa, esse candidato foi apoiado por Saad Hariri, antigo Primeiro Ministro do Líbano (2009-2011). Vale lembrar que Saad Hariri é um bilionário cujo pai, o negociante Rafik Hariri, foi também Primeiro Ministro (duas vezes: 1992-1998 e 2000-2004, apesar de ser saudita), tendo sido assassinado em uma explosão em Beirute em 2005.

Esse assassinato foi uma façanha extraordinária – como o foi o ataque às Torres Gêmeas, em New York, em 11 de novembro de 2001, mantidas as proporções. A bomba que explodiu o carro em que Rafik Hariri viajava era tão possante que ao explodir matou outras 22 pessoas. Revelações atuais de uma equipe independente de investigação mostram que na construção dessa bomba, alemã e muito sofisticada, foram usados conhecimentos de nanotecnologia e empregados materiais radioativos, como uranio empobrecido. Mas, há ainda fatos mais notáveis ligados a esse assassinato de alto nível: embora alguns pensem que ‘drones’ são recentes, há indicações de que Rafik Hariri foi vigiado por algum tempo por drones de origem israelita, os quais emitiam informações à fonte de espionage – isso em 2005!

Quem teria planejado e executado tão sofisticada operação?

Membros do Hezbollah foram acusados desse assassinato (Hezbollah: do árabe Ḥizb Allāh, Partidário de Deus). O Hezbollah é um grupo militar e partido político que emergiu como uma facção no Líbano após a invasão de Israel, em 1982, e que desde então resiste à pressão para que o Libano se alinhe ao Ocidente. Mas, entre outros atemorizantes fatos, o texto abaixo identifica os mais prováveis autores, com tecnologia e motivo para criar uma guerra na região.

O artigo acende uma luz sobre o sombrio Oriente Médio e talvez ajude alguns leitores a compreender o que ocorre no Líbano e no restante do Oriente Médio no momento e qual a relação com os ataques terroristas na Síria. Com a possível vitoria da Síria contra os terroristas/mercenários internacionais que têm atacado o país, matando centenas de milhares de pessoas e deslocando milhões com a intenção de forçar o país a se alinhar ao Ocidente (colonialismo), a história do Oriente Médio e do mundo talvez tenha a chance de adotar uma direção menos corporativa.

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Mais uma vez, Samir Geagea perde a aposta
Por Ghaleb Kandil, Rede Voltaire | Beirute (Líbano), 14 de abril de 2014


Samir Geagea

A candidatura de Samir Geagea na eleição presidencial libanesa, anunciada sexta-feira, 4 de abril, foi considerada há três anos. Foi uma decisão muito séria, apoiada pelo antigo primeiro-ministro Saad Hariri e pelo diplomata americano Jeffrey Feltman, tendo em vista a destruição do Estado sírio. O entusiasmo do Sr. Hariri por esse plano tinha atingido o seu pico quando ele disse que voltaria a Beirute apenas pelo aeroporto de Damasco.

Primeiro: Essa aposta baseou-se na queda da Síria, na destruição de seu estado e de seu exército, e na sua integração ao campo ocidental, o que estabeleceria novas equações regionais. O plano de Feltman era para dobrar a Resistência Libanesa: dentro do Líbano, com uma guerra lançada pelas milícias do Movimento Futuro e das Forças Libanesas, apoiadas por grupos terroristas que estavam trabalhando na Síria e que manifestaram a intenção de entrar no Líbano para combater o Hezbollah bem antes do envolvimento deste partido na luta na Síria; e através da fronteira sul do Líbano, com uma invasão israelense, que permitiria a Israel vingar sua derrota em julho-agosto de 2006, que destruiu os sonhos de Tel. Avi, do Ocidente, e de todos os seus aliados libaneses e árabes, que jogaram todas as suas forças para destruir a Resistência Libanesa.

É neste contexto que Saad Hariri anunciou seu apoio à candidatura de Samir Geagea à Presidência, apostando na queda rápida do Estado sírio.

Segundo: A guerra contra a Síria está em um impasse. A aliança de Estados Unidos, Israel, Ocidente, Turquia e aliados árabes procura, nesta fase, limitar o dano para atenuar as consequências da derrota. Com a mudança do equilíbrio de poder no terreno na Síria em favor do eixo da resistência, os americanos não escondem os fatos. O plano Feltman tornou-se uma quimera.

Os desenvolvimentos no campo de batalha mostram mais claramente que a aposta para destruir a resistência é uma ilusão. O Estado sírio e suas forças armadas registram vitórias sucessivas, e é ele quem detém a iniciativa militar e política, embora homens, dinheiro e armas continuem a fluir para grupos terroristas.

Mudanças no terreno sírio beneficiarão naturalmente a resistência libanesa e seus aliados. Isto significa que os líderes libaneses, incluindo cristãos, que apoiaram a resistência e torceram pela força do Estado sírio. beneficiar-se-ão politicamente das novas realidades. Portanto, Samir Geagea, autor do slogan "Deixe a Irmandade Muçulmana prevalecer", mais uma vez perderá todos os seus lances. O líder das Forças Libanesas sabe que as chances de sua eleição para a Presidência da República do Líbano são quase zero.

Terceiro: A candidatura de Samir Geagea surge no último quartel do conflito sírio, em uma época quando Saad Hariri foi forçado a recuar e retirar sua cobertura política aos grupos terroristas – grupos Takfiristas que ele incubou por três anos em Tripoli, Ersal e em outros lugares no Líbano, atendendo solicitação expressa dos americanos.

O objetivo principal de Samir Geagea é bloquear o caminho para a eleição para a presidência do General Michel Aoun. Sua candidatura iria servir para neutralizar o Líder do Movimento Patriótico Livre e favorecer a eleição de uma personalidade de "consenso", cuja tarefa principal seria a de gerenciar a situação atual, sem ser capaz de propor soluções radicais para a crise no Líbano.

Nas atuais circunstâncias, tudo evidencia que o vazio na Presidência, por um período relativamente longo, continua a ser o cenário mais provável. A única solução é a adoção de uma nova lei eleitoral, com base na representação proporcional, que permitiria a eleição de um Parlamento verdadeiramente representativo, o qual elegeria um novo Presidente capaz de encarnar as aspirações das gerações futuras.


Tradução

16 de abr. de 2014

Compilação da Imprensa sobre os Direitos Humanos na Ucrânia

A situação dos direitos humanos na Ucrânia deteriorou-se acentuadamente desde o golpe pró-OTAN. Enquanto os meios de comunicação ocidentais fazem vista grossa a essa realidade de cada dia, Oriental Review destaca trinta incidentes particularmente significativos, revelando que a rua está nas mãos de bandidos nazistas que espancam e matam pessoas com total impunidade.



