17 de abr. de 2014

O que está acontecendo no Oriente Médio?

Para muitas pessoas, o que está acontecendo no Oriente Médio é ‘muito complicado’...

Sem dúvida, a realidade nessa região é muito diferente da do Brasil e, por isso, difícil de se compreender... Para facilitar a compreensão sobre o que ocorre nessa região – com implicações sobre os acontecimentos recentes na Ucrânia, na Venezuela, na China e em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil –, vou anexar nas próximas postagens alguns artigos esclarecedores.

Nesta postagem, estou anexando um artigo acêrca de um dos candidatos à Presidência do Líbano nas próximas eleições, Samir Geagea. Como o autor informa, esse candidato foi apoiado por Saad Hariri, antigo Primeiro Ministro do Líbano (2009-2011). Vale lembrar que Saad Hariri é um bilionário cujo pai, o negociante Rafik Hariri, foi também Primeiro Ministro (duas vezes: 1992-1998 e 2000-2004, apesar de ser saudita), tendo sido assassinado em uma explosão em Beirute em 2005.

Esse assassinato foi uma façanha extraordinária – como o foi o ataque às Torres Gêmeas, em New York, em 11 de novembro de 2001, mantidas as proporções. A bomba que explodiu o carro em que Rafik Hariri viajava era tão possante que ao explodir matou outras 22 pessoas. Revelações atuais de uma equipe independente de investigação mostram que na construção dessa bomba, alemã e muito sofisticada, foram usados conhecimentos de nanotecnologia e empregados materiais radioativos, como uranio empobrecido. Mas, há ainda fatos mais notáveis ligados a esse assassinato de alto nível: embora alguns pensem que ‘drones’ são recentes, há indicações de que Rafik Hariri foi vigiado por algum tempo por drones de origem israelita, os quais emitiam informações à fonte de espionage – isso em 2005!

Quem teria planejado e executado tão sofisticada operação?

Membros do Hezbollah foram acusados desse assassinato (Hezbollah: do árabe Ḥizb Allāh, Partidário de Deus). O Hezbollah é um grupo militar e partido político que emergiu como uma facção no Líbano após a invasão de Israel, em 1982, e que desde então resiste à pressão para que o Libano se alinhe ao Ocidente. Mas, entre outros atemorizantes fatos, o texto abaixo identifica os mais prováveis autores, com tecnologia e motivo para criar uma guerra na região.

O artigo acende uma luz sobre o sombrio Oriente Médio e talvez ajude alguns leitores a compreender o que ocorre no Líbano e no restante do Oriente Médio no momento e qual a relação com os ataques terroristas na Síria. Com a possível vitoria da Síria contra os terroristas/mercenários internacionais que têm atacado o país, matando centenas de milhares de pessoas e deslocando milhões com a intenção de forçar o país a se alinhar ao Ocidente (colonialismo), a história do Oriente Médio e do mundo talvez tenha a chance de adotar uma direção menos corporativa.

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Mais uma vez, Samir Geagea perde a aposta
Por Ghaleb Kandil, Rede Voltaire | Beirute (Líbano), 14 de abril de 2014


Samir Geagea

A candidatura de Samir Geagea na eleição presidencial libanesa, anunciada sexta-feira, 4 de abril, foi considerada há três anos. Foi uma decisão muito séria, apoiada pelo antigo primeiro-ministro Saad Hariri e pelo diplomata americano Jeffrey Feltman, tendo em vista a destruição do Estado sírio. O entusiasmo do Sr. Hariri por esse plano tinha atingido o seu pico quando ele disse que voltaria a Beirute apenas pelo aeroporto de Damasco.

Primeiro: Essa aposta baseou-se na queda da Síria, na destruição de seu estado e de seu exército, e na sua integração ao campo ocidental, o que estabeleceria novas equações regionais. O plano de Feltman era para dobrar a Resistência Libanesa: dentro do Líbano, com uma guerra lançada pelas milícias do Movimento Futuro e das Forças Libanesas, apoiadas por grupos terroristas que estavam trabalhando na Síria e que manifestaram a intenção de entrar no Líbano para combater o Hezbollah bem antes do envolvimento deste partido na luta na Síria; e através da fronteira sul do Líbano, com uma invasão israelense, que permitiria a Israel vingar sua derrota em julho-agosto de 2006, que destruiu os sonhos de Tel. Avi, do Ocidente, e de todos os seus aliados libaneses e árabes, que jogaram todas as suas forças para destruir a Resistência Libanesa.

É neste contexto que Saad Hariri anunciou seu apoio à candidatura de Samir Geagea à Presidência, apostando na queda rápida do Estado sírio.

Segundo: A guerra contra a Síria está em um impasse. A aliança de Estados Unidos, Israel, Ocidente, Turquia e aliados árabes procura, nesta fase, limitar o dano para atenuar as consequências da derrota. Com a mudança do equilíbrio de poder no terreno na Síria em favor do eixo da resistência, os americanos não escondem os fatos. O plano Feltman tornou-se uma quimera.

Os desenvolvimentos no campo de batalha mostram mais claramente que a aposta para destruir a resistência é uma ilusão. O Estado sírio e suas forças armadas registram vitórias sucessivas, e é ele quem detém a iniciativa militar e política, embora homens, dinheiro e armas continuem a fluir para grupos terroristas.

Mudanças no terreno sírio beneficiarão naturalmente a resistência libanesa e seus aliados. Isto significa que os líderes libaneses, incluindo cristãos, que apoiaram a resistência e torceram pela força do Estado sírio. beneficiar-se-ão politicamente das novas realidades. Portanto, Samir Geagea, autor do slogan "Deixe a Irmandade Muçulmana prevalecer", mais uma vez perderá todos os seus lances. O líder das Forças Libanesas sabe que as chances de sua eleição para a Presidência da República do Líbano são quase zero.

Terceiro: A candidatura de Samir Geagea surge no último quartel do conflito sírio, em uma época quando Saad Hariri foi forçado a recuar e retirar sua cobertura política aos grupos terroristas – grupos Takfiristas que ele incubou por três anos em Tripoli, Ersal e em outros lugares no Líbano, atendendo solicitação expressa dos americanos.

O objetivo principal de Samir Geagea é bloquear o caminho para a eleição para a presidência do General Michel Aoun. Sua candidatura iria servir para neutralizar o Líder do Movimento Patriótico Livre e favorecer a eleição de uma personalidade de "consenso", cuja tarefa principal seria a de gerenciar a situação atual, sem ser capaz de propor soluções radicais para a crise no Líbano.

Nas atuais circunstâncias, tudo evidencia que o vazio na Presidência, por um período relativamente longo, continua a ser o cenário mais provável. A única solução é a adoção de uma nova lei eleitoral, com base na representação proporcional, que permitiria a eleição de um Parlamento verdadeiramente representativo, o qual elegeria um novo Presidente capaz de encarnar as aspirações das gerações futuras.


Tradução

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