28 de nov. de 2010

Vitória da democracia, desapontamento da oposição

'Manter democracias' tem sido tarefa difícil na América Latina.  Governos eleitos pelo povo são legítimos, e depô-los é traição.  Entretanto, a história nos mostra uma série interminável de golpes de estado, removendo tais governos e instaurando ditaduras reacionárias que imediatamente revertem os benefícios conquistados pelo povo durante os períodos democráticos.

O Brasil passou por vários ciclos democráticos e autoritários.  A ditadura militar que se implantou no Brasil em 1964 destroçou a liberdade de participação do povo no governo e estabeleceu mais de 20 anos de opressão elitista.  Nesse período, o notório General Golbery do Couto e Silva, considerado mentor intelectual da ditadura militar, publicou seus estudos sobre geopolítica em um livro entitulado Geopolítica do Brasil, onde descreve tais ciclos autoritários e democráticos no país.  Após cêrca de 20 anos de democracia, esse estudo nos alerta para a possibilidade de que se instaure à força outro ciclo autoritário...

Durante aquele período ditatorial, a mídia ajudou os tiranos a paralizarem o povo e angariou uma legitimidade à ditadura que apenas a propaganda enganadora seria capaz de obter.  Por isso, após anos destituído de sua cidadania, de seus direitos cívicos e sociais, desinformado pela mídia, o povo levou algum tempo para aprender a votar de acordo com seus interesses:  o PT sofreu tres derrotas consecutivas nas eleições presidenciais antes de conseguir 'chegar lá' – hoje, é aplaudido por cêrca de 90% do povo que acaba de eleger sua terceira vitória consecutiva nessas eleições.

Convém lembrar que democracia não significa mudança radical, socialismo.  Mas, durante governos democráticos, é possível chegar-se a patamares altos de liberdade, justiça e igualdade social, os quais, teoricamente, deveriam ser desejáveis para todos.  Mas, na realidade, isso não occorre;  a elite teme perder seus privilégios;  tanto que até acredita ser possível alcançar-se o 'comunismo' democraticamente!

Agora, a oposição começa a sentir o pêso de sua derrota.  Mas, como é constituída por elementos poderosos e perigosos – e, como sabemos, com vínculos traiçoeiros no exterior – , é bem capaz de orquestrar algum golpe contra o novo governo.  Nunca é demais criar regulamentação no sentido de prevenir tal acontecimento.  Pode-se dizer que a elite brasileira tentou dar o golpe mediático no governo, nos últimos anos, por diversas vezes, usando todo tipo de calúnias e maquinações na tentativa de macular e gerar um movimento nacional contra o governo do PT.  Não conseguiu seu intento.  Um golpe mais violento poderia estar em sua pauta, agora...

O texto abaixo destaca a recente aprovação, pela União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), de um protocolo contra golpes anti-democráticos na América Latina:

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UNASUL aprova protocolo contra golpes no continente

ANSA, Rede Brasil Atual, 27 novembro 2010

O presidente Lula avalia que o mecanismo "será fundamental para afastar riscos à ordem institucional na região" (Foto: Ricardo Stuckert, Presidência)

Os presidentes dos países da União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) aprovaram na sexta-feira (26) medidas concretas com o objetivo de enfrentar tentativas de golpe de Estado, como a interrupção do comércio, bloqueio de voos, fechamento de fronteiras e também a cessão da provisão de energia elétrica.

As medidas já haviam sido discutidas na reunião extraordinária de setembro passado, após o presidente equatoriano, Rafael Correa, que até esta semana estava no comando da presidência pro tempore do grupo, ter sido alvo de uma tentativa de desestabilização.

Em Georgetown, capital da Guiana, os oito líderes presentes no evento – entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a argentina Cristina Kirchner, o colombiano Juan Manuel Santos e o venezuelano Hugo Chávez – ratificaram a importância de uma cláusula democrática, que visa a prevenir os golpes de Estado na região, informou o venezuelano Hugo Chávez.

Um rascunho do projeto já havia sido aprovado na noite desta quinta-feira pelos chanceleres dos países-membros do bloco, em encontro prévio à IV Cúpula de Chefes de Estado e de Governo. Outros organismos semelhantes, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), possuem documentos do tipo, com o objetivo de garantir a vigência da democracia.

Por outro lado, um tema que seria o principal do evento foi adiado. Eventuais candidaturas ao posto de secretário-geral da UNASUL não foram analisadas. O cargo está vago desde o falecimento do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, em 27 de outubro passado. O assunto deverá ser retomado na próxima reunião.

Mídia tradicional teme o futuro

A entrevista do Presidente Lula aos blogueiros foi, sem dúvida, um marco na história da comunicação de massa no Brasil.  Por isso, não é demais nos atermos novamente em considerações sobre esse acontecimento.

É preciso que se reconheça o importante aspécto da questão tecnológica:  a tecnologia avançada da Internet permite uma abertura, uma maior participação do povo no processo de transmissão de informações e de idéias.  Trata-se da revolução dos meios de comunicação de massa.  Os blogueiros, as pequenas agências de notícias, as redes sociais ativistas estão à frente:  são a vanguarda desse movimento.  Certamente, a mídia tradicional está consternada...

O texto de Gabriel Brito é elucidativo:

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Lula, blogueiros e o mais importante: internet incomoda mídia corporativa

Gabriel Brito, Correio da Cidadania, 24 novembro 2010

Na manhã desta quarta-feira, 24, a comunicação brasileira viveu um simbólico momento de transição. Em iniciativa praticamente inédita, um grupo de jornalistas que mantêm blogs políticos na internet (alguns sem vinculação com outros veículos de mídia) entrevistou o presidente Lula no Planalto, com transmissão ao vivo pela rede, por twitcam.

Formada por jornalistas que trabalham na chamada mídia alternativa – hoje em dia sinônimo de mídia de esquerda, tamanha a padronização conservadora dos veículos tradicionais – , a bancada entrevistadora articulou a conversa com o presidente em meados de agosto, após o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, aproveitando a oportunidade para também disseminar a revolução que as comunicações inelutavelmente viverão, com produção e transmissão de conteúdo ao alcance de qualquer cidadão minimamente equipado das atuais tecnologias.

Obviamente, tais transformações terão impacto sobre a imprensa hegemônica, ainda pouco mensurável, mas o fato é que ela já se encontra em polvorosa com o impulso de ferramentas que livrem a população das "nove ou dez famílias que controlam a comunicação", conforme já dissera o presidente.

Por conta disso, já estão se entrincheirando na defesa de seus interesses. Isso num momento de efervescência no setor, após o Seminário Internacional de Comunicações, convocado pela Secretaria de Comunicação do governo, sob liderança do ministro Franklin Martins e realizado no início do mês, e o anúncio de quatro estados (BA, CE, AL e PI) da pretensão de criarem conselhos estaduais de comunicação, com o intuito de fiscalizar a atuação da mídia e seu respeito às leis e a diversos direitos individuais – escandalosamente violados pelos atuais donos da comunicação.