Andrey Fomin, REDE VOLTAIRE, MOSCOW (RÚSSIA), 14 de avril de 2014



O pêndulo de repressões políticas na Ucrânia está ganhando força nos dias de hoje. Em nítido contraste com a abordagem liberal do presidente Yanukovych ao protesto de "Euromaidan", a administração provisória de Kiev não hesitou muito em reprimir a revolta pública contra o regime "neonazista" em ascensão no leste e sul da Ucrânia. Hoje, só em Kharkov pelo menos 70 ativistas foram presos durante a chamada "operação antiterrorista" [1]. De acordo com os relatórios, mercenários estrangeiros presumivelmente da empresa militar privada Greystone Ltd estavam participando da operação conjunta com a Guarda Nacional (consistindo majoritariamente dos ultranacionalistas do partido Pravy (à direita) Sector e algumas unidades leais do Ministério do Interior.

George Orwell teve uma visão quando ele cunhou a frase "guerra é paz" para descrever o pensamento de sua sociedade totalitária fictícia do futuro. Ele não iria ter problemas em reconhecer a propaganda exibida durante a recente derrubada do governo ucraniano, durante a qual "manifestantes pacíficos" se envolveram em matança, incêndios e saques... e continuam a fazê-lo até agora.

Mas o golpe de estado ainda não acabou – ocupar o poder é uma coisa; mas, preservá-lo é outra. E agora estamos vendo dificuldades inevitáveis surgirem: há pouco mais de um mês, o governo provisório em Kiev perdeu a posse da Criméia e encontrou-se frente a frente com umaa resistência desesperada no Sul e no leste da Ucrânia.

O novo governo chegou à cena brandindo slogans tais como: "protestos pacíficos", "luta pela democracia", e "liberdade de expressão"; mas, começou logo a frear a oposição, estabelecendo total controle sobre a imprensa, rádio e televisão, e usando a repressão política para calar protestos civis no Sul e no leste da Ucrânia.


Manifestantes anti-governo atacam um deputado do Partido das Regiões, Vitaly Grushevsky, fora do edifício do Parlamento Ucraniano , em Kiev, 22 de fevereiro de 2014.

Evidente repressão física sobre qualquer sinal de dissidência começou durante as primeiras horas do golpe: no dia 20 de fevereiro, a maioria pró-Maidan no Supremo (Verkhovnaya) Rada (Parlamento da Ucrânia) usou violência contra deputados, contra o Partido Comunista e contra o Partido das Regiões. Muitos foram despojados de seus cartões de votação, que foram então usados por outros para dar os votos "necessários" à sua causa.

Depois, veio um ataque contra o canal de TV Inter [2], que é assistido em todo o país e goza da segunda maior audiência. Homens armados invadiram o estúdio no meio de uma transmissão ao vivo. O jornalista Mustafa Nayyem (um dos organizadores do Euromaidan) anunciou os novos planos do governo... de nacionalizar o canal. Como você talvez se recorde, a estação de TV pertence atualmente ao oligarca Dmytro Firtash, que foi preso em Viena a pedido do FBI [3].

O que é impagável, é claro, é que, algumas semanas antes, Mustafa Nayyem e seus cúmplices na Hromadske TV (TV Pública – um projeto de TV na Internet que foi lançado usando dinheiro de doação americana quase simultaneamente com o início dos protestos de Euromaidan) fizeram uma abordagem oposta, "privatizando" parte das ondas de freqüência do canal de TV First National (que é estatal).

O Conselho Nacional de Rádio e Televisão (após várias malsucedidas meia-medidas) finalmente decidiu proibir completamente todos os principais noticiários de televisão russa na Ucrânia [4]. E todas as transmissões de televisão provenientes de empresas de propriedade de Igor Kolomoisky [5], Victor Pinchuk [6], Rinat Akhmetov [7] e Dmytro Firtash, de repente, começaram a trabalhar em conjunto como uma máquina de propaganda bem lubrificada, centralmente controlada.

No mês passado, houve dezenas de ataques (versões física e cyber) contra a equipe editorial da mídia na oposição. Em 27 de fevereiro, a chamada Legítima Defesa do Povo apreendeu o escritório da agência de notícias Golos.ua, e severa pressão foi posta sobre o canal nacional ucraniano de TV Gamma, que trabalha em estreita colaboração com aquela agência. Logo a seguir houve uma invasão no jornal Comunista, que é a publicação oficial do Partido Comunista da Ucrânia. O site do PCU está também frequentemente desconectado. Na cidade de Vinnitsa, foi usada força descarada para tomar posse da estação de TV local que trabalhava com comunistas ucranianos. Os jornalistas pró-Maidan relataram essa informação com indisfarçável alegria.

Um ataque também foi encenado contra a publicação on-lineKrivda Ucraniano, que parodia a mídia pró-Maidan e verifica a veracidade do dogma sob encomenda em suas publicações. Seu site também está atualmente bloqueado.

Um grupo de jornalistas do site Pravda Ucraniano, liderado pelo conhecido analista político Vladimir Kornilov, foi forçado a escolher entre deixar o país ou cessar a publicação de seus artigos. Eles foram ameaçados de morte e represálias selvagens.

A última edição publicada pelo, literalmente, único representante da mídia da oposição que está acessível em todo o país, o respeitado e muito legível Semanal 2000, apareceu em 14 de março. Essa publicação foi interrompida por causa da pressão sobre sua impressora, a Imprensa da Ucrânia, onde o papel é composto em seu formato habitual. A casa de impressão, que é uma instituição financiada pelo Estado, unilateralmente alterou as condições para a impressão do jornal, colocando a publicação em uma situação impossível.

E, claro, havia o notório exemplo da visita paga por vários membros do partido nacionalista Svoboda ao escritório da TV First National. O espancamento de Aleksandr Panteleimonov foi capturado em vídeo e ele foi forçado a escrever uma carta de demissão depois de ser submetido a ameaças e violência.

Embora os meios de comunicação ocidentais torçam suas mãos sobre as alegadas "violações dos direitos humanos na Crimeia", observadores internacionais aparentemente estão ocupados demais para se interessar no que está acontecendo no resto da Ucrânia [8]. Para os curiosos, aqui estão alguns fatos que representam apenas a "ponta do iceberg" da repressão política na Ucrânia:

Em 22 de fevereiro, o primeiro secretário do Comitê Lvov do Partido Comunista da Ucrânia, Rostislav Vasilko, foi falsamente acusado de provocar "incêndio em Maidan" e submetido a torturas brutais [9]. De acordo com testemunhas, ele teve agulhas enfiadas debaixo das unhas, o pulmão direito foi perfurado, três costelas, o nariz e outros ossos em seu rosto foram quebrados, e ameaças foram feitas para acabar com sua família. Ele atualmente está passando por tratamento médico na Rússia.

Em 23 de fevereiro, Alexander Pataman, o líder da antifascista Milícia do Povo de Zaporozhye, foi raptado.

Em 24 de fevereiro, seis membros do Tribunal Constitucional da Ucrânia foram ‘voluntariamente’ demitidos pelo Supremo Rada "por violar o juramento" [10]. Alguns deles foram sujeitos a ameaças e coerção física. Três dias mais tarde, os juízes expulsos encaminharam um apelo às instituições internacionais de direitos humanos [11].

