16 de ago. de 2014

FIDEL CASTRO aniversaria em 13 de agosto: 88 anos de luta!



Parabéns, camarada! 
A luta continua... 


Hasta la victoria, siempre!


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Fidel completa 88 anos; conheça oito frases marcantes de sua trajetória

"Me condenem, não importa. A história me absolverá", disse o líder cubano em 1953; relembre outros momentos importantes de Castro.

Redação (*), operamundi, São Paulo, 13/08/2014

No dia em que Fidel Castro completa 88 anos, Opera Mundi seleciona oito frases ditas pelo histórico líder cubano desde antes da revolução, em 1959, até seu mais recente artigo, publicado há uma semana.


1) 1953: "Me condenem, não importa. A história me absolverá."

Em 16 de outubro de 1953, o jovem advogado Fidel Castro pronunciava ele mesmo sua própria defesa, após ser preso pelo assalto ao quartel Moncada; quando tentou derrubar o então presidente e ditador Fulgêncio Batista.

2) 1959: "Não estou pensando em cortar a minha barba, porque estou acostumado assim e a minha barba tem alguns significados em meu país."

Ainda em 1959, apenas 30 dias após a revolução, Castro concede entrevista ao jornalista norte-americano Edward Murrow, da rede CBS

3) 1961: "Uma revolução não é um mar de rosas. É uma luta de morte entre o futuro e o passado."

Discurso pronunciado por Fidel Castro em 2 de janeiro de 1961, por ocasião do segundo aniversário da revolução cubana

4) 1979: "Chega já dessa ilusão de que os problemas do mundo podem ser resolvidos com armas nucleares! As bombas poderão até matar os famintos, os enfermos e os ignorantes, mas não podem matar a fome, as enfermidades e a ignorância."

Discurso pronunciado por Fidel na ONU (Organização das Nações Unidas) em 1979, como líder do Movimento dos Países Não-Alinhados

5) 1985: "As ideias não precisam de armas, na medida em que sejam capazes de conquistar as grandes massas.

Discurso pronunciado por Fidel Castro em 3 de agosto de 1985, na sessão de encerramento do encontro sobre a dívida externa da América Latina e do Caribe

6) 2000: "Cheguei à conclusão, talvez tarde demais, de que os discursos devem ser curtos."

Frase dita por Fidel Castro em agosto de 2000

7) 2014: "Um homem com bondade de criança e talento cósmico."

Fidel Castro sobre seu amigo e escritor Gabriel García Márquez, morto em 2014

8) 2014: "Penso que uma nova e repugnante forma de fascismo está surgindo com notável força neste momento da história humana."
Trecho de artigo publicado por Fidel Castro em 5 de agosto de 2014, intitulado "Holocausto palestino em Gaza"

(*) As imagens selecionadas não correspondem, necessariamente, às datas em que as frases foram ditas.

Veja ainda:
'Os EUA não têm moral', diz Cuba sobre acusação de tráfico de seres humanos
Fidel Castro: É hora de conhecer um pouco mais a realidade

11 de ago. de 2014

Dividing the world among thieves?

Referring to the US/UK/israel collusion against Russia in Ukraine (that is, the collusion of the elites of those countries against Russia), followed by sanctions and Russia’s response to these sanctions, Rev Richard Skaff  (in ‘President Vladimir Putin Asserts Russia’s Role in the World’, Global Research, August 10, 2014) made the question:
‘Are there covert negotiations among the parties in regards to dividing nations of the world?’

I have emphasized this question because I think that, well, it is possible (although not likely)… Two World Wars were fought last century with the purpose of dividing the world among the parties into exclusive areas of influence. If there is such an intention, now, independent Russia definitely is not a partner. The objective is to subject Russia to exploit its resources and to stop any opposition to plundering weaker countries around the world. In this case, the Russian response, imposing sanctions against the West, may have been a master’s move 
 a checkmate ; after all, the imperialist financial system is collapsing and the BRICS, Iran and many other countries, slowly forming an economic, social and military alliance, are not going to accept anymore a subservient position. The unipolar world is indeed vanishing away.

As to the EU elites, although deeply involved in the imperialist aggression against Russia and expecting a slice of the cake, they may end up recognising the danger of their intermediary role in a world dominated by such a strong alliance as the US/UK/israel alliance.  That is, the mindful portion of these elites, although small, may want to pull out in favour of a more promising future at the side of the BRICS and may succeed in convincing the other players. We will see…

4 de ago. de 2014

A verdade sobre a questão da Palestina

O artigo abaixo revela as razões históricas do conflito na Palestina, destacando a importância de sua solução para o resto do mundo.

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Quem é o inimigo?

Todo mundo tem uma opinião para explicar os massacres cometidos pelo Estado de Israel em Gaza. Enquanto na década de 70 e 80, eles eram vistos como uma manifestação do imperialismo anglo-saxônico, muitos os interpretam hoje como um conflito entre judeus e árabes. Revendo um longo período da história – quatro séculos –, Thierry Meyssan, consultor de vários governos, analisa as origens do sionismo, suas verdadeiras ambições, e determina quem é o inimigo.

Thierry Meyssan, Rede Voltaire, Damasco (Síria), 4 de agosto de 2014


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A guerra na Palestina, que tem continuado ininterrupta há 66 anos, tomou um novo rumo com as operações israelenses chamadas "Guardião do Nosso Irmão" e "Rocha Inabalável" (estranhamente traduzida na imprensa ocidental por "Fronteira Protetora").

Claramente, Tel Aviv – tendo escolhido instrumentalizar o desaparecimento de três jovens israelitas a fim de lançar essas operações e "desarraigar Hamas" para explorar o gás de Gaza, de acordo com o plano estabelecido em 2007 pelo atual ministro da defesa [1] – foi surpreendida pela reação da resistência. A Jihad Islâmica respondeu enviando foguetes de médio alcance, muito difíceis de interceptar, que foram adicionados aos lançados pelo Hamas.

A violência dos eventos, tendo já custado a vida de mais de 1.500 palestinos e 62 israelenses (mas figuras israelenses são sujeitas à censura militar e provavelmente reduzidas), tem gerado uma onda de protestos em todo o mundo. Além de seus 15 membros, o Conselho de Segurança, que se reuniu em 22 de julho, abriu espaço para 40 outros Estados expressarem sua indignação com o comportamento de Tel Aviv e sua "cultura da impunidade". A sessão, em vez de duração das habituais 2 horas, durou 9 [2].

Simbolicamente, a Bolívia declarou Israel um "Estado terrorista" e revogou o acordo sobre a livre circulação do qual foi objeto. Mas, em geral, declarações de protesto não são seguidas por ajuda militar, com excepção do Irã e, simbolicamente, Síria. Ambos ofereceram suporte à população palestina através da Jihad Islâmica, ala militar do Hamas (mas não sua ala política, um membro da Irmandade Muçulmana), e FPLP-CG [Fonte Popular de Libertação da Palestina – Comando Geral – NT].

Ao contrário do ocorrido em ocasiões precedentes (operações "Chumbo Fundido" em 2008 e "Coluna de Nuvem" em 2012), os dois Estados que protegem Israel no Conselho (Estados Unidos e Reino Unido) têm facilitado o desenvolvimento de uma declaração do Presidente do Conselho de Segurança destacando as obrigações humanitárias de Israel [3]. Na verdade, além da questão básica de um conflito que tem ocorrido desde 1948, existe um consenso para condenar pelo menos o uso desproporcional de força de Israel.

