28 de jun. de 2016

Uma opinião divergente: a saída do Reino Unido da União Europeia sob o prisma da teoria da conspiração

Parece que muitas coisas estão acontecendo simultaneamente...

O resultado esperado do referendo britânico sobre a filiação do Reino Unido à União Europeia, conforme pesquisas feitas dias antes, era favorável ao FICA (‘STAY’). No entanto, o resultado final foi SAI (‘LEAVE’) por uma confortável margem de cerca de 4%.

Agora, logo após o desastre do referendo no Reino Unido – desastre pois vai ser negativo para a maioria absoluta dos ingleses –, a campanha de Hillary Clinton à presidência dos EEUU vem com a notícia de que as intenções de voto a Donald Trump caíram abaixo de 40%!

Como pode? Parece manipulação de campanha eleitoral...

Pode-se até mesmo fazer a pergunta: estaria a campanha de Clinton usando o resultado do referendo no Reino Unido para promovê-la? Mais ainda: teriam eles acertado o resultado com antecedência?

A ida do Presidente Obama a Londres para ‘ajudar’ Cameron na campanha pelo FICA, em abril, teve resultado negativo, conforme o jornal The Daily Mail noticiou em 28 de abril: “David Cameron esperava que a visita fosse decisiva no debate sobre o referendo; mas, a pesquisa YouGov conduzida na segunda e terça feiras mostrou que a campanha pelo SAI havia subido três pontos desde a última pesquisa duas semanas antes.”

De fato, a mensagem de Obama funcionou mais como uma ameaça do que como um conselho ‘paternal’ sobre as consequências do SAI, ao dizer ao povo britânico que o Reino Unido iria para o ‘fim da fila’ nos negócios estrangeiros dos EEUU se saísse da UE.

Desde quando os ingleses aceitam ser instruídos por autoridades estrangeiras sobre o que devem e o que não devem fazer? Quanto mais serem ameaçados! Só podemos explicar a subida, na pesquisa, pela escolha da saída da EU após a visita de Obama se entendermos isso como tendo sido por protesto.

Nas últimas décadas, a deterioração da qualidade de vida dos ingleses foi atribuída à UE pelos governos britânicos, que sempre tentaram negociar direitos especiais para o reinado no Tratado de Maastricht. A extrema-direita cresceu nesse período acusando a UE e a fraqueza do governo britânico pela queda da qualidade de vida do povo. Tanto os governos quanto a extrema-direita nunca debateram as verdadeiras razões da deterioração do bem estar. Assim sendo, o resultado do referendo não deveria ter surpreendido ninguém.

Agora, tenho algumas perguntas que me parecem relevantes diante dos fatos.


Vamos por pontos: em fevereiro, o americano Jim Messina, chefe da campanha presidencial de Obama, foi apontado Conselheiro Estratégico Sênior na campanha do governo britânico pelo FICA, ao lado do inglês Craig Oliver, Diretor de Comunicações do Primeiro-Ministro David Cameron.

Messina, guru da campanha de Obama, como Copresidente da firma Priorities USA Action, uma Super PAC, está também apoiando a campanha presidencial de Clinton nos EEUU. Uma nota sobre as Super PACs: tendo surgido em 2012, as Super PACS são entidades independentes (PAC é abreviatura do inglês Political Action Committee: Comitê de Ação Política), que apoiam candidatos com doações ilimitadas, frequentemente anônimas, de empresas, sindicatos e indivíduos; essas entidades não podem contribuir diretamente para o candidato, mas podem fazer propaganda sobre o candidato – ou propaganda negativa sobre seu/s oponente/s.

A competição (‘race’) pela presidência dos EEUU não é para principiantes. Muito dinheiro é investido. A atual campanha de Clinton já conta com mais de US$ 310 milhões, enquanto a campanha de Donald Trump, seu adversário, conta com ‘apenas’ US$ 66 milhões (o total da campanha de todos os candidatos já ultrapassou US$ 830 milhões!). O que está em jogo na presente campanha, com enorme impacto histórico, é a continuação da empreitada americana pela hegemonia global – na qual milhões de vidas já se perderam em diversas guerras regionais. Enquanto Clinton representa a continuação da política atual, Trump representa a mudança. E a mudança certamente acarretará em consequências para os EEUU que, de certa forma, poderiam ser comparadas às consequências para o Reino Unido de sua saída da UE, consequências muito bem conhecidas antes do referendo por todos aqueles bem informados. Por isso, podemos afirmar que, nessa ‘corrida’ pelo poder nos EEUU, tudo vale.