Em 28 de fevereiro, o vice-governador da região de Dnipropetrovsk, Boris Filatov, postou uma explicação em sua página do Facebook sobre como tratar adequadamente os membros do movimento pró-russo, que estão insatisfeitos com o governo central em Kiev: "ofereça a esses otários quaisquer promessas, garantias ou concessões que eles queiram. E... nós vamos enforcá-los mais tarde." [12]

Em 5 de março, Andrei Purgin, um dos líderes da organização pro-russa República de Donetsk, foi capturado em Donetsk e levado para um destino desconhecido [13]. Os amigos do homem seqüestrado afirmam que ele havia recebido uma visita no dia anterior, durante a qual ele foi avisado, "se ele ficar em casa hoje, sua esposa não vai se tornar uma viúva"; mas, porque outros estavam à espera dele, ele foi à praça pública, de qualquer forma. O destino de Andrei agora é desconhecido.

Em 6 de março, Vladimir Rogov, o líder da organização cívica ucraniana Guarda Eslavo, foi raptado. Ele está seguro, no momento, mas foi forçado a abandonar a região de Zaporozhye e Ucrânia.


Pavel Gubarev

Em 6 de março, Pavel Gubarev, o "governadordo povo" e líder dos ativistas pró-russos, foi detido em Donetsk [14]. Depois de ser pego, ele foi severamente espancado, tanto na estrada de Donetsk a Kiev, bem como no centro de detenção do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU). Pavel entrou em coma em meados de março e atualmente permanece em um hospital da prisão. Por causa do medo de que sua condição possa se tornar publicamente conhecida, ele não tem permissão de acesso a um advogado. Sua esposa Ekaterina e três filhos pequenos foram forçados a deixar a Ucrânia após a detenção do marido.

O "governador do povo" da região de Luhansk e líder da Guarda de Lugansk, Alexander Kharitonov, foi preso e está detido em uma instalação de detenção da SBU desde 14 de março.

Em 17 de março, o líder da Alternativa do Povo, Anton Davidchenko, foi detido pela SBU em Odessa, e atualmente também está detido em uma prisão da SBU em Kiev.

Em 17 de março, membros de um grupo de extrema-direita chamado "Tribunal do Povo" em Vinnitsa descaradamente exigiu que Tatyana Antonets, a médica chefe do hospital regional infantil, voluntariamente pedisse demissão porque ela não havia publicamente renunciado ao Partido das Regiões nem condenado "os crimes do governo anterior". [15] Os radicais alegaram que, se ela não obedecesse as suas ordens, a médica seria responsabilizada "em conformidade com as leis de tempos revolucionários severos."

Depois que várias ameaças foram feitas, em 17 de março, o carro pertencente ao líder da Frente Sudeste, Artyom Timchenko, foi incendiado. O promotor público para a região de Zaporozhye, Alexander Shatsky, que tinha sido recentemente nomeado por Kiev, chamou o incidente um exemplo de "auto-imolação".

Em 19 de março, cerca de 300 homens armados, em Vinnitsa, liderados por ativistas do Pravy Sector, apreenderam uma destilaria local, pertencente à empresa Nemiroff [16].

Em 20 de março, um grupo de ativistas do Pravy Sector agrediu alguns estudantes húngaros, da cidade húngara de Miskolc, que estavam numa excursão à Transcarpátia [17]. Extremistas armados invadiram uma reunião do conselho cívico húngaro da cidade de Berehove, na região de Transcarpátia, e espancaram os participantes. Há dois anos, os nacionalistas ucranianos profanaram o monumento na Passagem Verecke que tinha sido erguido para comemorar a passagem de tropas húngaras em toda a região dos Cárpatos [18]. Eles pintaram as frases "Morte aos húngaros" e "Aqui é a Ucrânia" no pódio.

Em 20 de março, quatro jornalistas do canal de TV Rússia-1 foram detidos em Donetsk [19]. Os documentos dos russos foram apreendidos e eles foram levados para o posto de Vasilievka, no qual foram mantidos por várias horas, sem explicação, antes de serem expulsos da Ucrânia.

Em 20 de março, o serviço de segurança da Ucrânia começou uma tentativa de dissolver a organização cívica Guarda Lugansk que defende a colocação da Ucrânia sob a autoridade do governo federal russo e o russo como a língua do estado. Três ativistas foram presos e vistorias foram conduzidas nos escritórios da organização e nos apartamentos dos seus membros. Um dos líderes da sua Ala da Juventude, Anastasiya Pyaterikova, postou um apelo público nas redes sociais, alegando que a SBU, juntamente com um deputado do Verkhovna Rada (um líder do Partido Radical Oleh Lyashko, de extrema-direita), haviam organizado uma busca para os membros da Guarda Lugansk e perseguiam ativistas e membros de suas famílias [20].

VÍDEO: Oleg Lyashko, político ucraniano e líder do "Partido Radical", seqüestra um deputado do conselho de cidade de Lugansk, Arsen Klinchaev.

Em 20 de março, representantes do movimento chamado AutoMaidan tentaram extorquir combustível, dinheiro, e outros ativos do diretor de um dos ramos da empresa russa Lukoil-Ucrânia, a fim de "alimentar as necessidades da revolução." [21]

Em 20 de março, uma multidão em Kiev, usando máscaras e armada com armas de fogo e lâminas, invadiu o prédio do Conselho de Inspeção de Arquitetura e de Construção do Estado Ucraniano. Apreendendo escritórios no sétimo andar e no décimo primeiro andar, eles fingiram ser membros de um "comitê de luta contra a corrupção" e confiscaram pastas contendo documentos de arquivo.

Em 21 de março, uma casa na região de Kiev foi queimada, a qual pertencia a Viktor Medvedchuck, um líder do movimento Escolha Ucraniana.

Em 23 de março, ativistas da Euromaidan, em Kiev, tentaram ocupar o prédio da Rossotrudnichestvo, uma agência russa que promove laços com os russos étnicos no exterior, e roubaram o carro de um dos seus empregados. Essa proeza destinava-se a confiscar o escritório e usá-lo para abrigar a sede da Legítima Defesa do Povo de Maidan.

Em 23 de março, um grupo de membros do Pravy Sector, armado com metralhadoras, invadiu um concerto em Rovno, que estava ocorrendo como parte de um festival de rock local, empunhando suas armas e dispersando os participantes.

Em 23 de março, em Zaporozhye, algumas dezenas de militantes, conhecidos como a Auto Defesa de Maidan, atacaram os participantes do Movimento de Rua da Amizade de Melitopol-Zaporozhye com paus, pedras e vergalhões de ferro. As pessoas foram espancadas e carros foram danificados.

Em 24 de março, membros do serviço da fronteira ucraniana mais uma vez proibiram tripulantes da Aeroflot de deixar sua aeronave durante escalas em aeroportos ucranianos. Nenhuma explicação foi dada. Esse tipo de discriminação por parte de guardas da fronteira ucraniana, que já ocorreu várias vezes no mês passado nos aeroportos em Kiev, Kharkov e Donetsk, é uma violação das práticas internacionais aceitas e representa um perigo para o tráfego aéreo civil. Nos últimos dias, os guardas da fronteira ucraniana têm retornado forçosamente um grande número de viajantes aéreos da Rússia. Quarenta e três casos foram relatados na Aeroflot apenas. Em 32 casos, a Aeroflot foi compelida a repatriar, às suas próprias expensas, passageiros que tinham voado à Ucrânia com passagens só de ida.