No entanto, esse consenso aparente encobre analises muito diferentes: alguns autores interpretam o conflito como uma guerra religiosa entre judeus e muçulmanos; outros o vêem mais como uma guerra política em um padrão clássico colonial. O que devemos deduzir?

O que é sionismo?

No meio do século XVII, os calvinistas britânico se reuniram em torno de Oliver Cromwell e questionaram a fé e a hierarquia do regime. Depois de derrubar a Monarquia Anglicana, o "Lorde Protetor" aparentemente permitiu que o povo britânico alcançasse a pureza moral necessária para resistir a uma tribulação de 7 anos, acolher o retorno de Cristo, e viver em paz com ele por mil anos (o "Millennium"). Para fazer isso, de acordo com sua interpretação da Bíblia, os judeus deveriam ser espalhados pelos confins da terra e, em seguida, reagrupados na Palestina para reconstruir o templo de Salomão. Nesta base, ele instituiu um regime puritano, levantou o embargo de 1656 que bania os judeus de se fixarem na Inglaterra, e anunciou que seu país estava empenhado em criar o estado de Israel na Palestina [4].

Por sua vez, a seita de Cromwell foi derrubada no final da "Primeira Guerra Civil Inglesa," seus apoiantes mortos ou exilados, e a Monarquia Anglicana foi restaurada. O sionismo (quer dizer, a proposta de criação de um estado para os judeus) foi abandonada. Ela reaparece no século XVIII com a "Segunda Guerra Civil Inglesa" (de acordo com livros didáticos de história do Reino Unido), que o resto do mundo conhece como a "Guerra de Independência dos Estados Unidos" (1775-83). Ao contrário da crença popular, esse feito não foi realizado em nome do ideal do Iluminismo que animou alguns anos mais tarde a revolução francesa, mas sim financiado pelo rei da França e conduzido por motivos religiosos gritando "Nosso Rei é Jesus!".

George Washington, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, para citar alguns, apresentaram-se como os sucessores dos exilados partidários de Oliver Cromwell. Os Estados Unidos logicamente retomou o projeto sionista.

Em 1868, na Inglaterra, a Rainha Victoria nomeou o judeu Benjamin Disraeli como primeiro-ministro. Ele propôs conceder uma quota de democracia para os descendentes dos partidários de Cromwell para poder contar com todo o povo para estender o poder da coroa no mundo. Acima de tudo, ele propôs uma aliança com a Diáspora Judaica para liderar uma política imperialista da qual seria a vanguarda. Em 1878, ele colocou "a restauração de Israel" na agenda do Congresso de Berlim sobre a nova re-divisão do mundo.

É nesta base que o Reino Unido sionista restaurou boas relações com suas ex-colônias que haviam-se tornado Estados Unidos no final da "Terceira Guerra Civil Inglesa", que, nos Estados Unidos, é conhecida como a "Guerra Civil Americana" e na Europa continental como a "Guerra Civil" (1861-1865) – que viu a vitória dos sucessores dos partidários de Cromwell, a WASP (White Anglo-Saxon Puritans: Puritanos Anglo-Saxônicos Brancos) [5]. Novamente, é totalmente errado apresentar o conflito como uma luta contra a escravidão, enquanto cinco Estados do norte ainda o praticavam.

Até quase o final do século XIX, o sionismo é, portanto, exclusivamente um projeto puritano anglo-saxônico ao qual apenas uma elite judaica adere. Ele é fortemente condenado pelos rabinos que interpretam a Torá como uma alegoria, e não como um plano político.

Entre as consequências atuais desses fatos históricos, temos de admitir que, se o sionismo visa a criação de um estado para os judeus, esta é também a convicção dos Estados Unidos. Portanto, a questão se as decisões políticas são feitas em Washington ou Tel Aviv tem apenas interesse relativo. É a mesma ideologia que está no poder em ambos os países. Além disso, tendo o sionismo habilitado a reconciliação entre Londres e Washington, o desafio é fazer face a essa aliança, a mais poderosa do mundo.

Adesão do povo judeu ao sionismo anglo-saxônico

Na história oficial de hoje, costuma-se ignorar o período entre os séculos XVII-XIX e apresentar Theodor Herzl como o fundador do sionismo. No entanto, de acordo com publicações internas da Organização Sionista Mundial, isso também é falso.

O verdadeiro fundador do sionismo moderno não era judeu, mas um dispensacionalista cristão [O ‘dispensacionalismo’ é uma doutrina teológica cristã; afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo envolverá o ‘arrebatamento’ [salvação dos cristãos piedosos – NT] e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino de Deus na Terra (a palavra "dispensação", do latin, significa "administração" ou "gerência", e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes épocas – NT]. O Reverendo William E. Blackstone era um pregador dos E.U. para quem verdadeiros cristãos não teriam que participar de julgamentos no final do tempo. Ele ensinou que estes seriam levados para o céu durante a batalha final (o "arrebatamento da Igreja"). Na sua opinião, os judeus iriam lutar essa batalha e sair ao mesmo tempo convertidos a Cristo e vitoriosos.

Foi a teologia do Reverendo Blackstone que serviu de base para o suporte inabalável de Washington para a criação de Israel. E isso bem antes de o AIPAC (o lobby pro-Israel) ter sido criado e ter assumido o controle do Congresso. Na realidade, o poder do lobby deriva nem tanto do seu dinheiro e de sua capacidade de financiamento das campanhas eleitorais quanto dessa ideologia ainda presente nos EUA [6].

A teologia do arrebatamento, tão estúpida quanto possa parecer hoje, é muito poderosa nos Estados Unidos. Ela representa um fenômeno em bibliotecas e no cinema (veja o filme Left Behind [Deixados para Trás], com Nicolas Cage, a ser lançado em outubro).

Theodor Herzl era um admirador do magnata do diamante Cecil Rhodes, teórico do imperialismo britânico e fundador da África do Sul, da Rodésia (à qual deu seu nome) e de Zâmbia (anteriormente Rodésia do Norte). Herzl não era judeu e não havia circuncidado seu filho. Ateu como muitos europeus burguêses de sua época, ele defendia primeiro a assimilação dos judeus pela conversão ao cristianismo. No entanto, ele assumiu a teoria de Benjamin Disraeli, e veio à conclusão de que a melhor solução seria envolvê-los no colonialismo britânico, através da criação de um Estado judeu na atual Uganda ou na Argentina. Ele seguiu o exemplo de Rodes, comprando terras e construindo a Agência Judaica.

Blackstone conseguiu convencer Herzl a unir as preocupações dos dispensionalistas às dos colonialistas. Para isso, foi suficiente considerar o estabelecimento de Israel na Palestina e multiplicar as referências bíblicas. Graças a essa ideia simples, recrutaram a maioria dos judeus europeus para seu projeto. Hoje Herzl está enterrado em Israel (no Monte Herzl) e no seu caixão o Estado colocou a Bíblia com anotações que Blackstone lhe dera.

Assim, o sionismo nunca teve o objetivo de "salvar o povo judeu dando-lhes uma casa", mas promover o triunfo do imperialismo anglo-saxônico, associando-os a ele. Além disso, o sionismo não só não é um produto da cultura judaica, mas a maioria dos sionistas nunca foi constituída de judeus, enquanto a maioria dos judeus sionistas não é constituída de religiosos judeus. Referências bíblicas onipresentes no discurso público israelense refletem apenas o pensamento da parte crente do país e destinam-se, principalmente, a convencer a população dos EUA.