Assim sendo, aqui vão as perguntas:

Teria Messina compreendido que o SAI para o Reino Unido seria favorável à campanha de Clinton e desfavorável à de Trump? E, sendo assim, teria ele criado as condições ideais para que a escolha do povo britânico fosse pelo SAI, inclusive com a ida do Presidente Obama ao reinado para ‘tentar’ convencer os ingleses a votar pelo FICA, compreendendo que o efeito seria negativo?

Em outras palavras: teria o envolvimento de Messina na campanha pelo FICA influenciado, de alguma forma, o resultado do referendo pelo SAI, a fim de ajudar a campanha de Clinton nos EEUU?

Além disso, estariam as consequências da saída do Reino Unido da UE sendo usadas agora para intimidar outros membros da UE que estejam pensando em sair? Isso porque, se ficarem, os países que compõem a UE podem mais facilmente ser controlados pelos EEUU...

No extraordinário jogo geopolítico dos EEUU, tudo pode acontecer... Somente com Clinton a elite pode garantir a continuação da política externa americana. Se Clinton está se beneficiando do resultado do referendo britânico, a suspeita de interferência é válida, como também a ideia de conspiração…

Será que o resultado obtido foi exatamente o esperado, e a elite britânica, seu governo e o governo dos EEUU foram cúmplices de uma conspiração para dar a última cartada no jogo geopolítico pela hegemonia e pela continuidade das políticas externas agressivas do império americano? Como alguém já sugeriu: ou Cameron é o maior mentiroso do mundo, ou o maior tolo. Por que teria ele ido em frente com o referendo, se era tão perigoso para o reinado? Tolice? Ou blefe? Havia muito a perder para ser apenas um lance arriscado...

Mesmo que o governo conservador decida que não vai aprovar o referendo, visto que ele se transforma em lei apenas após a aprovação do parlamento, a possibilidade de que tudo tenha sido uma bem-planejada operação – Operation Brexit – ainda vigora, e os objetivos finais podem ser atingidos. Sem dúvida, os ‘escândalos’ cuidadosamente planejados e divulgados pelos experts em engenharia social, alertando o povo sobre os ‘prejuízos’ da saída da U
E, estão demarcando uma poderosa ‘linha vermelha’ para os outros países membros da UE. Além disso, uma inteligente limpeza dos políticos mais perigosos para o establishment britânico está em andamento, como por exemplo a de Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista e da oposição, a quem o Primeiro Ministro está pedindo que renuncie!

Essa 'teoria da conspiração' faria sentido até para os que pensam que o sistema financeiro internacional está quebrado, que não há saída para os EEUU, que é muito tarde para tentar qualquer coisa. Isto porque, diante da quebra do sistema, pode ser que a ordem agora seja quebrar tudo, a começar pela UE. E, para isso, o Reino Unido seria o primeiro a se sacrificar...

Se houve conspira
ção, trata-se de um ‘tudo ou nada’, pois os integracionistas sabem muito bem que, se – ou talvez seja melhor dizer ‘quando’ – chegar a vez dos povos do mundo, TUDO aquilo que eles têm agora se transformará em NADA... Ou seja, a sonhada Revolução Social dos povos poderá finalmente acontecer, tirando do poder uma elite que vem dominando por milênios.

Mesmo que tenha realmente havido conspiração para garantir que o resultado do referendo pudesse ser usado para promover Clinton, mesmo que ela seja eleita presidente dos EEUU, isso não implica na vitória final do império em sua ânsia de controlar a Europa pois a extrema-direita europeia está disposta a lutar, invertendo o discurso e elevando os ânimos dos soberanistas apesar da imediata propaganda negativa na mídia, para desespero dos integracionistas. Mesmo com Clinton, talvez o império americano esteja realmente chegando ao fim...