Desde meados de março, na seção de fronteira russo-ucraniana de Kharkov, guardas da fronteira ucraniana bloquearam a entrada de cidadãos russos na Ucrânia, retornando 120-130 pessoas por dia.

Em 26 de março, apoiantes do Pravy Sector em Dnepropetrovsk, Donetsk e Kharkov agrediram fisicamente as pessoa que encontraram nas ruas vestindo as fitas honorárias de São Jorge (o símbolo da vitória soviética sobre o nazismo) [22].

Em 26 de março, na região de Kirovograd, representantes do "Conselho do Povo" local e membros do partido Svoboda atacaram o médico chefe do hospital do distrito Central de Ulyanovsk, Aleksander Tkalenko, tentando espancá-lo em seu próprio escritório [23]. O único "pecado" do médico era sua filiação política (ele era membro do Partido das Regiões e tinha sido nomeado para sua posição atual pela administração de Yanukovych).

Em 26 de março, o ex-prefeito de Mirgorod (na região de Poltava) e presidente do Conselho Municipal, Vasily Tretetsky, morreu no hospital depois de ser espancado e baleado por assaltantes em 16 de março [24].

Em 26 de março, ativistas do movimento social Avtodozor, juntamente com uma centena de militantes da Auto-Defesa de Maidan, piquetearam os escritórios dos bancos russos (VTB, Alfa, Sberbank da Rússia e Prominvest) na rua Kreshchatik, em Kiev, exigindo que eles fossem fechados; todas as suas divisões ucranianas foram nacionalizadas [25]. O edifício Sberbank foi apreendido e saqueado.

Em 1º de abril, o Serviço de Segurança Ucraniano revistou os apartamentos de ativistas pró-russos em Odessa. Em particular, eles vasculharam o apartamento pertencente a Alexei Albu, um deputado do Conselho Regional de Odessa. "Funcionários da SBU chegaram no meu apartamento às 8:00 am, abriram a porta e conduziram uma revista. Eles carregavam uma liminar do tribunal. Os agentes de segurança afirmaram que eles estavam procurando listas de militantes de nossa organização e também armas. No entanto, no final, eles foram obrigados a assinar uma declaração atestando que nada de ilegal foi encontrado no apartamento que vasculharam. " Alexei alega que ele tinha sido anteriormente convocado pelo serviços especiais ucranianos para uma "conversa".


A ’última e categórica carta de advertência’ enviado ao Rev. Alexander Shirokov pelos nazistas ucranianos incitando-o a parar com a " propaganda Moscovita ", sob a ameaça de morte.

As ameaças aos sacerdotes da Igreja Ortodoxa Russa também são lamentavelmente freqüentes na Ucrânia de hoje. O caso do Rev. Alexander Shirokov, perseguido pelo não-registrado Partido dos Trabalhadores Socialistas Nacionais da Ucrânia, tornou-se público graças à declaração especial do Ministro dos Assuntos Estrangeiros russo [26]. O grande número de outros, menos divulgados casos de pressão, impostos contra o sacerdócio pró-russo pelos elementos radicais e administrações locais leais às autoridades provisórias Kievanas centrais, estão a decorrer.

Dado este clima, a intelectualidade pró-russa na Ucrânia continua a emigrar em massa para a Rússia (e também para a Crimeia). De acordo com os dados mais recentes, mais de 30.000 pessoas foram obrigadas a fugir de seu próprio país, que foi tomado por nacionalistas.

Só podemos conjeturar quais são as fontes dos relatórios das organizações internacionais de direitos humanos, uma vez que documentam apenas as "violações" inexistentes cometidas por um lado – o dos russos –, ignorando completamente os casos de flagrante anarquia tão frequentemente encontrados na Ucrânia de hoje.

De qualquer forma, é claro que, em tais circunstâncias, as anunciadas eleições presidenciais ucranianas não poderão ser realizadas em algo parecido com uma atmosfera normal em 25 de maio, e nenhuma contagem de caixa de cédulas, durante essa crise, será reconhecido pela Rússia, o país do qual a maioria dos cidadãos da Ucrânia está dependendo.


Fonte
Oriental Review

Tradução
Marisa Choguill


NOTAS:

[1] “Kiev cracks down on eastern Ukraine after 2 regions proclaim independence”, Russia Today, 8 April 2014.

[2] “2014 . Захват канала " ИНТЕР " в прямом эфире”, YouTube, 22 February 2014.

[3] Dmytro Firtash é um empresário ucraniano, investidor e filantropo. Ele é chefe do Conselho de Diretores do Grupo DF (‘o grupo de empresas Firtash’) que consolida ativos da indústria química, do setor de energia e do setor imobiliário na Ucrânia, Alemanha, Itália, Chipre, Tajiquistão, Suíça, Hungria, Áustria e Estónia. Ele também é presidente da Federação de Empregadores da Ucrânia (FEU) e presidente do Conselho Social e Econômico Nacional Tripartite (NTSEC).

[4] “Ukrainian court bans Russian TV broadcast”, Russia Today, 26 March 2014.

[5] Igor Kolomoisky é um oligarca de negócios israelo-ucraniano de origem judaica e o governador atual de Dnipropetrovsk Oblast. Um multimilionário, ele é avaliado como a segunda ou terceira pessoa mais rica da Ucrânia (após Rinat Akhmetov e/ou Viktor Pinchuk) desde 2006. Kolomoyskiy é o principal parceiro do Grupo Privat e presidente de fato do FC Dnipro Dnipropetrovsk.

[6] Victor Pinchuk é um empresário ucraniano e filantropo. Em março de 2012, a Forbes classificou-o no 255º lugar na lista das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de US $4,2 bilhões. Pinchuk é o fundador e principal proprietário do EastOne Group LLC, uma empresa internacional de consultoria de investimento, financiamento de projectos e financeira com sede em Londres, e de Interpipe, um do principais produtores de canos, rodas e aço da Ucrânia. Pinchuk é dono de quatro canais de televisão e um tablóide popular, Fakty i Kommentarii. Ele foi membro do Parlamento ucraniano, o Verkhovna Rada, por dois mandatos consecutivos, de 1998 a 2006. Ele é casado com Olena Pinchuk, filha do antigo presidente da Ucrânia Leonid Kuchma.

[7] Rinat Akhmetov é um empresário ucraniano e oligarca. Ele é o fundador e presidente da emprêsa Admistração de Capitais do Sistema (ACS) e está classificado entre os homens mais ricos do país. Akhmetov é também o proprietário e presidente do clube de futebol ucraniano Shakhtar Donetsk. Em 2006-2007 e 2012, Akhmetov foi membro do Verkhovna Rada (Parlamento) ucraniano para o Partido das Regiões.