O pacto anglo-saxônico para a criação de Israel na Palestina

A decisão de criar um Estado judeu na Palestina foi tomada conjuntamente com os governos britânico e dos EEUU. Ela foi negociada pelo primeiro Ministro judeu da Suprema Corte dos Estados Unidos, Louis Brandeis, sob os auspícios do Reverendo Blackstone, e foi aprovada pelo Presidente Woodrow Wilson e pelo Primeiro-Ministro David Lloyd George, na sequência do acordo anglo-francês conhecido como Acordo Sykes-Picot dividindo o "Oriente". Este acordo foi liberado ao público gradualmente.

O futuro Secretário de Estado para as Colônias, Leo Amery, foi encarregado de gerir os anciãos do "Zion Mule Corps" para criar, com dois agentes britânicos, Chaim Weizmann e Zeev Jabotinsky, a "Legião judaica" dentro do exército britânico.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Lorde Balfour, enviou uma carta aberta ao Lord Walter Rothschild para cometer-se à criação de um "lar nacional judeu" na Palestina (2 de novembro de 1917). O Presidente Wilson incluiu entre seus objetivos de guerra oficiais (n ° 12 dos 14 pontos apresentados ao Congresso em 8 de janeiro de 1918) a criação de Israel [7].

Portanto, a decisão de criar Israel não tem nada a ver com a destruição dos judeus europeus que ocorreu duas décadas mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante a Conferência de Paz de Paris, o Emir Faisal (filho do Sharif de Meca e mais tarde rei do Iraque britânico) assinou, em 3 de janeiro de 1919, um acordo com a organização sionista, comprometendo-se ao contínuo apoio da decisão anglo-saxônica.

Portanto, a criação do Estado de Israel, que foi feita contra o povo da Palestina, também foi feita com o acordo comum dos monarcas árabes. Além disso, na época, o Sharif de Meca, Hussein bin Ali, não interpretou o Alcorão como o Hamas o fêz. Ele não pensou que "terra muçulmana não pode ser governada por não - muçulmanos."

O sistema legal do Estado de Israel

Em maio de 1942, as organizações sionistas realizaram sua conferência no Biltmore Hotel, em Nova York. Os participantes decidiram transformar o "lar nacional judeu" na Palestina em uma "comunidade judaica" (referindo-se à Comunidade pelo qual Cromwell brevemente substituiu a monarquia britânica) e permitir a imigração em massa de judeus para a Palestina. Em um documento secreto, três objetivos foram especificados: "(1) o estado judeu abraçaria toda a Palestina e, provavelmente, a Transjordânia; (2) o deslocamento de árabes no Iraque e (3) a tomada em mão pelos judeus de setores de desenvolvimento e controle da economia em todo o Oriente Médio. "

Quase todos os participantes não sabiam que a "solução final da questão judaica" (die Endlösung der Judenfrage) havia começado secretamente na Europa.

Em última análise, enquanto os britânicos não sabiam como satisfazer ambos judeus e árabes, a Organização das Nações Unidas (que então tinha apenas 46 Estados-Membros) propôs um plano de partição da Palestina com base nas indicações que os britânicos tinham fornecido. Seria criado um estado binacional incluindo um Estado judeu, um estado árabe, e uma zona "sob regime internacional especial" para administrar os lugares sagrados (Jerusalém e Bethlehem). Este projeto foi adotado pela resolução 181 da Assembléia Geral. [8]

Sem aguardar o resultado das negociações, o Presidente da Agência Judaica, David Ben Gurion, proclamou unilateralmente o estado de Israel, sendo imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos. Árabes em território israelense foram colocados sob lei marcial, seus movimentos restritos, seus passaportes confiscados. Recém independentes países árabes intervieram. Mas, sem constituir exércitos, eles foram rapidamente derrotados. Durante a guerra, Israel procedeu à limpeza étnica e forçou pelo menos 700.000 árabes a deixar o país.

A ONU enviou um mediador, Conde Folke Bernadotte, um diplomata sueco que salvou milhares de judeus durante a guerra. Ele descobriu que os dados demográficos fornecidos pelas autoridades britânicas eram falsos e exigiu a plena implementação do plano de partição da Palestina. No entanto, a resolução 181 exige o regresso de 700 000 árabes expulsos, a criação de um estado árabe, e a internacionalização de Jerusalém.

O enviado especial das Nações Unidas foi assassinado, a 17 de setembro de 1948, sob as ordens do futuro primeiro-ministro Yitzhak Shamir.

Furiosa, a Assembléia Geral das Nações Unidas adoptou a resolução 194, que reafirma os princípios da resolução 181 e, além disso, proclama o inalienável direito dos palestinianos a regressar às suas casas e a ser indenizados pelos danos que haviam acabado de sofrer [9].

No entanto, Israel, tendo preso, julgado e condenado os assassinos de Bernadotte, foi aceito na ONU com a promessa de honrar as resoluções. Mas, era tudo mentira. Logo a seguir, os assassinos foram perdoados e o atirador tornou-se o guarda-costas pessoal do Primeiro-Ministro David Ben Gurion.

Desde a sua adesão à ONU, Israel continua a violar as resoluções que se acumularam na Assembléia Geral e no Conselho de Segurança. Seus vínculos orgânicos com dois membros do Conselho com o direito de vetar o colocam fora da lei internacional. Tornou-se um estado no exterior dos Estados Unidos e do Reino Unido, permitindo-lhes fingir o respeito pelo direito internacional, enquanto o violam a partir desse pseudo-Estado.

É absolutamente errado pensar que o problema colocado por Israel refere-se apenas ao Oriente. Hoje, Israel desenvolve ação militar em qualquer lugar do mundo provendo uma cobertura ao imperialismo anglo-saxônico. Na América Latina, agentes israelenses organizaram a repressão durante o golpe contra Hugo Chavez (2002) e a derrubada de Manuel Zelaya (2009). Na África, eles estavam presentes por toda parte durante a guerra dos Grandes Lagos e organizaram a prisão de Muammar el-Qaddafi. Na Ásia, eles lideraram a agressão e a morte dos Tigres Tâmeis (2009), etc... Cada vez, Londres e Washington juram que não estão envolvidas. Além disso, Israel controla muitos meios de comunicação e instituições financeiras (tais como o Banco Central dos EEUU (US Federal Reserve)).

A luta contra o imperialismo

Até a dissolução da URSS, era óbvio a todos que a questão israelense havia surgido a partir da luta contra o imperialismo. Os palestinos foram apoiados por todo o mundo anti-imperialista – até os membros do exército vermelho japonês, que vieram para lutar ao lado deles.

Hoje, a globalização da sociedade de consumo e a perda de valores que se seguiu promoveu uma perda de consciência do caráter colonial do Estado judeu. Só os árabes e os muçulmanos se preocupam. Eles mostram empatia para com o sofrimento dos palestinos, mas ignoram crimes israelenses no mundo e não respondem a outros crimes imperialistas.

