Extrema esquerda imperialista
Thierry Meyssan, Rede Voltaire |
Damasco (Síria), 5 de Outubro de 2016
Sob as presidências de Johnson e Nixon, a CIA
tentou corromper militantes comunistas, em todo o mundo, e voltá-los contra
Moscou e Pequim. Foi assim que, durante a guerra civil libanesa, Riad el-Turki
se separou do Partido comunista sírio com cinquenta militantes, entre os quais
Georges Sabra e Michel Kilo.
Tratando de não ficar isolados, estes
iniciaram contatos com um pequeno partido de extrema-esquerda norte-americano,
Social Democrats USA, nos quais se filiaram.
Durante os «anos de chumbo» que a Síria
experimentou entre 1978 e 1982 com a campanha terrorista dos Irmãos Muçulmanos,
Georges Sabra e Michel Kilo foram encarregados pelo líder do Social Democrats
USA, Carl Gershman, de apoiar o Ikwan. Eles publicaram então um texto
assegurando que a Revolução Mundial estava em marcha, que os Irmãos Muçulmanos
eram a vanguarda do proletariado, e que o «Grande Crepúsculo» chegaria graças
aos Estados Unidos. Foram então detidos devido às suas ligações com os
terroristas.
Em 1982, o presidente Reagan criou com os
seus parceiros dos «Cinco Olhos», quer dizer a Austrália, o Canadá, a Nova
Zelândia e o Reino Unido, uma nova agência de inteligência encarregue de apoiar
as oposições internas nos Estados comunistas, a National Endowment for
Democracy (NED).
Ele disfarçou esta agência intergovernamental
como «ONG», fez com que fosse financiada diretamente através do Congresso e não
pelo Governo Federal, embora dentro do quadro do orçamento do Departamento de
Estado. Ele confiou a sua direção a Carl Gerhsman.
Militantes deste partido trotskista
seguiram-no no seu percurso da extrema-esquerda para a direita do Partido
Republicano. Entre eles, um bando de jornalistas da revista sionista Commentary,
que entrarão na História sob o nome de «neo-conservadores» (ou “neo-cons”- NT),
e intelectuais como Paul Wolfowitz, futuro secretário adjunto da Defesa.
O ponto de encontro entre esta
extrema-esquerda anti-soviética e o imperialismo norte-americano fez-se em
torno da noção de «revolução mundial». Os Trotskistas tinham carta branca para
lá chegar desde que fosse contra os Soviéticos e não contra Washington e seus
aliados.
Eles constituíram quatro divisões da NED, uma
para os sindicatos, uma para os patrões, a terceira para os partidos de
esquerda e a quarta para os partidos de direita. Tinham, assim, um meio para
apoiar qualquer facção social ou política, fosse ela qual fosse, em qualquer
parte do mundo.
Atualmente, o ramo destinado a corromper os
Partidos de direita, o International Republican Institut (IRI) (Instituto
Republicano Internacional- NT) , é dirigido pelo Senador John McCain, que é ao
mesmo tempo parlamentar da Oposição e funcionário da Administração que ele
contesta. O ramo destinado aos Partidos de esquerda, o National Democratic
Institut (NDI) (Instituto Democrático Nacional- NT), é dirigido pela antiga
secretária de Estado Madeleine Albright.
Durante a preparação da “Primavera Árabe”, a
extrema-esquerda árabe continuou a trabalhar com a Irmandade Muçulmana. Tivemos
assim o professor Moncef Marzouki, futuro presidente da Tunísia, ou o professor
Burhan Galioun, futuro presidente do Conselho Nacional Sírio. Assim, este
grande personagem do laicismo escreveu os discursos do Argelino Abassa Madani,
o chefe da Frente Islâmica de Salvação em exílio no Catar.
O discurso desta extrema-esquerda é baseado
em saladas russas, como a convicção de que todos os Estados árabes se equivalem,
tanto seja a Arábia Saudita do rei Salman como a Síria do Presidente al-Assad.
Os únicos governos que eles respeitam são os de Washington e de Telavive.
Hoje em dia, Galioun, Sabra e Kilo são as
únicas cauções de esquerda da pretensa «revolução síria»; uma falsa esquerda,
não ao serviço da humanidade, mas, sim, da dominação do mundo pelos Estados
Unidos e Israel.
Tradução: Alva
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