[8] “Crimean Tatars Seek Autonomy in Light of Massive Russian Human Rights Violations”, Daily Kos, 29 March 2014.

[9] “Communist tells of atrocious tortures on Maidan”, Pravda TV, 3 March 2014.

[10] “Ukraine Parliament Sacks Constitutional Court Judges”, RIA-Novosti, 24 February 2014.

[11] “Address of judges of the Constitutional Court of Ukraine to European and international organisations and human rights institutions”, Voltaire Network, 27 February 2014.

[12] Boris Filatov’s Facebook.

[13] “Andrei Purgin has been kidnapped by armed men thought to be oligarch Rinat Akhmetov’s men who’s loyalty is with Kiev’s self-proclaimed regime”, Ukraine Maidan Related Info and News, 5 March 2014.

[14] “Pavel Gubarev kidnapped by nazi self-proclaimed government in Kiev”, Ukraine Maidan Related Info and News, 6 March 2014.

[15] “Фашисты сыкуны угрожают детскому врачу Татьяне Антонец, если не уйдет с должности”, YouTube, 19 March 2014.

[16] “В Винницкой области вооруженные люди захватили ликеро-водочный завод”, YouTube, 19 March 2014.

[17] “«Правый Сектор» принялся за венгров”, euromaidanu.net, 21 March 2014.

[18] “Монумент в честь перехода древних венгров через Карпаты осквернили на Украине”, Finugor, 22 August 2012.

[19] “На украинской границе задержали и допросили российского корреспондента”, NTV, 21 March 2014.

[20] “Обращение от лица "Луганской гвардии". Луганск нуждается в помощи!”, YouTube, 19 March 2014.

[21] “Автомайдан и Правый Сектор требуют у компании Лукойл горючее на нужды революции!”, YouTube, 20 March 2014.

[22] “Right Sector terrorizing Dnepropetrovsk, beating pro-Russian activists”, YouTube, 28 March 2014.

[23] “Беспредел в Ульяновке”, YouTube, 24 March 2014.

[24] “Замах на вбивство голови народної ради Миргорода Василя Третецького”, YouTube, 18 March 2014.

[25] “Пикет российских банков в Киеве”, YouTube, 26 March 2013.

[26] “Comment by the Russian Ministry of Foreign Affairs regarding threats to priests in Ukraine”, Russian Ministry of Foreign Affairs, 25 March 2014.


15 de abr. de 2014

Nada mudou...

Os juros são os lucros dos bancos sobre o 'papel' que emprestam. Em outras palavras, se o governo imprimisse seu próprio dinheiro, poderia emprestá-lo sem cobrar juros. Os juros internacionais são uma roubalheira organizada. Vou postar em breve algumas traduções de artigos escritos por experts no assunto.

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Renato Rabelo:  Chantagens e juros a 11%
Renato Rabelo*, Vermelho, 4 de abril de 2014 - 17h52

Que o país está sob chantagem, qualquer um mais atento percebe. E o nível da chantagem é diretamente refletido na taxa de juros que chegou ontem a seu maior patamar desde o início do governo Dilma Rousseff. É a nona elevação seguida da Selic, agora fixada em 11%. Intensifica-se a tentativa de desgaste do país e de desmoralização do nosso governo.

A taxa Selic é apenas a ponta do iceberg de um longo processo. Durante os últimos três anos uma ampla campanha midiática contra o governo e o país foi ganhando corpo. O mote da inflação é largamente utilizado com direito a fabricação de determinados ambientes onde remarcação de preços é uma consequência quase natural. Se o governo ainda consegue manter sob controle um mínimo de investimento e uma inflação que não dispara, que se busque outro alvo.

Pode ser o sistema elétrico brasileiro. Desde 2010 a lógica de torcida organizada da oposição e da mídia por um apagão chega a ser trágico e deprimente. A utilização pelo governo de seu poder de monopólio sobre as tarifas de energia desencadeou uma reação desproporcional. Tirar dinheiro do tesouro para bancar a manutenção do funcionamento energético do país virou sinal de “irresponsabilidade fiscal” como quem teria a responsabilidade dada por alguma divindade para este tipo de operação seja o “mercado”, ele mesmo visto como uma divindade.

O mesmo ocorre com a Petrobrás e a clara tentativa de reversão de rumo da empresa iniciado em 2003 e, sobretudo, após a descoberta das reservas do pré-sal, os sucessos subsequentes em matéria de captação de recursos, investimentos previstos e as amplas possibilidades abertas pelo sucesso do leilão de Libra. O mesmo processo de descrédito e difamação que um dia levou à privatização de empresas como a Usiminas, Telebrás e a Companhia Vale do Rio Doce tem ocorrido com a Petrobrás. A história se repete como farsa e tragédia: Dilma cair em pesquisas seguida de alta da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) diz muito. Diz, inclusive, que estamos no lado certo da história.

O aumento da taxa de juros é parte deste todo e do momento “faca no pescoço” que o capital financeiro internacional tem imposto ao nosso país. O Brasil é muito grande e importante para ficar de fora do banquete do rentismo. E não tenham dúvidas acerca do caráter claramente político disto. Para esta gente Dilma deveria ser derrubada, assim como todo e qualquer resquício de experiência de governos populares em nosso continente.

Nesta história toda, não dá para brincar de analista “acima do bem ou do mal”. Todos tem lado nesta contenda, ainda mais aqueles que buscam tentar uma posição aparentemente neutra ou “jornalística”.


*Renato Rabelo é presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

14 de abr. de 2014

Sobre os benefícios sociais ao trabalhador no Brasil

Recebi um email recentemente (abaixo) e gostaria de comentar.  Acho que quem escreveu esse email está muito mal-informado/a.  Vivo na Inglaterra há mais de 20 anos, e gostaria de esclarecer alguns aspéctos para os brasileiros:

Os auxílios aos menos favorecidos são comuns em países como EEUU, Inglaterra, França, etc.Na Inglaterra, as categorias de auxílio são as seguintes:  job seekers benefit (por 6 meses), housing benefit, child benefit, disability living allowance, invalidity and incapacity benefit, council tax benefit  ( e há ainda alguns outros ‘presentes’:  winter fuel allowance, Christmas gift)  NINGUÉM VIVE NA MISÉRIA OU PASSA FOME, AQUI.


·      Na Inglaterra, a pessoa NECESSITADA pode requer auxílio EM UMA OU MAIS DAS CATEGORIAS ACIMA  (deve ir à repartição governamental adequada), e pode receber até R$8.000 / mes  (£2.000 /mes – o total não deve passar disso) de ajuda governamental (benefit).  Isso é MUITO MAIS do que os necessitados do Brasil recebem, não é?  ISSO É MUITO MAIS DO QUE UM TRABALHADOR ASSALARIADO, EM TEMPO INTEGRAL, GANHA NO BRASIL...

·      O SALÁRIO MÍNIMO, AQUI, É DE CÊRCA DE R$4100 / MES  (£1040 / MES), isto é, CÊRCA DE R$26,00 / HORA  (£6,50 por hora)!!!