No entanto, em 1979, o Ayatollah Ruhollah Khomeini explicou aos seus fiéis iranianos que Israel era um fantoche nas mãos dos imperialistas e o único verdadeiro inimigo era a aliança dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por afirmar essa simples verdade, Khomeini foi caricaturado no oeste e os xiitas apresentados como hereges no Oriente. Hoje, o Irã é o único país do mundo a enviar grandes quantidades de armas e conselheiros para ajudar a resistência Palestina, enquanto os regimes árabes sionistas amigavelmente debatem através de vídeo-conferências com o presidente de Israel, durante as reuniões do Conselho de Segurança do Golfo [10].


Tradução
Marisa Choguill

NOTAS:

[1] “Extension of the Gas War to the Levant”, by Thierry Meyssan, Translation Roger Lagassé, Al-Watan/Voltaire Network, 21 July 2014.


[3] “Statement by the President of the Security Council on Gaza”, Voltaire Network, 28 July 2014.

[4] Sur l’histoire du sionisme, on se reportera au chapitre correspondant (« Israël et les Anglo-Saxons ») de mon livre L’Effroyable imposture 2, Manipulations et désinformations, Edition Alphée, 2007. Les lecteurs y trouveront de nombreuses références bibliographiques.

[5] The Cousins’ Wars : Religion, Politics, Civil Warfare and the Triumph of Anglo-America, by Kevin Phillips, Basic Books (1999).

[6] American Theocracy (2006) by Kevin Phillips.

[7] A formulação do ponto 12 é particularmente crítica. Assim, na época da Conferência de Paz de Paris, em 1919, o Emir Faiçal reclamou o direito dos povos antigos sob o jugo Otomano. Ele disse haver uma escolha entre uma Síria sob um ou vários mandatos. A delegação sionista argumentou que Wilson tinha prometido apoiar a comunidade judaica, para surpresa da delegação dos Estados Unidos. Em última análise, Wilson confirmou a escrita do ponto 12 como um compromisso de Washington para a criação de Israel e a restauração da Armênia..

[8] « Résolution 181 de l’Assemblée générale de l’Onu », Réseau Voltaire, 29 novembre 1947.

[9] « Résolution 194 de l’Assemblée générale de l’ONU », Réseau Voltaire, 11 décembre 1948.

[10] “Shimon Peres addressed Gulf Security Council, end November”, Translation Alizée Ville, Voltaire Network, 5 December 2013.


2 de ago. de 2014

Europe – the central pivot of a geopolitical competition between West and East

New World Order at Stake of US-Russia Geopolitical Competition - Political Analyst

Flags of Russia and the US.  © Fotolia/ KLimAx Foto

RIA Novosti, 01/08/2014

The confrontation between Moscow and Washington over the Ukrainian internal strife will doubtlessly shift the global balance of power, believes Dmitri Trenin, a well-known Russian political scientist, author, and the Director of the Carnegie Moscow Center.

"The current US-Russia struggle is about a new international order," and Ukraine is the "main battleground" where the two global players are setting new rules and conditions, writes Dmitri Trenin in his article "Europe's Nightmare Coming True: America vs. Russia…Again," published in the National Interest, a reputable American media outlet.

However, it's not Ukraine but Europe as a whole has become the central pivot of geopolitical competition, stresses the expert. "The stakes could not be any high", he adds.

Trenin envisions further aggravation of Russia-EU relations, deliberately instigated by Washington, in a short-term perspective. This tendency, however, may change in the long run: "Moscow may hope that the US-led punishment of Russia, coming as it does mainly at the expense of the EU's trade with it, can lead to Transatlantic and intra-EU divisions," writes Dmitri Trenin.

In contrast with the beginning of the first Cold War, when the USSR was contemplated as an ardent opponent of the West, Europeans consider Moscow neither an ideological rival nor a potential threat today. Being involved in trade relations with Russia and dependent on its energy supply, European countries are inclined to see Russia as a partner, not as an antagonist.

Thus, "Moscow will focus on Germany, Italy, France, Spain and a number of smaller countries – from Finland to Austria to Greece – with which Russia has built extensive trading relations", notes the expert. It should be noted that the European states, mentioned by Trenin, have already come under fierce criticism from the American neoconservative policy-makers. For instance, neocons urge Spain to suspend its maritime cooperation with Russia; call France to cancel its Mistral warship deal with Moscow; blame Germany and Italy for their unwillingness to put at risk strong economic ties with Russia.

Dmitri Trenin points out the two main Russia's foreign policy strategic vectors: Moscow is strengthening alliances with Germany in the West and China in the East. Although Russo-German relations are restrained by Berlin's membership in NATO, Moscow considers the EU "flagship" its long-standing geopolitical ally in Europe. In order to prevent Russian-German "dangerous" rapprochement Washington urges Berlin to tighten its sanctions policy against Moscow, and closely monitors German political elite's activity.

Although western experts, including the Director of the Carnegie Moscow Center, believe that Russia harbors a deep-seated fear of its powerful Eastern neighbor – China – Moscow has already demonstrated its readiness to expand bilateral economic and political cooperation with Beijing. It should be noted that the rapprochement between China and Russia began in early 1990s.

Thus, shifting to the East should not be qualified as Moscow's "gesture of despair" caused by the western sanctions: the US's unfriendly move has only catalyzed this process. Washington is deeply concerned about the strengthening of Sino-Russian alliance. Western experts warn that Sino-Russian bloc along with BRICS will ultimately change the global balance of power.

"Given the fundamental nature of Russia's conflict with the United States, Moscow is seeking to cement its connections with non-Western countries. The BRICS group, which brings together Brazil, Russia, India, China and South Africa, is a natural platform for that", writes Dmitri Trenin and adds, "Politically, Russia already posits itself as a go-to country for all those unhappy with US global dominance."

"It is too early to speculate how the contest might end. The stakes are very high", notes the expert. Any accidental error or serious concession made by Moscow or Washington may lead to the loss of power and global prestige by one of the competitors.

Meanwhile Russia is getting ready for reindustrialization in order to reduce its dependence on the West and increases the government control over its domestic affairs. "To a degree, the Western pressure aids the Kremlin's efforts", Dmitri Trenin emphasizes.

1 de ago. de 2014

Considerações sobre a luta de classe global: a estratégia de alianças dos povos e o futuro da humanidade

Atualizado em 12 de junho de 2014


As crises


Estamos vivendo em uma época de grave crise: econômica, social, institucional, política, cultural... Isso tem resultado em uma enorme instabilidade, e tem reforçado a luta de classe em todos os níveis.

As crises (que são características do capitalismo) são bastante comuns e complexas. A economia, sensível indicador das crises, tem estado em situação muito ruim por um bom tempo, e isso já aconteceu antes. Também não é nova a especulação no sistema financeiro, possível com a des-regulação: os 'esquemas Ponzi' tornaram-se populares desde a década de 1920. Em 2007/2008, o sistema financeiro global quebrou porque estava fundado em tanta especulação que não mais poderia continuar...

Logo após essa quebra, com o dinheiro dos contribuintes, os banqueiros dos países mais desenvolvidos economicamente foram escandalosamente socorridos, e, a seguir, eles puderam endinheirar-se ainda mais (e continuam a fazê-lo!) com as medidas conhecidas como QE (‘quantitative easing’: quando o dinheiro faz-de-conta impresso – cujo valor é baseado na confiança – caiu do 'céu' em seus cofres). Foi um grande roubo do dinheiro do povo seguido por um grande acúmulo de dinheiro fictício.

Isto pode ter salvo os banqueiros; mas, não salvou a economia – e não alterou os princípios que causam as crises.