Não por coincidência, começaram a pipocar matérias sobre os "perigos" de uma internet cada vez mais habitada pelos brasileiros, onde haveria somente terra sem lei e nenhuma proteção à privacidade das pessoas, de preferência com exemplos isolados de mau uso da rede, ao mesmo tempo em que não estimula e nem discute seu uso adequado, cidadão e emancipador.

Estranho que não tenham sido feitas menções às calúnias que a campanha serrista (oficial ou não, mas serrista) espalhou pela internet durante as eleições, esta sim uma clara demonstração de como a rede mundial pode ser usada para fins nefastos e regressivos. Nossa mídia tampouco destaca o quanto se pode informar melhor com a maior diversidade de fontes oferecidas pela internet, pois é claro que isso afeta diretamente seus reais interesses na questão.

Os ‘independentes’ acusam
Dessa forma, é evidente que a inédita modalidade de entrevista realizada pelos jornalistas – ou blogueiros progressistas, como também se cunhou – causou incômodo nos jornalões e seus escribas. Muitos tentaram colar no grupo a pecha de puxa-sacos, chapa branca etc., especialmente pelo apoio declarado a Dilma no último pleito. O que escondem é que na verdade já começou a guerra entre duas alas da comunicação brasileira, claramente antagônicas ideologicamente.

Tamanha confrontação só tem a contribuir com os debates públicos, pois vem para desmistificar definitivamente a idéia de que nossa mídia tradicional é desprovida de partido, ideologia e preferência política, pautando-se pela isenção e independência, como gosta de se auto-elogiar. Uma brutal desonestidade intelectual, como deixaram claro as recentes coberturas de Folha, Estadão, Globo, Veja e Cia nada bela. Aliás, a própria presidente da ANJ, Judith Brito, havia tirado a máscara, voluntariamente, ao anunciar em março que a "imprensa seria o partido de oposição este ano".

Dessa forma, a mídia e seus jornalistas cativos e já perfeitamente adequados ao mundo regido pelo mercado (mas sem ideologia, claro) não conseguiram disfarçar o ciúme causado pela iniciativa dos blogueiros, o que certamente tornou o momento mais divertido para quem acompanhou.

Não foram poucos os que tentaram desmoralizar a conversa com o presidente. Marcelo Tas, apresentador do CQC e pseudopolitizado, não se segurou: "Fazer entrevista só com simpatizando é fácil". "Atenção puxa-sacos que comemoram 6 mil de audiência: o CQC dá 30 mil toda semana". Patética demonstração de recalque de quem pensa que trabalhar para a família Saad e a TV Bandeirantes, cercado de anúncios de banco e multinacionais, tem autoridade para se dizer mais independente e autêntico que outro profissional. Fora que seguiu discurso raivoso de outros famosos, como o humorista (ou ex?) Marcelo Madureira, que ruborizou até Diogo Mainardi no Conexão Manhattan, quando chamou o presidente de "vagabundo". Claro que – sem ideologia, repita-se – ambos são contra regulação na mídia, pois assim vomitam seus ódios e preconceitos, além de agradarem patrões, de forma impune, de preferência sem o menor questionamento do público, com quem dizem ter rabo preso.

A mídia que crescemos vendo soberana e formadora quase exclusiva de opinião passa, na verdade, por um momento de pura defensiva. Primeiramente, pela maior diversidade de visões e análises que podem ser encontradas na internet e a autonomia amplificada que todo cidadão tem em escolher o conteúdo a ser prestigiado, além da junção de forças de diversos movimentos e atores sociais que têm impulsionado novos veículos de comunicação (especialmente, é claro, na internet). Após inúmeras demonstrações de tendenciosidade política nos últimos anos e apoio explícito ao tucanato, a aprovação massiva da gestão de Lula levantou forças contra uma mídia seletiva na hora de criticar governos – que a rigor foram hiper-semelhantes: "Um mais elitista, outro mais assistencialista", observou Ildo Sauer recentemente ao Correio.

Dessa forma, o tempo de fato tirou máscaras de uma mídia extremamente corrompida, espúria e defensora do status quo, ou seja, inimiga da idéia de um Brasil realmente para todos. Além de ser propagandista de interesses de grandes grupos econômicos e multinacionais, que pagam vultosos anúncios em suas páginas. Sem enganar como antes, suas audiências e vendas caem, há 10 anos, de forma "lenta, gradual e segura", para usar um termo da ditadura que essa mesma mídia um dia apoiou e impulsionou. A mesma que se diz defensora de direitos humanos (em países de governos desafetos dos EUA), da liberdade de expressão e imprensa. Só rindo... Ou chorando, depois que Maria Rita Kehl foi demitida do Estadão por ‘delito de opinião’, conforme a inacreditável justificativa do folhetim da família Mesquita.

O que, de fato, eles combatem
Mas retomando o ponto central, o que o próprio presidente chamou, para regozijo dos entrevistadores, de "mídia antiga" e "mídia comum" vive um inexorável declínio. Não por estar em situação irremediável, e sim por se negar a rever conceitos, na tentativa de retomar o mínimo de pluralismo em suas páginas. Por isso boicotou, e tentou descaracterizar ao máximo, a Conferência Nacional de Comunicação, que debateu inúmeros pontos carentes de maior legitimidade em nossas comunicações. Também por tamanho ranço conservador foi a favor do fim da lei de imprensa, ao mesmo tempo em que não quer uma nova, muito menos a regulamentação da profissão de jornalista. Ou seja, defende tudo que mantenha o setor como autêntica terra de ninguém, rótulo que agora tenta colar na internet, pelo simples fato de que sobre essa ferramenta jamais possuirá o controle de que desfruta nas demais frentes.

De resto, ainda não atingimos o ponto de fervura desse embate que apenas começa. A presidente eleita Dilma já mostrou claras intenções de atuar com mais força no sentido de criar mecanismos de monitoramento da mídia (o que não tem nada a ver com censurar conteúdo previamente, conforme desinforma a mídia comercial).

Nesse sentido, o Seminário da Comunicação recém encerrado foi um importante passo. O ministro Franklin Martins foi didático ao reiterar que não se está discutindo controlar a produção de conteúdo, como se vivêssemos sob ditadura, mas apenas de criar mecanismos de evolução no direito à comunicação e à liberdade de imprensa e expressão, que no Brasil de hoje é de empresa, como muitos estudiosos da área afirmam. Ou seja, democratizar as nossas comunicações para muito além do que temos hoje. Nesse caso, a presença de representantes de governos como EUA, Portugal, Espanha, Argentina e França, sustentando que regulação não é censura, fez a imprensa engolir um pouco de suas mentiras.

O terceiro aspecto a assombrá-la é a entrada das Teles no espectro da comunicação, o que segundo Franklin Martins está fadado a ocorrer mais ou menos dia, seguindo a tendência global. Com a possível abertura de certas transmissões, concessões e outras exibições de conteúdo para todo tipo de mídia, de TV e rádio a celular, não será fácil fazer frente a um mercado que movimenta R$ 70 bilhões por ano, ao passo que o audiovisual não supera os R$ 15 bilhões. Cruel ironia ser devorada pelo mercado livre que tanto cultuou. Por isso agora já advoga pela restrição da participação estrangeira em grupos de comunicação.

