23 de set. de 2016

“Jornalismo baseado em rumores é como terrorismo” – Papa Francisco


O jornal online RT publicou hoje  (23) uma notícia sobre um encontro do Papa Francisco com repórteres italianos.  Ele teria alertado que devemos ser cuidadosos pois podemos matar com nossas línguas.  Isso seria ainda mais verdadeiro em relação a jornalistas;  portanto, seu trabalho deve ser profissional e nunca baseado em rumores.

Na quinta-feira  (22), em um encontro do Conselho Nacional da Ordem dos Jornalistas da Itália, que reuniu cerca de 400 pessoas, o Papa Francis destacou a importância do profissionalismo na atividade jornalística, visto que se trata da base de uma sociedade independente e pluralista.

Eu tenho frequentemente falado que ‘rumores’ são como terrorismo, que pode-se matar uma pessoa com a língua’, o Papa Francisco disse.  Se isso é válido para cada um de nós, na família ou no trabalho, é ainda mais válido para os jornalistas porque sua voz pode chegar a todos – e essa é uma arma poderosa.’

A denúncia dos erros, ele continuou, não deve vir às custas do desrespeito do outro porque ‘o injustamente difamado pode ser destruído para sempre.

O jornal online RT lembra que as observações do Papa se aplicam bem à Itália – um país onde, como ocorre no Brasil, os controles da difamação através da imprensa são precários.  Tal foi o caso em 2009, quando, segundo o Guardian, o Conselho dos Jornalistas atacou o então primeiro-ministro Silvio Berlusconi depois que um dos jornais de sua família começou a atacar o caráter de um magistrado que havia decidido contra uma das empresas da família Berlusconi.

Numa referência a mais prementes questões que afetam o planeta – particularmente a cobertura da crise de migração – o Papa disse que o jornalismo não deve ser uma "arma de destruição de pessoas e mesmo povos inteiros."

O jornalismo no Brasil

As observações do Papa Francisco aplicam-se perfeitamente aos acontecimentos no Brasil nos últimos anos.

Aqui, a grande mídia não apenas tem procurado destruir os ex-presidentes Lula e Dilma como também tem ocultado importantes fatos da população.  Ciente das consequências de sua atitude, a mídia em promovido escândalos para gerar uma visão deturpada da verdade.  Sem promover esclarecimentos sobre os assuntos, tem defendido saídas que vão diretamente contra os interesses dos trabalhadores.  Enquanto ativamente coordenando os movimentos da oposição, a grande mídia brasileira tem ignorado os protestos, as greves, os movimentos pela democracia e contra o golpe.

Isso indica que a mídia brasileira tem usado seu poder para promover seus interesses privados contra os interesses legítimos do povo brasileiro.

Isso tanto é verdade que muitos brasileiros precisam recorrer aos blogs e à mídia internacional para obter informação sobre o que de fato ocorre no país; que diversos grupos organizados da população procuram promover no exterior uma outra versão dos fatos, a qual tem sido consistentemente ocultada do povo brasileiro.

Em sua conversa com os jornalistas na Itália, o Papa Francisco também afirmou que o jornalismo não deve ser feito sobre o que os jornalistas e a mídia para a qual trabalham acreditam, mas sim sobre a informação, sobre o fato.  E que jornalistas nunca deveriam ir adiante com uma história que sabem ser falsa.


"Eu entendo que, no jornalismo de hoje, com um fluxo ininterrupto de fatos e eventos 24 horas por dia, sete dias por semana, não é sempre fácil chegar à verdade, ou até mesmo chegar perto dela", ele disse.  No entanto, "mesmo no jornalismo, é necessário discernir entre as diversas possibilidades."

O
Papa Francisco lembrou ainda que "em toda a história, as ditaduras – de qualquer orientação ou 'cor' – sempre comprometeram não apenas a mídia, mas também impuseram novas regras para a profissão."

O Papa é conhecido por fazer discursos apaixonados que vão além do seu círculo de seguidores e colocam a Igreja Católica sob holofotes, muitas vezes com sua mensagem positiva de inclusão.  Essa sua interlocução com os jornalistas italianos, embora tenha sido dirigida à questão dos imigrantes, com certeza aplica-se também ao Brasil.