Os banqueiros precisam de uma recuperação econômica: eles não vão obter ‘lucro ' (sob a forma de juros) se os investidores não emprestarem seu (na verdade, nosso!) dinheiro e investirem na atividade produtiva. Então, eles apostam que essa recuperação pode ser alcançada e, de acordo com suas fantasias, quando isso acontecer, eles serão capazes de aumentar a taxa de juro e obter grandes ganhos.

Agora, eles estão apostando em que chegou o momento de 'pagar' aos investidores para que façam empréstimos e, então, criem empregos e riquezas. Se tiverem sorte – o que eles acreditam que têm! –, a economia será 'reiniciada'.

O problema é que os investidores não estão emprestando – e investindo e arriscando grandes perdas (como os mimados banqueiros o fazem) – porque eles (justificadamente) estão com medo de que não haja suficiente consumo de novos produtos.

Pode-se ainda levantar outro ponto: os banqueiros não têm nada a perder com a 'deflação' e oferta de dinheiro a juros abaixo de zero. Novamente, as pessoas comuns são as únicas a perder porque, se tiverem alguma poupança/investimento, ou se sua aposentadoria depender dos juros de sua poupança, elas estarão condenadas porque suas economias irão reduzir-se com o tempo... A partir dessa perspectiva, pode-se deduzir que o novo passo dos grandes banqueiros – reduzir a taxa de juros abaixo de zero para estimular a economia – é de seu interêss e constitui-se, em parte, em outro confisco – agora, tentando revertê-lo para a economia estagnada...

Os banqueiros perderão sua aposta.

Existem duas contradições principais que jogam uma contra a outra e que minam seus planos: demasiada disparidade (e irremediavelmente baixo consumo) e continuado e elevado investimento em guerras (que se tornaram a única mercadoria com um crescente mercado/demanda realizável, pois os capitalistas e seus governos as financiam – com o dinheiro dos impostos!).

Como explicar essas guerras?

A luta de classe global


Essas guerras nada mais são do que expressões de uma luta de classe global, resultado da tentativa de barrar a rebelião dos povos contra a agressão e a exploração por uma elite muito rica – que inclui os banqueiros em seu núcleosão guerras contra os povos mais oprimidos tentando barrar sua luta inexorável contra a desigualdade, contra a dicotomia perversa do capitalismo-imperialismo onde o enriquecimento de poucos ocorre às custas do empobrecimento da maioria em escala global.

Enquanto no passado a luta de classe era travada entre empregador e empregado, o
s protagonistas dessa luta, hoje, s
ão os países, os Estados, conforme os povos do mundo têm sido divididos para serem comandados.  Assim, de um lado estão os países que enriqueceram às custas da exploração de outros países – liderados pelo império americano e sua máquina de guerra –;  e de outro lado estão os países que continuam a ser explorados sob os mais diversos mecanismos e cujos povos estão-se levantando – incluindo Russia e China que, embora tenham conquistado sua independência no passado, estão sendo agora ameaçados.

As evidências são claras:

Há mais de 5,2 bilhões de pessoas no mundo (cerca de 80% da população mundial 95% da população do Terceiro Mundo) vivendo com menos de US$ 10 por dia/pessoa (no Brasil, isso equivale a cêrca de R$ 600,00/mês/pessoa); 2,3 bilhões dessas pessoas estão vivendo com menos de US$ 2,5 por dia/pessoa (isso equivale a cêrca de R$ 150,00/mês/pessoa). Vale lembrar que em muitos países do Terceiro Mundo essas pessoas não têm direito a benefícios sociais de qualquer tipo: auxílio desemprêgo (a vasta maioria nunca teve emprego formal), auxílio alimentação, auxílio habitação, auxílio saúde, auxílio educação...

Ao mesmo tempo, 85 indivíduos apenas possuem tanta riqueza quanto metade das pessoas mais pobres do mundo (3,5 bilhões de pessoas). 'Uma estimativa conservadora para 2010 diz que pelo menos um terço de toda a riqueza financeira privada, e quase a metade de toda a riqueza no exterior, é agora propriedade das 91.000 pessoas mais ricas do mundo – apenas 0,001% da população do mundo.E essa concentração de riquezas só está piorando
...

Qual sistema econômico poderia sobreviver a tal disparidade na distribuição de riquezas sem repressão violenta?

Não é de admirar que o estado capitalista-imperialista selvagem não tenha outra escolha senão recorrer a guerras e 'revoluções coloridas ' para se manter, liderado pelo imp
ério americano com seu inigualável arsenal bélico e sua sede de hegemonia. Assim, multi-milionários e bilionários estão a travar uma luta de classe em escala mundial, contra todos os povos do mundo, para manter o sistema e seus privilégios.  Desde a queda da União Soviética, em 1991, houve mais de 90 (noventa!) conflitos/guerras  (ver aqui e aqui) e mais de 30 'revoluções coloridas', geralmente terminando em golpes de estado, principalmente na África, América Latina, Europa Oriental, Oriente Médio e Sudeste da Ásia, isto é, nos países economicamente explorados:  mais de 120 guerras/ golpes/ conflitos!   Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, houve mais de 250 guerras/ golpes/ conflitos para barrar as lutas dos povos oprimidos contra o imperialismo, pela soberania.  Mais de 50 milhões de pessoas morreram nessas guerras capitalistas.


Essa luta de classe não pode ser ganha pela classe dominante global cujo objetivo é manter o status quo. Travar guerras abertas e implementar estratégias de guerra para reprimir, evitar ou controlar genuínas revoltas contra as terríveis disparidades na distribuição de riquezas, sem tomar medidas efetivas para pelo menos reduzir tais disparidades, levará a guerras permanentes porque enquanto existirem disparidades haverá revolta. E onde houver revoltas haverá reduzidas possibilidades de que investimentos capitalistas sejam bem-sucedidos  exceto aqueles voltados a guerras. Portanto, para recuperar a economia real é preciso reduzir a desigualdade, acabando assim com as revoltas e aumentando o consumo. Mas, isso seria resolver a maior contradição do sistema que é a exploração do trabalhador pelo capitalista; para tanto, é preciso superar o sistema!

Do ponto de vista da R
ússia e da China isso tambéé verdade pois seus povos compreendem que estão lutando contra o mesmo inimigo.

Embora a luta de classe possa durar anos ou décadas, e outros milhões de pessoas possam vir a morrer no mundo todo em sua irrevogável guerra de resistência contra condições de vida opressivas – que se constituem nas condições objetivas para a luta de classe –, ela está tornando o sistema inviável, se é que já não o fêz, assim como sistemas econômicos anteriores se tornaram inviáveis pelas suas próprias contradições internas e foram eventualmente suplantados – como Marx disse, 'a história de toda sociedade até aqui é a história da luta de classe'.  Tal fracasso está aparente na economia capitalista-imperialista irremediavelmente estagnada e no efeito dessa estagnação sobre a classe oprimida, os trabalhadores do mundo, os outros 99,99%!

Portanto, os trabalhadores do mundo, empregados ou não, em todos os países do mundo, imperialistas ou não, estarão cada vez mais unidos na vanguarda de uma luta de classe inevitável que, na presente etapa, crucial nessa luta, toma uma forma sangrenta em escala global.  Vencendo essa guerra de classe, eles quebrariam a dicotomia do capitalismo-imperialismo e poriam fim a esse sistema opressor.  Entretanto, na presente etapa, trata-se de uma luta muito desigual...