De olho no futuro
A entrevista em si foi descontraída e realizada em clima amigável;  afinal, a poeira pós-eleitoral não terminou de baixar e os entrevistadores expressaram aqueles que ficaram acima de tudo aliviados com a derrota de Serra e das alas mais conservadoras e obscuras da sociedade brasileira, com quem o tucano morreu abraçado na reta final.

O único perigo a essa mídia que floresce e finalmente faz o contraponto aos grupos tradicionais é depositar demasiadas esperanças democráticas em um governo que na prática não se mostrou disposto a contrariar setores sempre privilegiados. Mas talvez seja uma euforia compreensível, pois ao menos na arena da comunicação o cenário monopólico e desértico de idéias tem sofrido significativas transformações, abrindo perspectivas de um dia o país finalmente atender às demandas por espaços de expressão que diversos grupos da sociedade brasileira reclamam.

O que a entrevista dos blogueiros com o presidente e sua simples maneira de transmiti-la mostrou com nitidez ao público é que está cada vez mais fácil promover e prestigiar um jornalismo mais comprometido com interesses populares, conforme reza a função social da profissão, aparentemente também ‘revogada’ nas maiores redações do país. Uma das raras vezes em que qualquer indivíduo poderá se apropriar, praticamente por igual, do que há de mais avançado em termos tecnológicos. O que desde já desagrada quem sempre comeu a maior fatia do bolo e agora luta por sobrevivência com as mesmas armas e idéias de sempre.

26 de nov. de 2010

Indústria naval e soberania

Reproduzo abaixo o excelente artigo de Beto Almeida (veja ainda nossa página sobre defesa e diplomacia):

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A retomada da indústria naval e a soberania

Beto Almeida *, ADITAL, 25 novembro 10

'Marinheiro , marinheiro,
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei navegar'
– Geraldo Vandré

Muitas lições podem ser tiradas da retomada da indústria naval no Brasil que nesta sexta-feira lançou, no Estaleiro Mauá, em Niterói mais uma grande embarcação ao mar, o navio Sérgio Buarque de Hollanda.  Mas, certamente, deve-se discutir com prioridade que não é possível pensar um Brasil soberano sem uma indústria naval desenvolvida.  Para aqueles que, até mesmo nas fileiras da esquerda, chegaram a dizer que os candidatos presidenciais eram todos iguais, eis aqui uma estupenda diferença:  enquanto os neoliberais conseguiram demolir e paralisar uma das mais expandidas indústrias navais do mundo, a brasileira -fazendo com que desde 2000 não se produzissem mais navios aqui- o governo Lula acaba por transformar o setor em fonte geradora de emprego, desenvolvimento tecnológico, promoção de justiça social e, especialmente, alavanca indispensável para se alcançar a soberania.

O que pensar de um país com costa superior a 8 mil e 500 quilômetros sem uma indústria naval desenvolvida? Eis aí a tarefa dos neoliberais que se ocuparam de destruir o que havia sido levantado na Era Vargas em particular.  O Brasil chegou a ter a sua empresa estatal no setor, a Loyd Brasileiro, e a ocupar uma posição de destaque no cenário mundial da construção naval.  A própria navegação de cabotagem teve expressivo desenvolvimento e nem podia ser diferente.  Vargas chegou a criar a frota do álcool e do petróleo.  Com o neoliberalismo dos anos 90 tem início a demolição devastadora.  Ela alcançou todos os pilares estruturais do transporte, seja ferroviário (privatização da Rede Ferroviária), aéreo (privatização da Embraer) e o naval, com a privatização do Loyd Brasileiro seguida de uma programada desindustrialização.  O desemprego foi dramático, generalizado.

Organizadores de derrotas
Demolir a indústria naval é organizar a dependência, é organizar a derrota de uma nação.  Mais que isto, é programar sua incapacitação para a defesa, pois sem indústria naval não há como ter também uma Marinha equipada à altura dos potenciais de riqueza que devem ser defendidos.  As autoridades de defesa já indicaram, em numerosas oportunidades, a situação de desarmamento em que se encontra e ainda se encontra a Marinha Brasileira, agora em fase de recuperação.  É certo que ainda falta muito, porém, recuperar a indústria naval é condição indispensável para organizar uma capacidade de defesa do porte das magníficas riquezas que o petróleo pré-sal representa.  Aí está o desafio.  Nesta linha de raciocínio podemos concluir que uma indústria naval recuperada é fator que se junta à Nova Estratégia de Defesa Nacional.

Há alguns anos, antes da divulgação da existência do petróleo pré-sal, a imprensa noticiou a existência de um estranho relatório da CIA indicando que as plataformas da Petrobrás em alto-mar eram muito vulneráveis a atentados terroristas.  Seria um relatório ou seria uma espécie torta de ameaça, ainda que velada? Agora, vemos a Quarta Frota dos EUA ser retomada e se insinuar pelos mares do sul depois de décadas paralisada.  Junte-se a isto, a discussão recente na OTAN sobre a mudança de sua doutrina militar, cujo raio de operação deverá incluir o Atlântico Sul.

De fato, na situação atual a Marinha não tem ainda as condições para realizar uma defesa efetiva de todo o potencial de riquezas contido na plataforma continental brasileira.  Esta área, agora ampliada para 350 milhas, também chamada Amazônia Azul, possui, além de petróleo, gigantescas reservas de biodiversidade sempre desafiando nossas universidades e os centros de tecnologia da Marinha para o desenvolvimento das tecnologias apropriadas ao seu adequado aproveitamento em favor do nosso povo.

Em resposta à proposta de intervencionismo ampliado da OTAN, o governo brasileiro, pela voz do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, já afirmou que as nações desta região sul deverão capacitar-se para ter a condição de dizer NÃO quando chegar a situação de ter que dizê-lo concretamente, ou seja, tendo capacidade de defesa para fazê-lo.  Sem indústria naval, sem tecnologia própria, sem indústria de defesa, não há como falar de soberania efetiva.

A retomada da indústria naval, o projeto do submarino nuclear, o reequipamento da Marinha, e, sobretudo, sua modernização, são medidas que se sintonizam plenamente com a renacionalização da Petrobrás, sua consolidação e com medidas que recuperam o papel do estado na formulação das diretrizes econômicas.  Ou seja, exatamente ao contrário dos governos neoliberais, para quem o estado deve ser mínimo.

Afinal, ricos não precisam de estado.  A informação de que há centenas de navios e embarcações encomendadas pela Petrobrás, gerando milhares e milhares de empregos qualificados e com carteira assinada, reforçam o movimento sindical, a previdência, o mercado interno.  Até mesmo a Escola Técnica do Arsenal de Marinha, que há 10 anos estava paralisada, voltou a ativa e está formando técnicos imediatamente contratados pela construção naval.  Até a estatal venezuelana, a PDVSA, tem encomendados no Brasil a construção de 17 embarcações petroleiras.  Integração produtiva latino-americana é o outro ingrediente neste episódio.

