15 de nov. de 2010

Assassinato de líderes políticos e sociais na Colômbia

A primeira postagem do blog Alerta! foi uma reprodução do extraordinário editorial da Revista do Brasil que foi CENSURADA pelo Tribunal Superior Eleitoral a pedido da coligação do candidato José Serra à Presidência da República.  Na ocasião, tal censura foi vista, corretamente, como um ataque à liberdade de imprensa.  Foi tal afronta que deu origem a este blog, pois considerou-se que o silêncio perante tais atos é tão perigoso quanto os próprios atos.  Este blog surgiu como uma forma de protesto.


Foto publicada na edição CENSURADA da Revista do Brasil (conforme cópia da revista censurada em Scribd), em outubro 2010, mostrando movimentos pelos direitos humanos no México.

Foi importante também, naquela ocasião, escolher o artigo certo da Revista do Brasil para enfatizar a mensagem do blog.  Por isso, foi escolhido o EDITORIAL daquela revista:  tanto a mensagem como a foto despertaram para antigos pesadêlos que vivemos no Brasil durante a ditadura militar, e mostraram o perigo que ainda corremos de uma repetição dos horrores que vivemos naquela época, vista a terrível realidade no México.

Infelizmente, os horrores da repressão não estão confinados apenas ao México.  A postagem de hoje refere-se a hediondos crimes que vêm ocorrendo na Colômbia, a qual, como o México, também 'sofre influência direta dos Estados Unidos em sua política de defesa nacional.'

Com a desculpa de estar perpetrando 'guerra ao narcotráfico' e 'guerra ao terror', o governo desse país tem praticado temíveis atos de repressão contra seu povo:  seus líderes comunitários, sindicais e de direitos humanos estão sendo assassinados, e autoridades que se propõem a mudar essa situação são vítimas de organizações criminosas que os corrompem com ameaças e assassinatos.

Em 2009, Colômbia e Estados Unidos assinaram um acordo militar a portas fechadas na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Bogotá.  Esse acordo militar autoriza a entrada na Colômbia de até 800 militares estadunidenses e 600 civis (espiões?) que trabalham para o governo estadunidense.  O objetivo declarado é combater o narcotráfico e o terrorismo, mas os dois governos não divulgaram o texto oficial do convênio, apenas divulgaram alguns dados.

Conforme a Wikipédia, esse acordo  ...'compensa o fim da base estadunidense de Manta, no Equador, ao permitir o uso de três bases aéreas, duas bases da Marinha e outras duas do Exército no território colombiano.'

O artigo em Wikipédia afirma ainda que aquele documento 'provocou e ainda provoca muitas discussões por causa da base de Palanquero, que abriga uma pista de pouso e decolagem adaptada a aviões militares cargueiros possibilitando a projeção desses aviões para além das fronteiras da Colômbia, a qual é vizinha dos governos revolucionários anti-EUA [independentes] da Venezuela (Hugo Chávez) e do Equador (Rafael Correa).  A posição bastante estratégica das bases permite que o avião militar Boeing C-17 alcance metade do continente sem precisar parar para reabastecer, fato que amplia as desconfianças dos outros países sul-americanos em relação ao objetivo real do tratado.'

Vale lembrar ainda que o presidente Barack Obama, no ano fiscal de 2010, sancionou o orçamento militar de seu país, o qual apresenta uma verba de US$ 46 milhões destinada a Palanquero.  (Wikipédia)

Portanto, nunca é demais repetir a mensagem daquele EDITORIAL censurado pois, quando se trata de assuntos dessa natureza, trata-se também de 'dar uma vaga idéia do que poderíamos ter virado caso o Brasil não tivesse começado, há oito anos, a virar o jogo do neoliberalismo conduzido pelo PSDB/DEM.'  Sim, por que o objetivo dos países imperialistas, usando tais partidos, é controlar a economia e extrair recursos desses países, bem como manter sua vigilância sobre o resto da América Latina, cuidando para que a dependência econômica e o subdesenvolvimento se perpetuem.