Só recebem salário ‘mínimo’ aqueles que estão em trabalhos precários como:  tempo parcial, lavoura, aprendizes, diaristas, e outros de mesmo nível. 
AQUI, TODOS OS TRABALHADORES EMPREGADOS EM QUALQUER EMPREGO DE TEMPO INTEGRAL GANHAM MAIS DO QUE R$4100 / mes  (£1040 / mes)!

Isso é o que se chama de DESENVOLVIMENTO.  É por causa de BENEFÍCIOS SOCIAIS
E SALÁRIOS ELEVADOS que não há miséria aqui.

Pode-se até dizer que na Inglaterra – ou na Europa e nos EEUU – , sim, os direitos sociais seriam desnecessários – mas, o povo não pensa assim! 
NINGUÉM COMPRA VOTO, AQUI, CRIANDO DIREITOS SOCIAIS OU ACABANDO COM ELES – DIREITO É DIREITO!  TODO O POVO reconhece que, embora hoje nem todos precisem de ajuda, nunca se sabe o que pode acontecer no futuro...  SEGURANÇA E ESTABILIDADE são condições preciosas demais para se arriscar a perder...  Por que será que os brasileiros querem acabar com o pouco auxílio que têm?


CONCLUSÕES:

O problema não é o auxílio que o governo brasileiro dá aos mais pobres, mas sim os baixos salários que são pagos a todos os trabalhadores empregados!  A pessoa que escreveu o email abaixo deve com certeza ganhar muito pouco, ou não estaria reclamando...  Aliás, um zelador em regime integral de trabalho, aqui na Inglaterra, estaria ganhando PELO MENOS R$4100,00 por mes – e não estaria pensando em largar seu emprego para viver de benefícios sociais.  E se sua esposa também trabalhasse, em regime parcial de 20 horas por semana, ela estaria ganhando aqui cêrca de R$2000,00 / mes!

Está na hora de os brasileiros pararem de trocar esses emails idiotas, que atacam os poucos DIREITOS SOCIAIS que o povo brasileiro tem  (e que os partidos conservadores anteriores nem sonharam em criar!)...

Está na hora de os brasileiros pararem de se voltar contra os governos democráticos QUE ELEGERAM E QUE OS REPRESENTA.  Aliás, o presente governo é favorável ao aumento de seus salários;  mas, infelizmente, está sob pressões que o obrigam a ficar na defensiva ao invés de promover ainda mais melhorias a todos.

Está na hora de os brasileiros acabarem com a mentalidade de subdesenvolvidos que os faz tão mesquinhos e tolos, e começarem a reinvidicar
MAIS DIREITOS e MELHORES SALÁRIOS PARA TODOS, independente do partido no poder.

Está na hora de os brasileiros começarem a compreender o significado da democracia que está florescendo na América Latina  (e que estão colocando em risco com atitudes vergonhosas como a da pessoa que escreveu o email abaixo).

Está na hora de os brasileiros começarem a
LER MAIS E ESCREVER MENOS.

Democracia pode não ser a resposta a todos os problemas sociais do mundo;  mas, quando é exercida com sabedoria, com certeza ajuda!


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From:
Sent: Friday, April 11, 2014 3:29 PM
To:
Subject: O ZELADOR QUE PEDIU PARA SER DEMITIDO

O zelador de um prédio em Natal, RN, pediu à administração do condomínio onde trabalhava que fosse demitido.

Motivo:
Ele tem dois cunhados desempregados, lá mesmo em Natal, que, por conta da Bolsa Escola, Cartão Cidadão, Cartão Alimentação, Vale-Gás, Transporte Gratuito, Vale-Refeição e demais benefícios do nosso governo, dados a título de esmola, vivem melhor do que ele.

Fizemos umas continhas:

Bolsa Escola: R$175,00 para cada filho que freqüente as aulas (2 filhos) = R$350,00
Cartão Cidadão: (cujo intuito é restituir a cidadania) = R$350,00
Vale-Gás: (um por mês) = R$70,00
Transporte: (4 passagens diárias) R$8,00/dia x 20 dias = R$160,00
Vale Refeição: (um por dia) R$ 3,50/dia x 30 dias x 4 pessoas = R$420,00

Total em dinheiro ........................................................................  = R$700,00
Total em serviços ........................................................................  = R$650,00
TOTAL MENSAL ............................................................................  = R$1.350,00

Observações:
1. O salário do zelador, acrescido de horas extras, girava em torno de R$830,00/mês.

2. Todos esses benefícios estão estabelecidos na *LEI No 10.836, de 09 DE JANEIRO DE 2004*.
Como o zelador tem três filhos em idade escolar, para ele é vantajoso ficar desempregado e ter esses "benefícios".
Seu 'salário como desempregado' irá girar em torno de R$1.525,00, quase o dobro do que ganha trabalhando. 

Sabe quem paga por isso? 'NÓS', os 'OTÁRIOS'!
Por que você acha que o Nordeste, em peso, votou no Lula?

PORTANTO

Trabalhem duro, porque milhões de pessoas que vivem do Fome-Zero e do Bolsa-Família, sem trabalhar, dependem de você!

E agora também vai ter a Bolsa Celular e a Bolsa Cultura (R$50,00 por mês para irem ao cinema)!!!
ESSES SÃO OS ELEITORES COMPRADOS PELO PT QUE NÓS ESTAMOS SUSTENTANDO!!!

10 de abr. de 2014

Sobre Carteira de Trabalho assinada

Empregada doméstica no Brasil é um costume enraizado na sociedade. Parece que todo mundo precisa de uma – até as empregadas têm uma ‘ajudante’! Talvez, com a nova lei que prevê o pagamento de multa de um salário mínimo caso o empregador não assine a Carteira de Trabalho do empregado doméstico, o Brasil comece a modernizar um pouquinho nessa área, também... Afinal, quem não quer – ou não pode – pagar os direitos dos trabalhadores, não deve ter empregados.

Para os empregados domésticos, a lei é boa;  mas, há patroas/patrões que não vão gostar, por algum motivo e, por isso, alguns trabalhadores talvez percam seus empregos.