Soberania em vários quadrantes
Mas, para além desta conclusão que liga recuperação naval e soberania, o lançamento do novo navio, cuja madrinha é a cantora Miúcha, estimula a reflexão sobre outras medidas necessárias.  Se era absurdo um país do porte do Brasil não tivesse uma indústria naval, também o é não ter sob controle público a indústria aeronáutica, sobretudo porque a Embraer foi produto de um esforço da poupança nacional, irresponsavelmente entregue aos interesses internacionais, quando há todo um potencial de aproveitamento da aviação regional por desenvolver aqui no Brasil.

O resultado da privatização da Embraer e sua dependência do mercado internacional foi a demissão de mais de 4 mil trabalhadores da ex-estatal quando a crise estourou no capitalismo do primeiro mundo.

Certamente, a estratégia deve voltar-se para o mercado interno.  Como disse Lula no lançamento do "Sérgio Buarque de Hollanda" enquanto os EUA estão perdendo 70 mil empregos, o Brasil está gerando este ano mais de 2 milhões e meio de novos postos de trabalho.  Aqui nasce uma nova classe média, nos EUA há uma erosão na classe média, que está sendo despejada, dormindo nas praças públicas…

Com a imensidão do Brasil e sem sistema de transporte ferroviário eficiente - também foi demolido - a aviação regional poderia receber um grande impulso no Brasil, mas não sem antes recuperar o controle sobre a Embraer, como está fazendo na área naval e de petróleo.

Cultura e soberania
Assim sucessivamente.  Todas as medidas neoliberais resultaram em enormes prejuízos para a poupança popular, ou para a tecnologia nacional, ou para a soberania.  Ou tudo junto.  Se fôssemos analisar o cinema, por exemplo, quando existia a Embrafilme, cerca de 40 por cento do mercado cinematográfico era ocupado por produção nacional.  Bons filmes e maus filmes, como em todo lado.  Mas, havia uma indústria viva, gerando empregos, absorvendo talentos, renovando-se e superando em linguagem e em capacidade produtiva.  O fim da Embrafilme jogou o cinema brasileiro no chão.  Sob aplausos do cinema norte-americano que passou a ocupar 95 por cento do mercado brasileiro.  E cinema também é soberania, como parte da construção da identidade nacional.

A retomada da indústria naval e do papel protagonista do estado são medidas inequivocamente necessárias.  E respondem concretamente aos sinais de aprofundamento da crise nos centros do capitalismo.  E bem sabemos, pela história, que as crises mais agudas do capitalismo tendem a buscar superação na economia de guerra.  Por isto o intervencionismo crescente, sem que Obama possa mudar quase nada.  Por isso o reforço orçamentário da indústria bélica dos EUA, a principal rubrica do orçamento, o que equivale a uma ameaça contra os países que possuem grandes reservas de riqueza, como é o nosso caso.  E ainda não nos recuperamos plenamente da devastadora demolição organizada pelos neoliberais, um desarmamento unilateral, em favor dos que pretendem tomar conta dos mares, ignorando soberanias e o direito dos povos.

Há um conjunto de sinais sombrios indicando que o mundo cobrará de nós brasileiros a coragem e a rebeldia de João Cândido, da Revolta da Chibata, o almirante negro da música de Aldir Branco e João Bosco.  Mas, a embarcação do Brasil Nação está encontrando o rumo certo.

* Presidente da TV Cidade Livre de Brasília.  Membro da Junta Diretiva da Telesur.

25 de nov. de 2010

Entrevista do Presidente Lula com blogueiros

Aconteceu ontem pela manhã a aguardada entrevista do Presidente Lula com os blogueiros progressistas, em Brasília.  Foi transmitida ao vivo, on-line.  Esta blogueira foi uma dos cerca de 7.000 blogueiros que estavam 'ligados' assistindo a esse acontecimento inédito ao vivo.

Altamiro Borges reproduziu em seu blog a íntegra da entrevista com o Presidente Lula:  veja aqui.  Ou assista ao vídeo aqui.

Foi um momento emocionante.  Como Rodrigo Vianna diz:

'Não sei se os leitores têm dimensão do que isso significa:  quebrou-se o monopólio.  Internautas puderam perguntar, via twitter.  O mundo da comunicação se moveu.  Foi simbólico o que vimos hoje.

A velha mídia vai seguir existindo.  Ninguém quer acabar com ela.  Mas já não fala sozinha.  Ao contrário:  Estadão, UOL e outros ficaram ligados na entrevista com o presidente.  Entrevista feita por blogueiros que Serra, recentemente, chamou de “sujos”.  Os sujinhos entraram no jogo…

Foi só o primeiro passo.  Caminhamos para a diversidade.  O que é muito bom.'

Veja parte do artigo de Rodrigo Vianna abaixo:

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Lula avisa: “serei blogueiro e tuiteiro” (parte do artigo)

Rodrigo Vianna, Escrevinhador, 24 novembro 2010

A dinâmica da entrevista não foi a ideal, certamente.  Mas era a única possível: só uma pergunta por entrevistado, sem possibilidade de réplica, para que os outros blogueiros pudessem perguntar também (em coletivas “convencionais”, repórteres brigam pelas perguntas, atropelam uns aos outros muitas vezes; os blogueiros combinaram de agir de outra forma).

Além disso, faltaram as mulheres (só Conceição Oliveira entrou, via twitcam).  Fizeram muita falta.

Mas o importante é registrar o fato histórico:  blogs sem ligação com nenhum portal da internet foram recebidos pelo Presidente da República numa coletiva hoje cedo, no Palácio do Planalto.  E os portais tradicionais (quase todos) abriram janelas na capa para transmitir a entrevista – ao vivo.

Não sei se os leitores têm dimensão do que isso significa:  quebrou-se o monopólio.  Internautas puderam perguntar, via twitter.  O mundo da comunicação se moveu.  Foi simbólico o que vimos hoje.

A velha mídia vai seguir existindo.  Ninguém quer acabar com ela.  Mas já não fala sozinha.  Ao contrário: Estadão, UOL e outros ficaram ligados na entrevista com o presidente.  Entrevista feita por blogueiros que Serra, recentemente, chamou de “sujos”.  Os sujinhos entraram no jogo…

Foi só o primeiro passo.  Caminhamos para a diversidade.  O que é muito bom.

Quanto ao conteúdo, importante registrar que Lula anunciou: quando “desencarnar” da presidência (expressão repetida várias vezes durante a coletiva), vai entrar na internet.  “Serei blogueiro, serei tuiteiro”.

O presidente deixou algumas questões sem resposta.  Não explicou de forma convincente dois pontos:  por que Brasil não abre arquivos da ditadura?  E porque Paulo Lacerda foi afastado da PF e da ABIN depois da Satiagraha?  Sobre esse último ponto, Lula chegou a dizer:  “Tem coisas que não posso dizer como presidente da República.“

Hum… Frustrante.  O mistério ficou.  Paulo Lacerda contrariou quais interesses?