A guerra global que está sendo travada contra os povos do mundo é acima de tudo imoral:  o letal arsenal de guerra das forças imperialistas tem sido em grande parte adquirido com dinheiro usurpado dos seus cidadãos  (através de impostos) e dos povos contra os quais os estão usando  (através de 'investimentos' coagidos em seus países para a exploração de seus recursos e mão-de-obra).  De forma extremamente feroz e traiçoeira, empreendida contra povos destituídos de arsenal de defesa adequados, e sem atendimento às mais elementares normas de guerra, essa guerra poderia certamente ser vista como o 'holocausto dos povos oprimidos do mundo' pois, até agora, tem resultado apenas em massacres...

Há outros fatores que complicam a situação para a classe oprimida. Uma ferrenha campanha de desinformação/propaganda da m
ídia capitalista defende e justifica conspirações e massacres. Além disso, nenhum espaço de manobra é ignorado e novas estratégias letais são criadas a cada dia para dominar os povos.

O que parece aparente, entretanto, é que os imperialistas, liderados pelo império americano, cometeram um êrro grave ao mover-se contra dois países independentes e resolutos, em sua incontrolável obsessão pela hegemonia:  Rússia e China.

A aliança dos povos


A Rússia e a China, que estão em uma posição menos vulnerável tendo em vista seu arsenal bélico e sua economia mais independente, reconhecem a gravidade da situação e se opõem aos massacres dos imperialistas; por causa disso, são tidos como inimigos pelos países imperialistas que justificam assim cêrcos e ameaças militares ou econômicas (sanções econômicas) contra esses países. Nenhuma lei internacional é acatada pela classe dominante imperialista, que usa a força, impunemente, para defender seus interesses. Tal capacidade de forçar o controle total sobre os destinos dos povos, tal hegemonia, tem desafiado até hoje todas as tentativas de mudança. Como a resistência da Rússia e da China continua, fala-se mesmo da inevitabilidade de uma guerra termonuclear, iniciada pela classe opressora a fim de forçar a subordinação desses países. É porque esses países, corajosamente, se recusam a ceder aos imperialistas que a humanidade vive um momento de confronto mortal.

Ao
aliar-se a outros países oprimidos em sua luta pela soberania, a Rússia e a China se posicionam na vanguarda, ou mesmo na liderança dessa luta, e nos indicam seu destino.  Não devemos julgar esses países como sendo apenas outro bloco em busca de capital financeiro e poder porque os líderes da Rússia e da China, bem como os líderes dos povos que estão a aliar-se a eles, são genuinamente representantes de seus povos e não apenas de suas elites endinheiradas – daí sua posição contrária ao imperialismo. Pode-se argumentar que, com a rea
ção da Rússia e da China às ameacas imperialistas, o ponto de inflexão da luta de classe foi irremediavelmente atingido e os povos do mundo podem-se prepar para seu momento de glória.

É por isso que vivemos um momento muito perigoso na história.

A pergunta a fazer não é se a classe dominante imperialista poderia explodir-nos a todos, pondo fim aos nossos sonhos – e aos deles – e fazendo da sobrevivência de alguns uma luta dolorosa. Visto que sabemos bem que essa classe pode fazer o que bem-entender com os arsenais que controla, a pergunta a fazer é se ela realmente o faria, se teria coragem de destruir bilhões de vidas humanas, ou talvez toda e qualquer possibilidade de vida no planeta, para evitar sua queda, para barrar a mudança do sistema econômico. Só o que podemos fazer é esperar que ponderem cautelosamente antes de tomar qualquer decisão... E, caso queiramos acreditar que a elite não tomaria uma decisão tão destrutiva, qual poderia ser então o resultado final do presente confronto?

Em sua obstinada luta pela hegemonia, o império americano está-se tornando na ant
ítese daquilo que anteriormente era:  de guardião do capital global, começa a se tornar seu algoz, criando barreiras à expansão de parte desse capital e ameaçando a todos de extinção.  Como resultado, sinais de ruptura da estrutura de poder global começam a aparecer, enquanto o bloco de oposição ao imperialismo se organiza e fortalece.  Isso indica que grandes mudanças ocorrerão em breve e que a nova etapa da acumulação capitalista, embora temporária, deverá ocorrer sob controle social, atendendo às necessidades fundamentais da sociedade e não apenas às necessidades de lucro e acumulação do capital.  Como resultado da luta de classe global, um novo sistema econômico e social começa a tomar forma diante de nossos olhos.

Os falcões que têm atacado os povos do mundo não serão barrados por argumentos – tudo o que eles escutam é o poder e a força. Mas, em última instância, eles estão apenas executando ordens e sendo pagos para isso!  Os verdadeiros comandantes do belicismo internacional, os membros do
círculo interno do poder, bem protegidos em seus ‘quartéis generais’, com certeza estão assessando a situação para ver até onde podem chegar. Talvez alguns deles não queiram acreditar que seu fim enquanto classe hegemônica est
á próximo...  Mas, em um certo momento, eles terão que ceder.

É compreensível que eles não queiram sujeitar-se à humilhação e à violência vingativa que sem dúvida adviriam em caso de uma revolução do tipo da Revolução Russa de 1917, e que talvez por isso estejam congelando sua posição; mas, trata-se de uma nova época da história e tal final n
ão consta do script.

Uma solução diplomática, desenhada para 'salvar as aparências (ou a pele)’ da elite dominante enquanto permitindo o desabrochar de um novo mundo em todos os cantos da terra, seria a saída ideal da luta de classe global vencida pelos povos do mundo. Vista historicamente, a mudança do sistema é inevitável;  tal solução diplomática seria, portanto, sábia e oportuna, e evitaria ainda mais destruição e sofrimento.

Todavia, embora a diplomacia esteja sendo tentada pela Rússia, pela China e por outros países a travar aquela luta de classe, ela está sendo teimosa e perigosamente recusada pelos imperialistas...

As crises do capital têm criado muitos problemas para os capitalistas-imperialistas. A atual crise, além dos problemas descritos acima, derrubou as barreiras para outras alternativas econômicas para muitos dos países dominados. Por isso, países como Rússia, China, Brasil, Índia (BRIC) e outros, por serem territorialmente maiores e terem uma base econômica relativamente mais desenvolvida em suas respectivas regiões, estão tendo uma oportunidade de se fortalecer (a situação econômica e social da Rússia e da China é, entretanto, muito superior à dos outros pa
íses da resistência). A multipolaridade, a repartição do planeta entre um grupo reduzido de potências econômicas regionais substituindo a unipolaridade do império americano, está tomando forma de uma maneira inesperada (embora esta seja uma situação temporária pois o sistema tende a despolarizar-se). Diante da seriedade da situação, alianças contra a hegemonia capitalista-imperialista estão ocorrendo, estabelecendo uma economia de resistência paralela e um poder de luta que visam abertamente libertar os povos do mundo contra a opressão. Sua meta final é forçar uma solução diplomática para o conflito. Do sucesso dessas alianças depende o resultado da luta de classe global e o futuro da humanidade.

A nova etapa de acumulação capitalista: transição ao socialismo

Atualizado em 09 de julho de 2014 e 01 de agosto de 2014.

Este texto foi escrito na tentativa de enquadrar a situação atual num arcabouço teórico a fim de obter uma explicação racional para o que está acontecendo e de tentar avistar uma saída em meio ao caos em que vivemos.