Há pelo menos quatro possíveis reações dos empregadores:
1.    Para os mais endinheirados, ou para aqueles que respeitam os direitos trabalhistas dos empregados domésticos e, portanto, já pagam por tais direitos, essa lei não vai fazer diferença.  Na verdade, eles vão aplaudí-la.
2.    Para os menos endinheirados, que não pagam direitos trabalhistas mas que precisam de ajuda e têm empregada à qual pagam os menores salários possíveis, talvez seja preciso achar outra outra solução para seus problemas domésticos, talvez dependendo menos da empregada ao levar as crianças a uma creche, por exemplo, ou contratando uma faxineira uma vez por semana, encomendando marmitas...
3.    Para os que, podendo ou não, NÃO QUEREM PAGAR NEM UM CENTAVO A MAIS para a ‘burra de carga’ que faz todo o serviço da casa, essa lei NÃO vai pegar pois vão dizer à coitada da empregada que ‘se quiser o emprego, tem que ser SEM carteira assinada’.  Essa mentalidade ocorre geralmente entre aqueles que têm sonhos de ascenção social e por isso se sentem ameaçados quando vêm que outras pessoas também começam a ter seu lugar ao sol.  Essa mentalidade ocorre também entre aqueles que acham que o governo ‘corrupto’ do Brasil tem ‘estragado’ os trabalhadores ao criar leis que atendem seus direitos mais básicos.
4.    Para quem não precisa de empregada, mas tem uma pra poder ‘descansar um pouquinho’, essa lei talvez ajude a mudar de vida e a começar a cuidar de seus próprios afazeres sem recorrer ao trabalho alheio.  Talvez seja melhor esquecer o descanso  (preguiça?) e começar a arregaçar as mangas...
Eu não tenho empregada há 26 anos e moro em casa de 4 quartos, 2 salas grandes, 3 banheiros...  Hoje, somos apenas dois e trabalhamos em casa e em tempo parcial;  mas houve época em que éramos quatro e, até recentemente, trabalhávamos em tempo integral.  Nossa casa está lotada de objetos;  mas, aprendi a não agir de forma doentia em questão de limpeza – tiro o pó da mobília e limpo o chão, os tapetes e os banheiros apenas uma vez por semana ou quando necessário –, e meu maridão ajuda de vez em quando!  Cozinho o melhor que posso – não compramos alimentos processados e, como fazemos uma dieta livre de glúten, faço em casa pão e bolos com farinha especial, sem glúten.  A roupa é lavada na máquina  (e cada um passa a sua a ferro).  Trabalho bastante, é claro, mas me sinto bem quando o faço, sinto que contribuí de alguma forma para com a nossa existência – e sobra muito tempo pra fazer outras coisas!



Empregadores pagarão multa por não assinar carteira de doméstico
Agência Brasil, 09/04/2014 10h09
Brasília
Carolina Sarres - Repórter da Agência Brasil.   Edição:  Graça Adjuto

A presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que prevê o pagamento de multa de um salário mínimo, atualmente R$ 724, caso o empregador não assine a Carteira de Trabalho do empregado doméstico.  A Lei 12.964 foi publicada hoje (9) no Diário Oficial da União.  A possibilidade de pagamento de multa em caso de infração passa a valer em agosto deste ano, 120 dias após a publicação desta quarta-feira.

A nova legislação inclui um dispositivo que dispõe sobre a
profissão de empregado doméstico, da década de 70.  Segundo o artigo adicionado, as multas e os valores estabelecidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para os demais trabalhadores passarão a valer também para os domésticos, caso o empregador não anote na Carteira de Trabalho a data de admissão e a remuneração do funcionário.

De acordo com a CLT, uma empresa – ou, no caso do trabalhador doméstico, o empregador – que não registrar em carteira a contratação terá de pagar um salário mínimo por funcionário não registrado. A multa dobra caso haja reincidência.

Conforme entendimento da Justiça do Trabalho, um empregado doméstico tem de exercer atividades em determinada residência pelo menos três vezes por semana para que seja estabelecido o vínculo empregatício e passem a valer as regras trabalhistas.  Caso contrário, trata-se de diarista, em que não há obrigatoriedade de formalização por meio de Carteira de Trabalho.

4 de abr. de 2014

Como alcançar a paz mundial

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o governo doa EEUU tem sido responsável pela morte de milhões de pessoas em todo o mundo ao atacar países militarmente incapazes de se defenderem, usando a desculpa de estar a defender-se contra as ameaças do comunismo ou contra ataques de inimigos.

A verdadeira razão de tantos ataques é que o Império Americano está tentando manter-se no topo desde que tornou-se a maior potência mundial após a Segunda Guerra Mundial. Manter o resto do mundo sob seu controle tornou-se sua atividade principal. Assim, a possibilidade de que outros países venham a se desenvolver ou a tornar-se competidores, ou a possibilidade de que venham a ter governos genuinamente democráticos ou socialistas e, portanto, hostís ao imperialismo, tornaram-se nas principais ameaças que os EEUU vêem à sua soberania.

No artigo abaixo, o jornalista Finni Cunningham faz um apêlo ao povo dos EEUU para que mudem a política externa do país como forma de transformar a realidade de terror em que a maioria dos povos do mundo vive, sob as ameaças desse país. Este talvez seja um apêlo ingênuo – tendo em vista o controle ideológico da mídia sobre os americanos –; entretanto, levanta a possibilidade de discutir-se o papel daquele país no mundo em que vivemos.

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Como os americanos podem ajudar a paz mundial
Por Fini Cunningham, BSNEWS

Um primeiro passo para a paz mundial é o povo americano controlar seu governo imprudente no cenário internacional e pará-lo de trazer miséria para tantos.

People hold a banner reading "Barack Obama, Chief of the Permanent War" as they protest against the visit of US President Barack Obama near the US Embassy in Rome on March 27, 2014.
Pessoas seguram uma bandeira onde está escrito "Barack Obama, Chefe da Guerra Permanente" enquanto protestam contra a visita do Presidente dos EEUU, Barack Obama, perto da Embaixada dos EUA em Roma, em 27 de março de 2014

Os americanos precisam tanto de governo democrático quanto o resto do mundo precisa se livrar do policial global xucro de Washington.

Isto pode vir como um choque para muitos americanos comuns que tendem a pensar que seu país já é o farol da luz democrática para o mundo, concedendo todos os tipos de benevolência para os outros. Esse "excepcionalismo americano" tão delirante tem que acabar. Os Estados Unidoa da América só é especial em um aspecto muito negativo. Desempenha um papel central em fomentar conflito em quase todos os cenários que cuidemos de olhar.

Vemos este nefasto papel dos EUA na interminável farsa israel-palestins, conhecida como "processo de paz". Na realidade, esse processo nada mais é do que uma contínua luz verde para o regime israelense cometer ousadaviolação das leis internacionais contra o sofrido povo palestino.

O Secretário de Estado dos EUA John Kerry esta semana correu para o regime israelense alegadamente para exortar seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a se envolver com os palestinos. Para muitos americanos comuns, conforme dito em seus meios de comunicação, Washington está atuando como um infeliz pacificador entre dois adversários implacáveis. Errado.

Os EUA é mimando, como sempre o fêz, um regime israelense sistematicamente criminoso, que continua a construir assentamentos ilegais em violação dos princípios de Genebra e de Nuremberg, e que está renegando compromissos passados para liberar incondicionalmente milhares de prisioneiros palestinianos como parte do acordo de Oslo assinado há mais de 20 anos.

Washington não faz nada, nada, para impedir essa afronta israelense à humanidade. Na verdade, os EUA são totalmente coniventes com esses crimes contra a humanidade ao financiar o regime israelense na ordem de US $3 bilhões anualmente.

Essa bajulação por Washington foi enfatizada também esta semana pelo Chefe do Exército dos Estados Unidos Martin Dempsey que estava visitando seu homólogo israelense Benny Gantz. Fotografias dos chefes militares sorridentes, dias depois de Israel ter matado civis em ataque aéreo em Gaza, falam da relação real, e mostram inequivocamente de qual lado Washington está no que se refere a esse sofrimento em massa há décadas. Nunca haverá paz na Palestina – por causa de Washington.