Os blogueiros não perguntaram sobre Reforma Agrária.  Falha grave.  Nem sobre saúde.  E sobre política externa ninguém falou;  felizmente, Lula desembestou a falar sobre o tema (mesmo sem ser perguntado), contando um ótimo (e divertido) bastidor sobre as conversas dele com o líder iraniano.

Natural que muitas perguntas tenham se concentrado na questão das comunicações.  É essa a batalha que move os blogueiros.  Mas ainda bem que surgiram também outros temas, como Direitos Humanos, jornada de trabalho, fator previdenciário, Judiciário, composição do Supremo.

Numa coletiva para a velha mídia, a pauta certamente seria diferente.  Haveria mais perguntas sobre a composição do ministério de Dilma, sobre guerra cambial.  Mas aí seria uma coletiva da velha mídia.  Papel dos blogueiros foi trazer outros temas ao debate.

Poderíamos ter feito melhor, sem dúvida.  Da próxima vez, deveríamos debater melhor a composição da bancada de entrevistadores.  Fiquei um pouco frustrado, também, porque havia a promessa de uma segunda rodada de perguntas.  Mas não houve tempo.  Parte do jogo.

Importante é que esse canal está aberto.

Tentei, durante a entrevista, resumir o que Lula ia falando.  Um resumo falho em vários pontos.  Mas serve como uma primeira leitura.

Veja o restante deste artigo no blog Escrevinhador, de Rodrigo Vianna.

24 de nov. de 2010

Manipulações da mídia

Diz-se que manipulação e controle da opinião não são privilégio da mídia;  que, em conversas entre amigos, sempre tem um que procura 'fazer a cabeça' dos outros.  Mas, isso faz parte do processo interativo quando pessoas com diferentes pontos de vista se relacionam e trocam idéias.  Deve-se lembrar, entretanto, que interações pessoais não comprometem a sociedade como um todo pois envolvem um pequeno número de pessoas e ocorrem esporadicamente.

Quando tratamos de meios de comunicação de massa, que alcançam milhões de pessoas assiduamente, de forma repetitiva, manipulação e controle se tornam assunto muito sério – se tornam assunto de lei.  É por isso que os GOVERNOS DEMOCRÁTICOS PODEM E DEVEM regulamentar a mídia.

As perguntas que se deve fazer neste caso são as seguintes:  Por que a mídia manipula e controla a opinião pública?  O que ganha com isso?  Quais interesses defende?

A mídia corporatista invariavelmente defende pontos de vista conservadores, evitando o debate de idéias.  Em certas ocasiões, quando sente que seus interesses estão sendo ameaçados, torna-se agressiva e caluniadora.  Essa mesma mídia tem transformado a idéia de regulamentação da mídia em um assunto polêmico pois teme perder seu monopólio de controle da opinião pública.  Afinal, grupos poderosos pagam bem pelos serviços de manipulação com auxílio dos quais mantêm seus privilegios.

Noam Chomsky, renomado lingüista americano, autor, com Edward S. Herman, do livro Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media (Pantheon, 1988), define, abaixo, o que considera as dez estratégias de manipulação da mídia.  Confira:

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As 10 estratégias de manipulação midiática

Noam Chomsky *, ADITAL, 22 novembro 2010

O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das "10 Estratégias de Manipulação"através da mídia.

1. A estratégia da distração.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

2. Criar problemas e depois oferecer soluções.

Esse método também é denominado "problema-ração-solução". Cria-se um problema, uma "situação" previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

3. A estratégia da gradualidade.

Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir.

Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como "dolorosa e desnecessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade.

A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos...

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.

Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade.

Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

No transcurso dosúltimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

* Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

23 de nov. de 2010

Motivo para celebrar!

O Presidente Lula vai dar uma entrevista coletiva à BLOGOSFERA!  Isso mesmo:  alguns dos mais ativos blogueiros estarão participando deste evento histórico em Brasília, amanhã, 24 de novembro.  Vamos ver se será possível participar à distância...

Altamiro Borges está acompanhando o desenrolar deste evento:

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Lula e a primeira entrevista à blogosfera

Renato Rovai, blog no sítio da Revista Fórum / Blog do Miro, 23 novembro 2010

Amanhã (quarta-feira) o presidente Lula concederá a primeira entrevista “da história deste país” à blogosfera. Solicitada por um grupo de blogueiros progressistas, ela já tem as presenças confirmadas de: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Viomundo), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna). Outros dois blogueiros buscam desmarcar compromissos para se integrar ao grupo.

O evento acontecerá às 9h da manhã, no Palácio do Planalto, e será transmitido ao vivo pelo Blog do Planalto, pelos blogs que participarão do encontro e por todos que tiverem interesse de fazê-lo. Ainda hoje vamos explicar como isso será possível.

Será uma entrevista coletiva, mas também é um momento de celebração da diversidade informativa. Ao abrir sua agenda à blogosfera o presidente demonstra estar atento às transformações que acontecem no espaço midiático e ao mesmo tempo atesta a importância dessa nova esfera pública da comunicação.

Como as coisas na blogosfera são diferentes e mais colaborativas, não serão só os presentes ao encontro que participarão. A coletiva será aberta ao público que poderá participar enviando perguntas pelo chat. O objetivo é garantir o maior grau possível de interatividade.

Por conta dos senões da agenda presidencial, só agora nos foi confirmado o evento e liberada a divulgação. Por isso temos pouco tempo para nos organizar e produzir a repercussão que a entrevista merece.

Contamos com vocês nessa tarefa: divulgando, transmitindo em seus blogs e fazendo perguntas pelo chat.

A blogosfera dá mais um passo importante.

Um passo “nunca dado na história deste país”.


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Coletiva com Lula: vitória dos blogs sujos

Por Altamiro Borges, Blog do Miro, 23 novembro 2010

Está confirmada para amanhã, 24, a primeira entrevista de um presidente da República do Brasil para a blogosfera. Lula falará com dez blogueiros de várias partes do país. A coletiva, que terá início às 9 horas, será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto e os internautas poderão participar, fazendo perguntas, através do chat.

A força da blogosfera 
A entrevista se reveste de importante significado. Comprova a força que adquiriu a blogosfera progressista na fase recente. Durante a campanha eleitoral, o candidato demotucano, José Serra, com amplo respaldo da mídia oligárquica, ficou irritado com a cobertura jornalística independente, e muitas vezes irrevente, da blogosfera. Em várias ocasiões, como no discurso golpista que fez aos generais de pijama do Clube Militar, ele acusou os "blogs sujos" pelas dificuldades da sua campanha.

No extremo oposto, o presidente Lula, alvo de violento e desonesto cerco midiático, chegou a produzir um vídeo destacando o papel da blogosfera na luta de idéias na sociedade. Em vários momentos da campanha, ele criticou os jornalões, que "viraram partido político", a revista Óia (a famigerada Veja) e algumas emissoras de TV pela postura de cabos eleitorais do candidato da direita. Lula conclamou os internautas a produzirem conteúdo para se contrapor às manipulações da mídia.