Veremos. Com certeza, vivemos numa época muito interessante.

Será que o tiro saiu pela culatra?


O governo do Reino Unido realizou o referendo sobre sua vinculação à União Europeia para aliviar a tensão interna no Partido Conservador, onde cerca de 40% dos parlamentares se opunham à adesão à UE por razões de soberania.  O referendo havia sido também uma promessa de campanha do partido.  O povo, incitado pela propaganda ufanista da ala do Partido Conservador contrária à adesão à UE, e amedrontado com a propaganda do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP;  partido de extrema-direita) contra a imigração, votou pela saída da UE.

Portanto, por mais paradoxal que possa parecer, a votação britânica pela saída da UE não representa uma rejeição deste consórcio por seus fracassos percebidos e analisados. Os mais satisfeitos com o resultado são os partidos de extrema-direita europeus, que antecipam um 'efeito dominó' na Europa Ocidental com referendos em outros países e resultados idênticos.

O fato é que a Europa Ocidental está inquieta. Lesado pelo desemprego e pela imigração que barateia o custo da mão-de-obra, e preocupado com a decadência dos serviços sociais, o povo está farto das mentiras dos políticos. Se dependesse da decisão do povo, a UE seria extinta.

A verdade, no entanto, é que a crise global está por trás dos problemas enfrentados por todos os países do mundo. A crise no Reino Unido seria ainda pior se não participasse da UE, onde tem acesso ao maior mercado consumidor do planeta sem ter que pagar alfândega (‘free-trade’:  livre comércio) - US $ 1,6 trilhões anualmente e 500 milhões de consumidores.  Além disso, os trabalhadores britânicos têm seus direitos garantidos pela UE  (segurança do trabalho, saúde, educação...), enquanto os capitalistas ingleses queixam-se de tais medidas. Os trabalhadores têm o direito de viver, trabalhar e se aposentar no continente.  Privilegiado por sua aliança com a União Europeia, o Reino Unido também recebeu investimentos externos favoráveis à sua economia, como por exemplo ao sediar grupos de comerciantes chineses, japoneses e americanos que, por residirem na Grã-Bretanha, têm direitos especiais para fazer negócios na UE.  E possivelmente o mais importante benefício ao povo do Reino Unido seja a política de proteção ambiental da UE, por ser mais à esquerda do que a do governo conservador, que dá prioridade aos negócios.

Se todos esses fatores tivessem sido tomados em consideração no referendo, o resultado possivelmente teria sido bem diferente.  E é por tudo isso também que, agora, está havendo uma reação dos setores mais afetados pelo resultado  (mas tudo indica que não haverá nenhum retorno – os grupos mais reacionários ameaçam reagir se o resultado do referendo não for aceito).

Isto não quer dizer que a UE está isenta de culpa pelos problemas enfrentados pelos países membros.  Esta é uma organização que responde aos interesses do capital.  Suas políticas são neoliberais, conforme recomendações do Fundo Monetário Internacional, as quais, agora, estão sendo criticada pelo próprio fundo:  austeridade, controle fiscal, etc.

Tudo indica ainda que um dos objetivos da UE consiste em controlar o destino político dos seus Estados-membros ao unificá-los em seu projeto 'integracionista'.  Além disso, mais recentemente, por razões geopolíticas, a UE tem estado sob forte pressão dos Estados Unidos:  para reforçar sua posição hegemônica, os EUA se opõem à cooperação econômica entre a UE e a Rússia (que favoreceria a ambos).  Muitas oportunidades de negócios estão sendo perdidas, ferindo a economia e o povo.  Talvez seja por isso que outros países europeus estão considerando referendos.  De qualquer forma, tudo indica que há descontentamento com as rédeas impostas pela UE.

Pode-se dizer que a sobrevivência da União Europeia depende agora do bloqueio aos referendos ou, talvez, de uma revisão na postura submissa de Bruxelas em relação aos EUA, resultando no estabelecimento de relações econômicas, com países como a Rússia e outros, que permitam a adopção de medidas adequadas para combater a crise.  Usando a nomenclatura dos analistas geopolíticos, os 'integracionista' talvez devam dar a vez aos 'soberanistas'.