Isolando a Rússia ou a Europa?


Em meio à grave crise sistêmica pela qual passamos, ao usar a Ucrânia na tentativa de isolar a Rússia, enquanto bloqueia, com sanções, as transações econômicas entre UE (e outros países) e Rússia para evitar a criação de um poderoso bloco econômico concorrente que poderia deslocá-lo de seu trono, o império americano se posiciona contrário à expansão de grande parte do capital aliado, demonstrando que sua etapa ‘progressiva’ (para esse capital) chegou ao fim. A prioridade do império, agora, é sua própria sobrevivência, mesmo que o preço seja alto aos seus antigos aliados. Ver aqui e aqui.


A crise econômica, social, institucional, cultural...  pela qual passamos se deve às contradições do sistema capitalista.  Entretanto, uma nova etapa de expansão do capital parece ser possível – a Ásia, principlamente China e Rússia, bem como os chamados países emergentes, Brasil e Índia (a despeito das condições de vida miseráveis de seus povos), estariam em condições de retomar o sistema, embora sob um regime diferente, onde a soberania dos Estados e os direitos humanos seriam respeitados.

Assim, os Estados conhecidos como BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a despeito de suas diferenças, parecem estar em posição vantajosa para iniciar outra etapa, socialmente mais avançada mas, ainda, de acumulação capitalista, sob um regime que o Presidente russo Wladmir Putin denomina 'multipolar' (essa nova etapa seria possivelmente transitória, vista a tendência à des-polarização do sistema).  Embora não seja identificado como tal, trata-se na verdade um regime capitalista anti-imperialista de transição ao socialismo.

Ao se opor a esta única e última alternativa de acumulação capitalista em função da interminável crise sistêmica que desde 2008 está a revelar sua força destrutiva, a elite imperial demonstra ter perdido contato com a realidade – a realidade da incontrolável e contraditória lógica de acumulação do capital, que não pode mudar nem mesmo diante da quase certeza de seu próprio extermínio.  Pior ainda:  ao tentar impor-se sobre os povos do mundo, os imperialistas estão negando a realidade dos movimentos históricos, onde impérios levantam-se...  e caem.

Assim, ao forçar uma reação da Rússia contra o crescente cêrco militar e contra a recente ocupação da Ucrânia, o que o império conseguiu foi acelerar sua própria extinção, visto que, ameaçados, Rússia e China assinaram um acordo sobre a troca de gas e tecnologia, e o uso de suas própria moedas.  Além desse acordo, foi também criada a União Econômica Eurasiana (EaEU – Eurasian Economic Union), uma aliança entre Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão os quais se comprometem a garantir a livre circulação dos produtos, serviços, capitais e trabalhadores, e a aplicar uma política acordada nos domínios chave da economia:  energia, indústria, agricultura e transporte.  Abriu-se, assim, uma porta para a crise de acumulação do capital.  Agora, o Oriente representa o futuro.


O império vai continuar tentando isolar a Rússia, e no processo deverá tentar atingir também a China;  mas, não o conseguirá pois a Rússia, a China e outros Estados ‘emergentes’, com sua enorme população, resistirão às pressões.

Quanto à UE, caso se submeta às demandas do império, estará adicionando ainda outras barreiras ao seu próprio capital encurralado na presente crise.  Mesmo aqueles que não são versados em economia podem ver o perigo de tal manobra.  Será que seus povos aceitarão a austeridade que lhes está sendo imposta sem contestação? Isso vai significar a terceiro-mundialização da Europa!

Em suma, ao colocar obstáculos ao acesso àqueles esquemas genuinos de desenvolvimento, o império em si passa a constituir-se numa barreira para o capital, decretando assim sua própria extinção.  Vale notar que, mesmo nos EEUU, começam a surgir movimentos do capital contrários às políticas imperiais.

BRICS e o Keynesianismo


Os BRICS, embora ainda um bloco econômico incipiente e apresentando óbvias diferenças entre os Estados componentes, abrem fronteiras alternativas ao capital no atendimento às necessidades mais básicas de seus povos.  Além da Rússia e da China, cuja população já desfruta do atendimento às sua necessidades básicas e tem um poder aquisitivo relativamente alto, o restante dos Estados tiranizados – africanos, latino-americanos e do sul da Ásia – comportam bilhões de pessoas cujo poder aquisitivo extremamente baixo deverá elevar-se pelo menos até o ponto em que suas necessidades básicas possam ser atendidas.

Tudo indica que a pressão dos povos africanos, sul-americanos e sul-asiáticos atingiu o ponto de inflexão;  daqui pra frente, os custos para manter seu abuso serão maiores do que os ganhos.  Ao mesmo tempo, a redução das desigualdades estimularia a economia real nessas regiões, criando condições de consumo de bens básicos.  A indústria regional, voltada ao atendimento de necessidades humanas reais e, talvez, fazendo uso de tecnologias alternativas, poderia produzir e vender mercadorias básicas a preços aceitáveis.  As opções são muitas – tantas quantas são as necessidades.

Trata-se de um dilema para o capital:  se tais prioridades não forem aceitas, o capital será dizimado pois haverá pouco consumo para suas mercadorias, que se tornam cada vez mais supérfluas, saturando o mercado dirigido a uma elite cada vez mais reduzida e cada vez mais indiferente.

De fato, conforme o economista francês Henri Houben esclarece em seu artigo sobre o keynesianismo:

‘Três grandes teorias debatem a explicação das crises.  A corrente liberal atribui-as à chegada brusca de um elemento perturbador (atentado, subida dos preços do petróleo, acontecimentos políticos e sociais...) que se torna necessário eliminar com urgência para que o mercado reencontre o seu funcionamento naturalmente.  Keynes não acredita neste mecanismo auto-regulador.  Para ele, o capitalismo conhece excessos que é necessário corrigir de forma indireta pela intervenção do Estado.  Sem isto, não poderia produzir os seus efeitos benéficos.  Por fim, a doutrina marxista analisa o sistema com maior profundidade para examinar a recessão.  Esta é inerente ao capitalismo.  Para a ultrapassar, é necessária uma outra economia, uma outra sociedade, o socialismo.

...  Tal como escreveu um economista francês:  "Na crise, somos todos keynesianos." Uma maneira de dizer que não restam senão duas explicações convincentes:  a proposta por Keynes e a do marxismo.  E como " não se pode ser contra o sistema ", então é o keynesianismo.

Keynes defende a interferência estatal no controle das crises.  Mas, visto que a presente crise é global, afetando a todos os Estados interligados economicamente, os princípios keynesianos parecem não mais oferecer uma resposta adequada ao problema se aplicados separadamente.  Apenas uma política coordenada em escala global teria o resultado esperado.

Pode-se assim inferir que, se o sistema capitalista não reduzir as disparidades existentes a nível global, e se não iniciar uma etapa mais avançada de acumulação que atenda às necessidades sociais dos povos e, portanto, oponha-se aos interesses imperiais, estará assinando não apenas sua própria falência como também a continuação do caos, o qual, embora possa ser considerado uma saída para a arrogante elite imperialista, está causando enormes danos aos povos e ao meio-ambiente.  Não se trata, portanto, de reformar os sistema capitalista-imperialista;  trata-se de usar sabiamente a oportunidade de mudar gradativamente o sistema a outro superior, o socialismo, sem recorer a mais guerras e destruição.  Passando pela criação temporária daquilo que o Presidente Putin denomina mundo 'multipolar', esta talvez seja nossa única chance de sobreviver diante da possibilidade de uma guerra termonuclear.