Papel revelevante na eleição 
Em recente debate, os coordenadores da campanha nas rede sociais dos três principais candidatos - Marcelo Branco (Dilma), Soninha Francine (Serra) e Caio Túlio (Marina) - afirmaram que a internet teve um papel decisivo nas eleições de 2010. A exemplo do que já ocorre nos EUA e na Europa, ela permitiu maior participação da sociedade e garantiu maior diversidade de opiniões. Alguns chegam a afirmar que a internet só foi superada pela cobertura mais massiva da televisão, superando jornais e revistas.

Ao convocar uma coletiva com a blogosfera, o presidente Lula reconhece a força da internet e sinaliza uma preocupação mais efetiva dos atuais ocupantes do Planalto com a democratização dos meios de comunicação. Entrevistas com "autoridades" deixam de ser uma exclusividade dos monopólios midiáticos. Os "blogs sujos", que não se omitiram no embate de idéias, ganham pontos e passam a um novo patamar na disputa de hegemonia no país.

Organizar o segundo encontro 
No final de agosto, cerca de 330 internautas de 19 estados realizaram o I Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, em São Paulo. Eles são os responsáveis pela vitória da entrevista com Lula. Agora, é preciso fortalecer ainda mais o movimento da blogosfera progressista no Brasil. Não dá mais para ninguém negar o seu papel na sociedade. O segundo encontro nacional está previsto para maio e deve ser precedido pelos encontros estaduais. É preciso investir todas as energias na sua organização, garantindo o caráter amplo e plural deste movimento democratizador.

22 de nov. de 2010

Os 'agentes do mercado' começam a se mobilizar para barrar mudanças no Banco Central

Na postagem sobre a erradicação da miséria no Brasil, a necessidade controle dos abusos do capital especulativo – abertura financeira, câmbio flutuante, e altas taxas de juros – figurou como talvez a medida mais importante a ser tomada pela Presidente Dilma Roussef, em seu governo, a fim de atingir sua meta:  erradicar a miséria.  Ora, é lógico que os especuladores – brasileiros e estrangeiros – estão apavorados com a possibilidade de mudanças no Banco Central (BC) e já começam a se mobilizar!

Confira no artigo abaixo, de Altamiro Borges:

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Meirelles ainda quer mais autonomia

Por Altamiro Borges, Blog do Miro, 22 novembro 2010

Ávida por interferir na montagem do ministério do governo Dilma Rousseff, a mídia oligárquica parece preocupada com o futuro do atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.  Há boatos de que a presidenta eleita não o manterá no cargo.  Os tais “agentes do mercado”, que têm espaço privilegiado nos veículos de comunicação, dizem temer pela “estabilidade da economia” – na verdade, eles temem por seus lucros exorbitantes e criminosos na especulação financeira.

Diante a boataria, Henrique Meirelles tentou um golpe de mestre, mas parece que se deu mal.  Ele teria dito à imprensa que foi convidado a permanecer na função, mas que “impôs condições”.  A principal seria maior autonomia do Banco Central.  É muita petulância.  Hoje, a instituição já goza de uma baita autonomia.  Nos últimos oito anos, o BC manteve o tripé neoliberal da política macroeconômica – com juros elevados, superávit primário e libertinagem cambial.

O rentismo do BC
Essa autonomia já beira a irresponsabilidade.  Em plena crise capitalista mundial, contrariando o próprio presidente, o BC elevou os juros, arrochando o crédito.  Diante da atual guerra comercial, deflagrada pelos EUA, ele mantém os câmbio flutuante, o que penaliza a produção interna e gera déficits comerciais.  Meirelles, que não nega seu passado de banqueiro, de ex-presidente do Bank of Boston, insiste na tese da autonomia operacional do BC, quando na maior parte das economias do mundo o movimento é exatamente o contrário – disciplinando o tal “mercado”.

A entrevista do presidente do BC – que agora diz que nunca deu – causou mal-estar na equipe de transição.  “A presidente eleita se irritou com Henrique Meirelles por ele ter divulgado que impõe condições para ficar no Banco Central, mas que não descarta negociar a sua permanência por um período tampão.  De acordo com auxiliares de Dilma, Meirelles perdeu ‘muitos pontos’ e deve ‘baixar o tom’ para que os dois possam negociar sua posição no futuro governo”, relata a Folha.

Desenvolvimentistas X neoliberais
Até agora, Dilma confirmou apenas a manutenção de Guido Mantega no Ministério da Fazenda.  As discordâncias entre Mantega, mais ligado às teses desenvolvimentistas, e Meirelles, vinculado à ortodoxia neoliberal, podem agora resultar na exclusão do atual presidente do BC – o que seria uma excelente sinalização da presidenta Dilma.  Os especuladores ficarão ouriçados; a mídia oligárquica fará escarcéu;  mas o país só tem a ganhar em desenvolvimento e maior justiça.

21 de nov. de 2010

Mídia corporatista abre arquivos da ditadura

O período da ditadura militar foi terrível para todos os brasileiros que não faziam parte da elite traiçoeira que a planejou;  foi terrível principalmente para aqueles que, na sua pobreza e ignorância política, não tinham noção do que se passava nos bastidores do governo, embora sentissem que  'a situação do Brasil não era boa;  a renda, pequena, diminuía ainda mais a cada dia;  e não havia como reclamar...'

Sabemos quais são as intenções da mídia ao abrir tais arquivos:  acusar, caluniar, afligir outra vez aqueles que merecem todo nosso respeito pois tiveram a coragem de lutar contra as forças opressoras.  Sua primeira vítima, paradoxalmente, é a mulher maravilhosa que acabamos de eleger Presidente do Brasil.

Não podemos deixar que isso aconteça!!!  ALERTA, Brasileiros!  Devemos iniciar rapidamente um movimento para acabar com as manobras da imprensa corporatista;  devemos ensinar história aos jovens de hoje – essa história recente que nos dá a lição muito importante de que as liberdades civis são importantes, de que a soberania de um povo vale a pena;  devemos mostrar o valor de Dilma Roussef e de tantos outros que acreditaram que um mundo melhor seria possível, e que lutaram por esse mundo.

Dilma Rousseff e muitos outros jovens, educados e politicamente conscientes, foram valentes o suficiente para lutar pela democracia e pela esperança de um futuro melhor que nos haviam sido roubadas.   Muitos dizem que foram ingênuos;  mas, a verdade é que sua juventude e seus princípios lhes deram perspectiva e coragem.   Parafrazeando Fernando Pessoa, cantávamos juntos  'navegar é preciso, viver não é preciso...', e tantas outras canções, inesquecíveis, que nos empurravam à frente:  'e no entanto é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar, é preciso cantar e alegrar a cidade…', 'chora, a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarisses, no solo do Brasil...',  'vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer...', 'apesar de voce amanhã há de ser um outro dia, ainda pago pra ver o jardim florescer qual voce não queria...',  e tantas outras...   O JARDIM FLORESCEU, DILMA!!!  Chegou a hora de colhermos as flores!