A situação está ainda muito volátil...

1 de jun. de 2016

Golpistas estão destruindo a soberania brasileira...


Resolvi publicar o texto abaixo, do jornalista Mauro Santayana, pois seu conteúdo é importante.  Se argumentos como os dele não forem capazes de convencer os mais turrões, tudo estará perdido para o Brasil, para os brasileiros...

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A 'multa-bomba' de R$ 7 bilhões 


Estamos cheios de gente com contas na Suíça solta, e sem contas na Suíça atrás das grades – com a onipotente destruição do país, de milhares de empregos e bilhões em investimento
Mauro Santayana*, Blog do Mauro Santayana / RBA, 17/04/2016 10:04


Marinha do Brasil e SAAB group

Finalmente, depois de meses de pressão desumana, gestapiana, sobre o empresário Marcelo Odebrecht, o juiz Sérgio Moro levou-o a julgamento, condenando-o – baseado não em provas de sua participação direta, mas na suposição condicional de que um empresário que comanda uma holding com mais de 180 mil funcionários e que opera em mais de 20 países tem a obrigação de saber de tudo que ocorre nas dezenas de empresas que a compõem – a 19 anos e quatro meses de prisão.

Não satisfeito com a pena, e com a chantagem, que prossegue – já que o objetivo é quebrar o exemplo do réu:  um dos poucos que não se dobraram à prepotência e ao arbítrio – com o aceno ao preso da possibilidade de “fazer delação premiada a qualquer momento” –, o juiz Moro, na impossibilidade de provar propinas e desvios, ou a existência de superfaturamento da ordem dos bilhões de reais alardeados aos quatro ventos desde o princípio dessa operação, pretende impor ao grupo Odebrecht uma estratosférica multa “civil” que pode chegar a R$ 7 bilhões – mais de 12 vezes o lucro da empresa em 2014 – que, pela sua magnitude, se cobrada for, deverá levá-lo à falência, ou à paralisação destrutiva, leia-se sucateamento, de dezenas de obras e de projetos, a maior parte deles essenciais, estratégicos, para o futuro do Brasil nos próximos anos.

Com a imposição dessa multa, absolutamente desproporcional, da ordem de 30 vezes as quantias que a sentença afirma terem sido pagas em propina pela Odebrecht, por meio de subsidiárias situadas no exterior, a corruptos da Petrobras que já estão, paradoxalmente, soltos, o juiz Sérgio Moro – e seus colegas do Ministério Público de uma operação que deveria se chamar “Destrói a Jato” – prova que não lhe importam, em nefasto efeito cascata, nem as dezenas de milhares de empregos que ainda serão eliminados pelo grupo Odebrecht, no Brasil e no exterior, nem a quebra de milhares de acionistas e fornecedores do grupo, nem a paralisação das obras com que a empresa se encontra envolvida neste momento, nem o futuro, por exemplo, de projetos de extrema importância para a defesa nacional, como os submarinos convencionais e o submarino nuclear brasileiro que estão sendo fabricados pela Odebrecht em parceria com a DCNS francesa, ou o míssil ar-ar A-Darter, que está sendo construído por sua controlada Mectron, em conjunto com a Denel sul-africana, além de outros produtos como softwares seguros de comunicação estratégica, radares aéreos para os caças AMX e produtos espaciais.

Considerando-se que se trata de uma decisão meramente punitiva, ao fazer isso o juiz Moro age, no comando da Operação Lava Jato, como agiria o líder de uma tropa de sabotadores estrangeiros que colocasse, diretamente, com essa sanção – e uma tremenda carga de irresponsabilidade estratégica e social – centenas de quilos de explosivos plásticos no casco desses submarinos, ou nos laboratórios onde ficam os protótipos desse míssil, sem o qual ficarão inermes os 36 aviões caça Gripen NG-BR que estão sendo desenvolvidos pelo Brasil com a SAAB sueca.

Que não tenha ele a ilusão de que essa sua sanha destrutiva esteja agradando às centenas de técnicos envolvidos com esses projetos, ou aos almirantes da Marinha e brigadeiros da Aeronáutica que, depois de esperar décadas pela aprovação desses programas, estão vendo-os sofrer a ameaça de serem destruídos técnica e financeiramente de um dia para o outro.

