9 de jul. de 2014

A máquina de impressão de dinheiro de Washington está alimentando seu complexo industrial-militar

O artigo abaixo é de extrema importância. Por isso, está sendo publicado pela segunda vez neste blog para chamar a atenção sobre o assunto.

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BRICS se transformam em aliança anti-dólar

Valentin Mândrăşescu, VoR, 3 de julho00:30
BRICS morphing into anti-dollar alliance
ФОТО: РИА НОВОСТИ

Antes da crucial visita a Pequim na próxima semana, a diretora geral do Banco Central russo Elvira Nabiullina encontrou-se com Vladimir Putin para apresentar relatórios sobre o andamento do acordo de troca usando as moedas rublo e yuan programado com o Banco Popular da China. O Kremlin usou a reunião para comunicar ao mundo os detalhes técnicos de sua aliança internacional anti-dólar.

Em 10 de junho, Sergey Glaziev, conselheiro de economia de Putin, publicou um artigo descrevendo a necessidade de estabelecer-se uma aliança internacional dos países dispostos a livrar-se do dólar no comércio internacional e a abster-se de usar dólares como sua moeda de reserva. O objetivo final seria quebrar a máquina de impressão de dinheiro de Washington que está alimentando o seu complexo industrial-militar e dando os EUA amplas possibilidades para espalhar o caos em todo o mundo, alimentando as guerras civis na Líbia, Iraque, Síria e Ucrânia. Os críticos do Glaziev acreditam que tal aliança seria difícil de se estabelecer e que a criação de um sistema financeiro global não baseado no dólar seria extremamente desafiador do ponto de vista técnico. No entanto, em sua conversa com Vladimir Putin, o Chefe do Banco Central russo revelou uma elegante solução técnica para esse problema e deu uma dica clara com relação aos membros da aliança anti-dólar que está sendo criada com os esforços de Moscou e de Pequim:

"Pusemos bastante trabalho no acordo de troca usando rublo e yuan a fim de facilitar o financiamento do comércio. Eu tenho uma reunião na próxima semana em Pequim", ela disse casualmente, e em seguida largou a bomba: "Estamos discutindo com a China e nossos parceiros dos BRICS o estabelecimento de um sistema de trocas multilaterais que permitirá a transferência de recursos para um ou outro país, se necessário. Uma parte das moedas de reserva pode ser dirigida para [o novo sistema]". (fonte da citação: agência de notícias de Prime)

Parece que o Kremlin escolheu a abordagem compreensiva para estabelecer sua aliança anti-dólar. As trocas de moeda (‘currency swaps’) entre os bancos centrais dos BRICS facilitarão o financiamento do comércio enquanto ignorando completamente o dólar. Ao mesmo tempo, o novo sistema também irá funcionar como um substituto de fato do FMI, porque permitirá que os membros da Aliança direcionem recursos para financiar os países mais fracos. Como um bônus importante, derivado deste sistema "quasi-FMI", os BRICS usarão uma parte (provavelmente a "parte em dólar") das suas moedas de reserva para apoiá-lo, reduzindo, assim, drasticamente, a quantidade de instrumentos baseados em dólar comprados por alguns dos maiores credores estrangeiros dos Estados Unidos.

Os céticos certamente vão alegar que uma aliança anti-dólar baseada nos BRICS não conseguirá privar o dólar de seu status de moeda de reserva mundial. Em vez de argumentar contra esta linha de pensamento, é mais fácil apontar que Washington está fazendo tudo que pode para ampliar as fileiras dos inimigos do dólar. Convidado pelo Canal Rússia 24 a comentar as declarações de Nabiullina, Andrei Kostin, Presidente do banco estatal VTB e um dos maiores defensores de políticas anti-dólar, ofereceu uma perspectiva interessante sobre a situação na Europa:

"Acho que o trabalho na linha de troca rublo-yuan será finalizado no futuro próximo e a forma de liquidação do rublo-yuan será aberta. Além disso, nós não somos os únicos com tais iniciativas. Nós sabemos sobre as declarações feitas pelo Sr. Noyer, Presidente do Banco da França. Como uma retaliação do que os americanos fizeram ao BNP Paribas, ele opinou que o comércio com a China deve ser feito em yuan ou euro."

Se a atual tendência continuar, em breve o dólar será abandonado pela maioria das economias globais significativas e vai ser chutado para fora do financiamento do comércio global. A política de intimidação e extorsão de Washington fará mesmo os mais antigos aliados americanos escolherem a aliança anti-dólar em vez do sistema monetário existente baseado em dólar [ver aqui e aqui - NT]. O ponto de não retorno para o dólar pode estar bem mais perto do que se imagina. Na verdade, o dólar já pode ter passado do ponto sem retorno em seu caminho à irrelevância.


Tradução:
Marisa Choguill

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