Enquanto isso, vemos também o papel hostil dos Estados Unidos em um novo alargamento do conflito entre Coreia do Norte e do Sul. Os dois países esta semana trocaram fogo ao vivo em sua fronteira marítima, acompanhado de avisos de guerra. Mais uma vez, os EUA se colocam aqui como uma espécie de "mediador honesto" de paz entre as duas partes beligerantes.

No entanto, apenas algumas semanas atrás, Norte e  Sul haviam começado um acordo mútuo inovador para permitir visitas de família entre as duas metades separadas da península coreana, que foi dividida desde o fim da guerra civil em 1953.

Previsivelmente, essa iniciativa de paz pequena, mas significativa, foi interrompida por causa dos jogos de guerra nos quais os EUA e seu aliado sul-coreano embarcam a cada ano. Esses exercícios militares envolvem ensaios provocantes de invasão da Coreia do Norte, liderada pelos EUA. No ano passado, os exercícios implicaram no sobrevoo de bombardeiros de armas nucleares dos EEUU sobre o território norte-coreano.

Durante a guerra da Coréia de 1950-53, a parte norte da península foi bombardeada impiedosamente pelos aviões de guerra dos Estados Unidos, até o ponto onde as pessoas foram forçadas a viver em cavernas profundas nas montanhas a fim de sobreviver ao ataque. Hoje, os chamados jogos de guerra americanos não são nenhum assunto insignificante para os norte-coreanos que perderam milhões de pessoas na incineração americana do passado.

Passadas seis décadas, os EUA reclamam o direito de impor seu poder militar sobre a Coréia sob o pretexto de ser "pacificador" e "protetor". O fato é que as duas Coreias provavelmente reverteriam à justiça natural de um país unificado se Washington empacotassem seu espectro militar gigante e fossem pra casa.

Claro, os EUA não vão fazer isso porque a verdadeira razão para sua presença na Coréia é projetar seu poder militar sobre a região Ásia-Pacífico, em especial sobre a China. Esta presença perniciosa, irracional de militares americanos na região também conduz às tensões recorrentes entre a China e os países vizinhos, incluindo Japão, Filipinas e Vietnã.

De volta para o Oriente Médio, a catástrofe humanitária da Síria é o resultado da luta pela mudança de regime liderada pelos EUA naquele país. Como o membro superior da OTAN e principal patrocinador militar da Arábia Saudita e de outras ditaduras monárquicas do Golfo Pérsico, que estão a armar os mercenários estrangeiros a saquear aquele país, Washington é o principal agente a prolongar o conflito na Síria. Este banho de sangue está em seu quarto ano e reclamou mais de 130.000 vidas. Proporcional à população, o número de mortes seria equivalente a mais de 1,7 milhões de cidadãos americanos, se a Síria fosse de alguma forma patrocinar uma guerra de terror secreta dentro dos Estados Unidos.

A tolerância americana dos déspotas árabes do Golfo Pérsico é também a razão por que as pessoas de Bahrein continuam a ter seus direitos democráticos esmagados, e por que milhares de pessoas, de sua pequena população, definham em masmorras de tortura.

Planos dos EUA, como revelado pelo General Martin Dempsey esta semana, de trazer os déspotas árabes para formar uma aliança militar mais próxima a Israel inevitavelmente levarão a mais tensões e conflito na região em direção ao Irã. Isto levará previsivelmente a mais falsas alegações sobre ambições nucleares iranianas, que por sua vez levará à continuação das sanções ofensivas contra o Irã. Em suma, esta é uma fórmula para conflito perpétuo no Golfo Pérsico como patrocinado por Washington. E, claro, perpétuas vendas de armas americanas.

Finalmente, nós podemos notar o papel dominante, negativo desempenhado pelos Estados Unidos em alimentar tensões entre a Europa e a Rússia na questão da Ucrânia. Como revelado em uma coluna anterior, o raciocínio estratégico de Washington desde o fim da Segunda Guerra Mundial tem sido para garantir a separação de Moscou dos outros Estados europeus. Trata-se de preocupações americanas implícitas sobre o comércio de energia combustível, influência política e militar, e a sobrevivência do falido dólar como moeda de reserva mundial.

A operação de mudança de regime instigada por Washington na Ucrânia no final de fevereiro, que resultou em uma junta fascista não eleita subindo ao poder em Kiev, criou a pior crise diplomática entre a Europa e a Rússia por décadas. Os EUA parecem determinados a aumentar as tensões com seu estridente pedido de sanções econômicas contra o governo do Presidente Putin e o aumento das forças militares da OTAN a cercar a Rússia.

Poderíamos adicionar mais provas, tais como o atual incitamento dos EUA de violência na Venezuela; e seu apoio contínuo, crucial para a junta militar no Egito, que derrubou a democracia, no ano passado, quando depôs o Presidente eleito, Mohamed Morsi, e que desde então causou milhares de mortes nos últimos nove meses, incluindo centenas de apoiantes da Irmandade Muçulmana sendo condenados à morte em ultrajantes julgamentos fantoches.

O fato preocupante para muitos americanos é que o mundo seria um lugar melhor, muito mais pacífico se apenas seu governo gastasse mais tempo e recursos cuidando das onerorosas necessidades sociais de seu próprio país. Escusado será dizer, a América seria também um lugar muito melhor para os seus cidadãos.

Mas este resultado eminentemente razoável não acontecerá nas presentes circunstâncias, porque o governo dos EUA depende de sua capacidade de criar conflito imperialista no exterior.

Esse fato simples, desprezível sobre a verdadeira natureza do governo dos EUA não vai mudar até que o povo americano mude radicalmente a natureza fundamental da política e da economia de seu país, começando com a expulsação dos plutocratas dos grandes negócios dos dois partidos majoritários.

Os americanos precisam descobrir a verdadeira democracia, não a versão do Mickey Mouse com a qual têm sofrido lavagem cerebral. Então, o mundo poderá começar a conhecer a paz.



Fini Cunningham (nascido em 1963) tem escrito extensivamente sobre assuntos internacionais, com artigos publicados em várias línguas. Ele é formado e tem mestrado em química agrícola e trabalhou como editor científico para o Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Ele também é músico e compositor. Há quase 20 anos, trabalhou como editor e escritor em grandes organizações, incluindo The Mirror, Irish Times e Independent. Originalmente de Belfast, na Irlanda, ele agora está localizado no leste da África como jornalista freelance, onde está escrevendo um livro sobre Bahrein e a Primavera Árabe, com base em sua experiência como testemunha ocular, trabalhando no Golfo Pérsico como editor de uma revista de negócios e, posteriormente, como correspondente de notícias freelance. O autor foi deportado de Bahrein, em junho de 2011, por causa de seu jornalismo crítico no qual destacou as violações sistemáticas dos direitos humanos pelas forças do regime. No momento, é colunista de política internacional para Press TV e Strategic Culture Foundation.