Como um inútil, estúpido, sacrifício, um absurdo e estéril tributo da Nação – chantageada e manipulada por uma parte antinacional da mídia, que não tem o menor compromisso com o futuro do país – a ser realizado no altar da vaidade de quem parece pretender colocar toda a República de joelhos, até que alguém assuma a responsabilidade de impor, com determinação, bom senso e respeito à Lei e à Constituição Federal, limites à sua atuação e à implacável, imparável, destruição, de alguns dos principais projetos e empresas nacionais.

Enquanto isso, para ridículo do país e divertimento de nossos concorrentes externos, nos congressos, nos governos, na área de inteligência, nas forças armadas de outros países, milhares de tupiniquins vibram, nos bares, na conversinha fiada do escritório, nos comentários que agridem e insultam a inteligência nas redes sociais, com a destruição de um dos principais grupos empresariais do Brasil, deleitando-se com a perda de negócios e empregos, e com a sabotagem e incompreensível inviabilização de algumas de nossas maiores obras de engenharia e de defesa, mergulhados em uma orgia de desinformação, hipocrisia, manipulação e mediocridade.

Mesmo que Marcelo Odebrecht venha a aceitar, eventualmente, fazer um acordo de delação premiada, nenhum jurista do mundo reconheceria, moralmente, a sua legitimidade.

Não se pode pressionar ninguém, a fazer acordos com a Justiça, para fazer afirmações que dependerão da produção de provas futuras.  Assim como não se pode confundir o combate à corrupção – se houver corruptos que sejam julgados com amplo direito de defesa e encaminhados exemplarmente à cadeia:  estamos cheios de gente com contas na Suíça solta, e sem contas na Suíça atrás das grades – com a onipotente destruição do país e de milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.

A pergunta que não quer calar é a seguinte:  se a situação fosse contrária, e um juiz norte-americano formado no Brasil e “treinado” por autoridades brasileiras, a quem propôs, por mais de uma vez, sua “cooperação”, estivesse processando um almirante envolvido com o programa nuclear norte-americano, e influindo no destino de todo um programa de submarinos, da construção de um novo submarino atômico, e do desenvolvimento de um míssil ar-ar para a US Air Force, a ponto de a empresa norte-americana responsável por ele ter de ser provavelmente vendida a estrangeiros, ele teria chegado, à posição em que chegou, em nosso país, o juiz Sérgio Moro?

Ou já não teria sido denunciado por pelo menos parte da imprensa dos Estados Unidos, e chamado à razão, em nome da segurança e dos interesses nacionais, por autoridades – especialmente as judiciais – dos Estados Unidos?


O único consolo que resta, nesta nação tomada pela loucura – lembramos por meio destas palavras que, quem sabe, venham a ser transportadas, em bits, para o amanhã –, é que, sob o olhar do tempo, que para todos passará, inexoravelmente, a História, magistrada definitiva e atenciosa, criteriosa e implacável, vigia, registra e julga.

E cobrará caro no futuro.

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*  Mauro Santayana é um jornalista autodidata brasileiro.  Prêmio Esso de Reportagem de 1971, fundou, na década do 1950, O Diário do Rio Doce, e trabalhou, no Brasil e no exterior, para jornais e publicações como Diário de Minas, Binômio, Última Hora, Manchete, Folha de S. Paulo, Correio Brasiliense, Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil onde mantem uma coluna de comentários políticos.  Cobriu, como correspondente, a invasão da Checoslováquia, em 1968, pelas forças do Pacto de Varsóvia, a Guerra Civil irlandesa e a Guerra do Saara Ocidental, e entrevistou homens e mulheres que marcaram a história do Século XX, como Willy Brandt, Garrincha, Dolores Ibarruri, Jorge Luis Borges, Lula e Juan Domingo Perón.  Amigo e colaborador de Tancredo Neves, contribuiu para a articulação da sua eleição para a Presidência da República, que permitiu o redemocratização do Brasil.  Foi secretário-executivo da Comissão de Estudos Constitucionais e Adido Cultural do Brasil em Roma.