O Brasil é um país imensamente rico.  Durante séculos, a exploração de seus recursos minerais e agrícolas, e de seu povo através da manutenção de salários miseráveis, manteve o país subdesenvolvido e custeou muitas crises do sistema nos países imperialistas.  A reversão dessa política governamental neoliberal do Brasil, de âncora do capitalismo internacional, para uma política defensora dos direitos do povo brasileiro, traria benefícios imediatos para o país e para seu povo.

Não foi de surpreender, portanto, que as mais recentes políticas governamentais do PT resultaram em crescimento do emprego e da massa salarial, distribuição de renda e inclusão social.  Como aquele EDITORIAL censurado bem colocou, esses são pontos de partida 'para se chegar a uma sociedade sem violência, a um país que seja grande economicamente e também justo com seu povo. Que o Brasil siga nessa trilha, sem dar chance ao retrocesso.'  (CENSURADA)

O artigo abaixo descreve alguns dos problemas que estão ocorrendo no momento na Colômbia, cujo governo da direita neoliberal, aos moldes do governo anterior de Álvaro Uribe, continua a oprimir os segmentos mais fracos do povo:

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Colômbia: 50 lideranças foram mortas em 90 dias de governo Santos

O Partido Polo Democrático Alternativo (PDA) denunciou na quarta-feira (10) que ao menos 50 líderes políticos e sociais foram assassinados na Colômbia nos 90 primeiros dias do governo do presidente Juan Manuel Santos, sucessor do ultradireitista Álvaro Uribe. Segundo a legenda, as mortes são consequência da crise humanitária que vive a nação sul-americana.

Da Redação, com informações da Fórum e da TeleSur, Vermelho, 14 novembro 2010

A presidente do PDA, Clara Lopes, disse em comunicado apresentado ao Comitê Executivo Nacional (CEN) que as vítimas são políticos de esquerda, sindicalistas, dirigentes sociais, camponeses, indígenas e jovens, assim como defensores dos direitos humanos para a população [...]. “Trata-se de uma crise humanitária com números verificáveis e casos constatados.”

De acordo com [a presidente do PDA], o partido observa com preocupação esse “fenômeno de ameaças e assassinatos”, além de se propor a fazer “um [acompanhamento] detalhado” sobre “a população vulnerável que não conta com as garantias suficientes por parte do Estado para proteger suas vidas”.  Clara Lopes enfatizou que [os habitantes da] Colômbia “[vêm] sendo vítima[s] de um plano de extermínio”[.  Esse plano é] contra os setores sociais e a população vulnerável, “sem que a cúpula do governo reaja” para dar “as suficientes garantias a vida, honra e [para garantir] os bens das vítimas”.

Na última sexta, Elizabeth Silva Aguilar, presidente da Associação dos Sem-Teto e Refugiados de Bucaramanga, noroeste da Colômbia, foi assassinada por desconhecidos que invadiram sua casa em um bairro dessa cidade, informou o PDA, que assegurou que esse assassinato foi cometido por “paramilitares supostamente não mobilizados”.  Para o PDA, “é um assassinato a mais que se soma à cadeia de crime e intimidações contra essa comunidade”.

Representantes de organizações de refugiados denunciaram que, nos últimos seis meses, ao menos cem líderes de direitos humanos foram assassinados na Colômbia.  A guerra “se mantém sobre todo o sul da Colômbia”.  Segundo o integrante da Associação de Afrocolombianos Deslocados (AFRODES), Roseliano Riascos, “primeiro chegaram panfletos ameaçadores e logo se deram os assassinatos”.

Riascos enfatizou que “a nova estratégia contra os líderes dos refugiados já não são massacres [mas], sim, mortes seletivas e desapropriações”.  Segundo a Consultoria para os Direitos Humanos e os Deslocamentos [migrações internas forçadas] – CODHES, desde 2002 há [numerosos] registros de assassinatos de líderes refugiados.

Essa ONG colombiana afirmou nesta terça-feira que 3,7 milhões de pessoas foram vítimas de deslocamentos forçados, consequência do conflito armado que assola a Colômbia há cinco décadas, transformando-a na nação com maior número de refugiados [internos] do mundo.  (revisão minha)

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