Leia o excelente EDITORIAL de Carta Capital, de 19 novembro 2010:

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EDITORIAL 

"Grande" imprensa assume voz da tortura e da ditadura

Ao dar legitimidade a relatos de torturadores e assassinos, a chamada “grande imprensa” está assinando definitivamente seu atestado de óbito como instituição democrática.  O problema é mais grave do que simplesmente alimentar um terceiro turno de uma eleição que já foi decidida pela vontade soberana do povo.  O mais grave é tomar a voz da morte, da violência e do arbítrio como sua! Tomar a voz do torturador como sua e vendê-la à sociedade como se fosse uma informação útil à democracia e ao interesse público.  O que seria útil à democracia e ao interesse público neste caso seria publicar o arquivo secreto do comportamento vergonhoso dessa imprensa durante a ditadura.  Editorial da Carta Maior.

Carta Maior, 19 novembro 2010

Cena do filme "Pra Frente Brasil", de Roberto Farias

A chamada “grande imprensa” brasileira envergonha e enfraquece a nossa jovem democracia.  O uso da palavra “grande”, neste caso, revela-se cada vez mais inapropriado.  Não é grande no sentido da grandeza moral que uma instituição pode ter, posto que enveredou para o domínio da mesquinharia, da manipulação e da ocultação de seus reais interesses.  E não é grande também no sentido quantitativo da palavra, uma vez que vem perdendo leitores e público a cada ano que passa.  Mais do que isso, vem perdendo credibilidade e aí reside justamente uma das principais ameaças à ideia de democracia e de República.  As empresas que representam esse setor se autonomearam porta vozes do interesse público quando o que fazem, na verdade, é defender seus interesses econômicos e os interesses políticos de seus aliados. 

Falta de transparência, manipulação da informação e ocultação da verdade constituem o tripé editorial que anima as pautas e as colunas de seus porta vozes de plantão.  O repentino e seletivo interesse dessas empresas por uma parte da história do Brasil no período da ditadura militar (que elas apoiaram entusiasticamente, aliás) fornece mais um prova disso.  Os seus veículos estão interessados em uma parte apenas da história, como de hábito.  Uma parte bem pequena.  Mas bem pequena mesmo.  Só aquela relacionada ao período em que a presidente eleita Dilma Rousseff esteve presa nos porões do regime militar, onde foi barbaramente torturada.  O interesse é denunciar o que a presidente eleita sofreu e pedir a responsabilização dos responsáveis? Não seria esse o interesse legítimo de uma imprensa comprometida, de fato, com a democracia? É razoável, para dizer o mínimo, pensar assim.  Mas não é nada disso que interessa à “grande” imprensa.

O objetivo declarado é um só: torturar Dilma Rousseff mais uma vez.  Remover o lixo que eles mesmo produziram com seu apoio vergonhoso à ditadura e tentar, de algum modo, atingir a imagem de uma mulher que teve a coragem e a grandeza de oferecer à própria vida em uma luta absolutamente desigual contra a truculência armada e o fascismo político.  O compromisso com o resgate da memória do país é zero.  Talvez seja negativo.  Se fosse verdadeiro e honesto tal compromisso as informações dos arquivos da ditadura contra Dilma e outros brasileiros e brasileiras que usufruíram do legítimo direito da resistência contra uma ditadura não seriam publicadas do modo que estão sendo, como sendo um relato realista do que aconteceu.  Esse relato, nunca é demais lembrar, foi escrito pelas mesmas mãos que torturavam, aplicavam choques, colocavam no pau de arara, violentavam e assassinavam jovens cujo crime era resistir a sua perversidade assassina e mórbida.

Ao tomar esses relatos como seus e dar-lhes legitimidade a chamada “grande imprensa” está assinando definitivamente seu atestado de óbito como instituição democrática.  O problema é mais grave do que simplesmente alimentar um terceiro turno de uma eleição que já foi decidida pela vontade soberana do povo.  O mais grave é tomar a voz da morte, da violência e do arbítrio como sua! Tomar a voz do torturador como sua e vendê-la à sociedade como se fosse uma informação útil à democracia e ao interesse público. 

O que seria útil à democracia e ao interesse público neste caso seria publicar o arquivo secreto do comportamento dessa imprensa durante a ditadura.  É verdade que a Folha de S.Paulo emprestou carros para transportar presos que estavam sendo ou seriam torturados? Se esse jornal está, de fato, interessado em reconstruir a história recente do Brasil por que não publica os arquivos sobre esse episódio? Por que não publica o balanço de quanto dinheiro ganhou com publicidade e outros benefícios durante os governos militares? Por que o jornal O Globo não publica os arquivos secretos das reuniões (inúmeras) do sr.  Roberto Marinho com os generais que pisotearam a Constituição brasileira e depuseram um presidente eleito pelo voto popular?

Obviamente, nenhuma dessas perguntas será motivo de pauta.  E a razão é muito simples: essas empresas e seus veículos não estão preocupadas com a verdade ou com a memória.  Mais do que isso, a verdade e a memória são obstáculos para seus negócios.  Por essa razão, precisam sequestrar a verdade e a memória e apresentar-se, ao mesmo tempo, como seus libertadores.  É uma história bem conhecida em praticamente toda a América Latina, onde a imensa maioria dos meios de comunicação desempenhou um papel vergonhoso, aliando-se sistematicamente a ditaduras e a oligarquias decrépitas e sufocando o florescimento da democracia e da justiça social no continente.

...

Um episódio ocorrido dia 15 de novembro em Florianópolis ilustra bem a natureza e o caráter dessa imprensa.  O comentarista da RBS TV, Luiz Carlos Prates, fez um inflamado discurso sobre os acidentes no trânsito dizendo que a culpa é “deste governo espúrio que permitiu que qualquer miserável tivesse um carro”.  O governo espúrio em questão é o governo Lula que, por três vezes agora, foi consagrado nas urnas.  O que o comentarista da RBS está dizendo, na verdade, resume bem o que a chamada grande imprensa pensa: é espúrio um governo que permita que qualquer miserável tenha um carro; é espúrio um governo que permita que qualquer miserável vote; é espúrio um governo que ousa apontar para um caminho diferente daquele que defendemos.

Durante a campanha eleitoral, essa mesma imprensa, ao mesmo tempo em que acusava o governo e sua candidata de “ameaçar a liberdade de imprensa”, demitia colunistas por crime de opinião, ingressava na justiça para tirar sites do ar e omitia-se vergonhosamente quando o seu candidato e seus aliados censuravam pesquisas, revistas e blogs.  Houve alguma censura por parte do governo? Nenhuma, zero.  Apenas uma crítica feita pelo presidente da República à cobertura sobre as eleições.  Um crime inafiançável.

Não há mais nenhuma razão para palavras mediadas, expectativas ambíguas e estratégias de comunicação esquizofrênicas.  Essas mesmas empresas que não se cansam de pisotear a democracia, desrespeitar a verdade e desprezar o povo não se cansam também de sugar milhões de reais todos os anos em publicidade dos governos que acusam de ameaçar sua liberdade.  Cinismo, hipocrisia, mentira e autoritarismo: essas são as mãos que embalam o berço dessas corporações que entravam a democracia e a justiça social no Brasil.

17 de nov. de 2010

Participe do movimento pelo fechamento da Escola de Assassinos

A Escola das Américas é uma instituição mantida pelos EUA que ministra cursos sobre assuntos militares a oficiais de outros países das Américas.