Tecnologia


Neste ponto, é importante ressaltar um outro aspécto fundamental na luta pela emancipação humana:  os níveis de desenvolvimento tecnológico e o controle desse desenvolvimento pelos chamados ‘copyrights’.

Nos próximos anos, caso as idéias de Keynes sejam vitoriosamente impostas enquanto medidas temporárias para a superação da crise, as indústrias regionais deverão ter acesso à mais alta tecnologia para poder atender à demanda de bilhões de seres humanos.  A tecnologia não mais deverá ser considerada propriedade privada de uma minoria parasitária que vem há tempos extraindo lucros /benefícios/privilégios de tal ‘apropriação’.  Afinal, a tecnologia tem sido desenvolvida desde tempos imemoriais pelo trabalho humano, e por isso deve pertencer a toda a humanidade.  A apropriação social da tecnologia é de fato o ponto de conflito fundamental da luta de classe global, que somente será ganha quando tal apropriação social acontecer.

Análise dialética do conflito atual


A dialética do presente conflito criado pelo império americano em sua cega busca por hegemonia, e a resposta dada pelo capital dos países cujas soberanias estão sendo ameaçadas, pode ser vista da seguinte maneira:

1.   TESE:  Reinos, impérios, Estados e outras divisões territorial-administrativas hierárquicas (e controladoras dos povos) foram por séculos necessários para que a acumulação do capital se realizasse;  a tendência à concentração, entretanto, levou a rivalidades, a guerras, e à consolidação de um único império mundial, centrado nos EEUU, controlando quase todas as atividades produtivas do planeta (hegemonia);

2.   ANTI-TESE:  Agora, diante da crise sistêmica, infindável, do sistema capitalista-imperialista, ou seja, diante de nova fase incontrolável de concentração do capital, com todas suas contradições, tal império mundial está a tornar-se algoz de uma parcela significativa desse capital – e dos povos –, principalmente nos Estados periféricos (o resto do mundo!) cujo capital (periférico) vê suas possibilidades de expansão – ou mesmo de sobrevivencia precária, no caso dos Estados mais independentes (Rússia e China) – sendo barradas.  Diante de tal ameaça, governos e elites locais começam a organizar-se contra o império, despertando a luta de classe global a nível de Estado. Não se trata do mesmo confronto entre potências pela divisão do mundo em áreas de influência, que causou as Guerras Mundiais do século passado – trata-se da luta dos povos pela soberania, pela sobrevivência, contra as crescentes agressões imperiais;

3.   SÍNTESE:  Como resultado lógico, as alianças dos Estados que resistem aos avanços imperiais, e que, em sua luta, propõem uma forma alternativa, mais controlada de acumulação do capital – dentro dos princípios keynesianos, embora aplicados em escala global, dando origem à multipolarização e, eventualmente, à despolarização do sistema, pondo fim ao imperialismo –, constituem-se na única saída possível da crise. Como visto acima, nos EEUU, tendo em vista tal opção, começam a surgir movimentos do capital contrários às políticas imperiais, decretando assim o fim do império.

Haveria outra saída para o império?


Muitas coisas estão acontecendo, e rapidamente.   E embora para o capital o caminho a seguir esteja claro, o império americano parece estar pensando de forma diferente.

Ao agucar conflitos regionais e ao fomentar falsas agitações civís e conflitos nacionalistas e religiosos a fim de atender seus próprios interesses, o império tem criado o periodo turbulento pelo qual passamos, culpando outros por suas agressões.  Vale lembrar aqui que a exploração continua a ocorrer simultaneamente a essas guerras e conflitos, como revela a recente disputa sobre a dívida da Argentina nos tribunais dos EEUU, a qual está gerando indignação internacional.

O negócio do armamento e o complexo militar-industrial têm comandado a economia ocidental desde a Primeira Guerra Mundial:  ‘a política actual dos EUA é o fruto do enorme poder e influência que o complexo militar-industrial detém naquela sociedade.’ Sem dúvida, o império tem criado uma enorme demanda para as ‘mercadorias’ do negócio do armamento...

As crescentes ameaças dos EEUU/ OTAN/CIA contra a Rússia, e a aparente submissão da Alemanha e talvez da Europa (embora haja alguma reação contrária da França) às ordens to império, indicam que está havendo grande resistência por parte do setor belicista do capital à idéia de que a inevitável época de grandes mudanças chegou.

Todavia, pode-se concluir que, se o império não se submeter às demandas lógicas do setor não-belicista do capital – e, assim, aceitar sua derrota enquanto xerife do sistema capitalista-imperialista –, estará apenas a prolongar um terrível período de agressões contra o resto do mundo, na vã tentativa de re-estabelecer sua obsoleta e agonizante hegemonia.

De uma coisa podemos estar certos:  o imperialismo, a etapa mais avançada do capitalismo, está chegando ao fim pois seu custo está subindo;  por mais que o império queira, nada poderá fazer para acabar com a resistência dos povos e parar o caminhar da história.

Perspectivas para o futuro


Embora alguns argumentem que a ‘natureza humana’ é competitiva e nunca dará oportunidade a um sistema justo e igualitário, os estudos de grupos ancestrais demonstram que sua ‘natureza humana’ era determinada pelas suas condições objetivas de vida, pelo seu sistema econômico-social, não sendo assim um aspécto inerente do ser humano.  Portanto, mudando o sistema econômico modificam-se também as relações entre os seres humanos e suas expectativas.  Sociedades cooperativas existiram no passado, quando os seres humanos assistiam uns aos outros e compartilhavam seus recursos.  À medida em que a tecnologia se desenvolvia, houve divisões do trabalho e progressiva estratificação social (divisão de classe) em função da apropriação privada dos meios de produção.  Mas, sistemas econômicos se sucederam à medida em que novas tecnologias se criaram para atender às demandas de conforto e bem-estar social, como Darcy Ribeiro nos mostrou em seu extraordinário trabalho sobre o processo civilizatório.

Nesse sentido, o capital nunca foi o motor da história;  apenas um de seus combustíveis, o combustível mais recentemente imposto contra a vontade dos trabalhadores.  O verdadeiro motor da história, a verdadeira força propulsora das grandes mudanças ocorridas nos milhares de anos da história (e pré-história) da humanidade, tem sido a luta dos trabalhadores pela incorporação da tecnologia como ferramenta para o bem-estar social, a resistência dos trabalhadores à exploração, isto é, a luta de classe, como Marx sabiamente deduziu de sua concepção materialista da história.

Uma nova etapa da história está a vir, trazida pela inexorável e sangrenta, mas determinada, resistência dos povos oprimidos e massacrados por séculos de colonialismo e abuso – sim, pois os trabalhadores dos países imperialistas, enquanto elite da classe trabalhadora, estão acomodados em seu conforto ilusório, convenientemente dominados pelas pregações ideológicas dos meios capitalistas de ‘comunicação’.  Nessa nova etapa da história, podemos esperar que os desenvolvimentos tecnólogicos venham a ser aplicados para atender as necessidades de todos os seres humanos.  É sob esse cenário que terá lugar um processo socialmente controlado e temporário de acumulação do capital, findo o qual abrir-se-ão perspectivas inimagináveis para o ser humano.