Atualmente situada em Fort Benning, estado da Georgia, EEUU, esta escola esteve situada no Panamá até 1984.  Nela se graduaram mais de 60.000 militares e policiais de cerca de 23 países da América Latina, alguns deles conhecidos pelos seus crimes contra a humanidade como os Generais Leopoldo Fortunato Galtieri ou Manuel Antonio Noriega.  A escola mudou-se para  (Wikipédia)

Desde sua criação, em 1946, sua missão principal tem sido a de 'fomentar cooperação ou servir como instrumento para preparar as nações latino-americanas a cooperar com os Estados Unidos e manter assim um equilíbrio político contendo a influencia crescente de organizações populares ou movimentos sociais de esquerda.'  (Wikipédia)

O artigo na Wikipédia afirma também que, durante décadas, a Escola das Américas 'cooperou com vários governos e regimes totalitários e violentos.  Vários dos seus cursos ou adestramentos incluíam técnicas de contra insurgência, operações de comando, treinamento em golpes de Estado, guerra psicológica, intervenção militar, técnicas de interrogação.  Manuais militares de instrução destas iniciativa, primeiramente confidenciais, foram liberados e publicados pelo pentágono Americano em 1996.  Entre outras considerações, os manuais davam detalhes sobre violações de direitos humanos permitidos, como por exemplo o uso de tortura, execuções sumárias, desaparecimento de pessoas, etc.,  definindo seus objetivos como sendo o de conter e controlar indivíduos participantes em organizações sindicais e de esquerda.'

Escola de Assassinos

'O jornal panamenho La Prensa a chama de Escola de Assassinos.  Jorge Illueca, presidente do Panamá, chamou a de A Base gringa para a desestabilização da América Latina.

Em uma carta aberta enviada em 20 de Julho de 1993 ao Columbus Ledger Enquirer, o comandante Joseph Blair, antigo instrutor da Escola das Américas, declarou: "Nos meus três anos de serviço na Escola nunca ouvi nada sobre qualquer objetivo de promover a liberdade, a democracia e os direitos humanos.  O pessoal militar da América Latina vinha a Columbus unicamente em busca de benefícios econômicos, oportunidades para comprar bens de qualidade isentos de taxas de importação e com transporte gratuito, pago com impostos de contribuintes americanos.

De acordo com o senador democrata Martin Meehan (Massachusetts): "Se a Escola das Américas decidisse celebrar uma reunião de ex alunos, reuniria alguns dos mais infames e notórios malfeitores do hemisfério".
A Escola das Américas, desde 1946, treinou mais de 60 mil militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.  Dentre eles, destacam-se os assassinos de Dom Oscar Romero e do bispo guatemalteco D.  Juan Girardi, e de seis padres jesuítas e quatro americanos assassinados em El Salvador, em 1989.' (Wikipédia)

Esta escola de assassinos precisa fechar.  Participe da semana de ação pelo seu fechamento.  Assine petições, envie cartas a políticos e instituições que têm o poder de agir e posicionar o Brasil contra o envio de militares para treinarem nessa odiosa instituição imperialista.  Sem o fechamento dessa escola, fica difícil acreditar que as mudanças que queremos para o Brasil sejam viáveis...

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Começa hoje (16) semana de ação pelo fechamento da Escola das Américas

Tatiana Félix, ADITAL, 16 novembro 2010

Defensores da paz e dos direitos humanos dos países da América Latina e do Caribe se mobilizam a partir de hoje (16) para realizar manifestações e protestos, até domingo (21), contra a Escola das Américas, acusada de ser local de formação de violadores de direitos humanos.

Surgida na década de 40, e inicialmente situada no Panamá, na América Central, hoje a Escola está localizada em Fort Benning, no estado da Georgia, nos Estados Unidos.  Desde 1990, manifestantes realizam protestos em frente à atual sede da Escola, em Fort Benning.

A estimativa é que milhares de ativistas, entre estudantes, religiosos, cidadãs e cidadãos comuns, ex-veteranos de guerra e outros, participem das manifestações contra a chamada de 'Escola de Assassinos'.  Para Roy Bourgeois, fundador do movimento Observatório da Escola das Américas (SOAW, por sua sigla em inglês), "a luta pelo fechamento da Escola das Américas é uma tarefa de todos os povos que amam a paz e a justiça".

A coordenadora do movimento SOAW para América Latina, Lisa Sullivan, citou alguns exemplos como o do golpe de Estado em Honduras, a repressão em El Alto, na Bolívia e as violações de direitos humanos na Colômbia para justificar a luta pelo fechamento da Escola Militar.  Para ela, enquanto os países continuarem enviando soldados para esta escola, situações como estas, que atentam contra a democracia, continuarão acontecendo.

Em diversos países da região, os e as ativistas estão se mobilizando para somar esforços nesta luta.  No México, Guatemala, República Dominicana, Chile e Paraguai, por exemplo, estão sendo coletadas assinaturas para uma carta que será enviada aos presidentes da América Latina e Caribe, com o pedido de que não enviem mais tropas para a Escola Militar.  Já em nações como Argentina, Honduras, Nicarágua, Equador e outros, estão sendo realizados fóruns, encontros e oficinas, que abordam a questão.

Em uma mensagem de apoio dirigida ao movimento SOAW, o Grupo Operacional da campanha 'Não Bases', da Argentina, declarou que "saudamos a decisão dos países da região – Argentina, Venezuela, Bolívia e Uruguai – que deixaram de enviar soldados para a Escola das Américas, uma instituição que não variou sua prática, nem seus objetivos, mesmo que agora se denomine Instituto de Cooperação e Segurança do Hemisfério Ocidental (WHINSEC) e tenha se mudado do Panamá à Geórgia, nos Estados Unidos".

Mas, por outro lado, considerando que países como Colômbia, Chile, Peru, Nicarágua, República Dominicana, Equador, Panamá, Honduras, El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Paraguai, México, Jamaica, Belize e Brasil ainda enviam tropas à referida Escola, os(as) militantes argentinos(as) se comprometem a também somar esforços "para que nenhum país latinoamericano continue enviando militares ou polícias para esta ou outra academia militar ou policial com objetivos semelhantes".

O Grupo ressaltou ainda que considera importante a recente declaração do presidente da Bolívia, Evo Morales, que, além de denunciar e rejeitar o papel da Escola, sugeriu que a União das Nações Sulamericanas (UNASUL) instale um Instituto de preparação para as forças armadas da região, com foco na formação democrática e patriótica e de acordo com os princípios de unidade da América Latina.

"A criação de um Instituto desta natureza seria uma verdadeira alternativa para a Escola de Assassinos, cujo fechamento reclamamos e, também, corresponderia plenamente com os objetivos que levaram a Unasul para a criação de um Conselho de Defesa Sulamericano e um Centro de Estudos Estratégicos, onde os países da América do Sul possam determinar com autonomia seus próprios interesses geopolíticos e suas políticas de Defesa Nacional", comentou.

Mais informações:  gabi@soaw.org